Dia 25 de julho: Neab-í promove roda de conversa em celebração ao Dia Internacional da Mulher Negra
O Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (Neab-í) da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), Câmpus de Guarabira, realiza, no próximo sábado (25), a roda de conversa “Vozes negras de mulheres pelo bem viver”, enfatizando o ato #JusticaPorMiguel. A atividade será desenvolvida pelo Google Meet, a partir das 14h, e integra as celebrações do Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha, bem como do Dia Nacional de Tereza de Benguela.
A roda de conversa será coordenada pela professora Sheila Gomes de Melo, vice-coordenadora do Neab-í/Guarabira. Os interessados em participar devem efetuar inscrição, até o da 24 de julho, por meio do formulário eletrônico https://forms.gle/sxytHVGMPqfuNDd99. O link para a sala virtual por meio da qual será realizado o evento será enviado aos inscritos por e-mail, no dia da atividade. Haverá emissão de certificados. Outras informações podem ser obtidas através do e-mail comvidacg@gmail.com.
O dia 25 de julho é um marco da luta antipatriarcal e antirracista das mulheres. As mulheres negras correspondem a 27% da população brasileira, em um cenário que mais da metade dos brasileiros (54%) são negros e negras. Essa maioria quantitativa, no entanto, está excluída da maior parte do acesso a direitos civis e sociais, sem acesso a políticas públicas essenciais e, portanto, é a que mais sofre com a pobreza. Entre os mais pobres, três em cada quatro são pessoas negras.
Dentre os diversos marcos da luta das mulheres negras, está a origem do Dia da Mulher Negra, Latino Americana e Caribenha, atualmente oficializado no dia 25 de julho. No início dos anos 90, diversos grupos de mulheres criaram uma rede internacional para discutir o combate ao machismo e racismo. Em 1992, elas organizaram o primeiro Encontro de Mulheres Negras, Latinas e Caribenhas e dataram o dia 31 de julho como marco oficial das lutas, que vem sendo pautado desde aquela época.
Apesar dos movimentos sociais e da luta permanentes das mulheres negras para pautar o marco de resistência na sociedade, a data não tinha institucionalidade e não fazia parte do calendário oficial do governo brasileiro. Em 2014, a data foi institucionalizada como marco estratégico do movimento de mulheres negras, oficializando o dia 25 de julho, data que homenageia também Tereza de Benguela, líder quilombola brasileira.
Tereza de Benguela
Tereza de Benguela nasceu no século XVIII e viveu no que, atualmente, é o Estado de Mato Grosso, próximo a Cuiabá. Foi esposa de José Piolho, que chefiava o Quilombo do Piolho. Com a morte do esposo, ela se tornou a rainha do quilombo. Sob sua liderança, os negros e indígenas que viviam no local conseguiram resistir por mais de 20 anos, até meados de 1770, quando foi morta por uma emboscada.
Gênero e raça
A importância de uma data específica para o Dia das Mulheres Negras, diferente do Dia Internacional da Mulher, se dá por conta das diversas especificidades e transversalidades das condições das mulheres negras. Dentre elas, por exemplo, está a subrepresentatividade feminina que tem uma característica perversa quando se trata do recorte de gênero e raça. Em 2016, apenas 0,5% dos eleitos para prefeituras e câmaras de todo o País eram mulheres negras — sendo que elas correspondem a 27% da população brasileira.
As mulheres negras sofrem mais violência obstétrica, abuso sexual e homicídio – de acordo com o Mapa da Violência 2016, os homicídios de mulheres negras aumentaram 54% em dez anos no Brasil. Além disso, as negras continuam compondo a base da desigualdade de renda. Em 2018, elas recebiam, em média, menos da metade do salário de homens brancos (44,4%) que ocupam o topo da pirâmide salarial no Brasil. Em comparação com as mulheres brancas, a diferença salarial é de 70%.
Texto: Tatiana Brandão (Com consulta a publicação da Agência Todas)
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