Dia da Consciência Negra na UEPB é uma celebração à diversidade consolidada por projetos e política de cotas
Da promoção de eventos e projetos à implementação da política de cotas, o Dia da Consciência Negra, comemorado nesta segunda-feira (20), é uma celebração à diversidade presente nos diversos Câmpus, salas de aula e espaços de convivência da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB). Esta data também é um convite à reflexão sobre a herança histórica de discriminação, violência e segregação enfrentadas pelas pessoas negras no Brasil e que, somadas a questões interseccionais, como as situações socioeconômica e religiosa, favorecem um cenário de desigualdades.
A reitora da UEPB, professora Celia Regina Diniz, reforça que o Dia da Consciência Negra, que marca a memória de Zumbi dos Palmares, símbolo de resistência contra a escravidão e herói da luta pela liberdade, é uma data que transcende as relações históricas do Brasil, mas, trata-se de uma oportunidade para a reflexão sobre o racismo estrutural e para celebrar as conquistas ao longo dos anos.
“Essa data nos convoca a reafirmar nosso papel enquanto Universidade comprometida com uma sociedade mais equânime e que reflita em suas práticas a pluralidade do nosso povo. É essencial reconhecer a importância da diversidade étnica e cultural que compõe a nossa sociedade e compreender as lutas e desafios enfrentados pela população negra. Na UEPB a política de cotas, que reserva desde o período 2022.1 vagas nos cursos de graduação para pessoas negras, além de ações de assistência estudantil e projetos de pesquisa e extensão voltados a essa população, buscam estabelecer um ambiente acadêmico onde a representatividade, a inclusão e o respeito à diversidade sejam pilares fundamentais para uma sociedade mais justa”, avalia a reitora.
Engajada no movimento de mulheres negras da Paraíba há anos, a vice-reitora, professora Ivonildes Fonseca, reafirma a importância do dia 20 de novembro. “Por reconhecer o dia em que Zumbi dos Palmares, a liderança do maior espaço de construção de liberdade para o povo negro, Quilombo dos Palmares, situado na Serra da Barriga em Alagoas, inspirou a militância negra brasileira a torná-lo um instrumento para que a história do Brasil começasse a ser mostrada em outra versão que não a daquela que evocava a Princesa Isabel como a autora do ato que oficialmente encerrou o sistema escravagista”, recorda.
Conforme relembra a escritora Fernanda Pompeu, movidos principalmente pelo impacto à história oficial, um grupo do qual fazia parte o poeta gaúcho Oliveira Silveira “no 20 de novembro de 1971, no Clube Náutico Marcílio Dias – um dos tantos clubes frequentados por negros em Porto Alegre – foi realizada uma homenagem a Zumbi dos Palmares com intenção e inflexão de exaltação da negritude (palavra pouco usada na época). Compareceram umas vinte pessoas, mas todas da maior qualidade”, relata Pompeu. Desde então a data é símbolo do processo por conquistas que nos anos de 2023, representa a aquisição de respeito e dignidade objetiva de vida para as pessoas negras.
Seminário do NEABI: 20 anos da lei 10.639/2003
Dedicado a desenvolver estudos, ações extensionistas e eventos com foco na temática racial, o Núcleo de Estudos e Pesquisas Afro-brasileiros e Indígenas (NEABI), que atua no Câmpus I e Câmpus III, promove nesta segunda-feira (20), em Guarabira, o “7º Seminário Construindo Metodologias de Ensino com foco nas Leis 10.639/2003 e 11.645/2008”, que neste ano dialoga com a temática “Por uma Educação Antirracista – 20 anos da Lei 10.639/2003”.
O evento, que ocorre no auditório do Centro de Humanidades, contará com apresentações de pesquisas, práticas pedagógicas e extensionistas voltadas às temáticas afro-brasileira e indígena; mesas de diálogo e rodas de conversa com líderes quilombolas, pesquisadoras e pesquisadores; roda de capoeira; roda de coco; feira de artesanato, dentre outras apresentações culturais.
Em 9 de janeiro de 2003 foi sancionada a Lei nº 10.639, considerada um marco na educação brasileira por tornar obrigatório o ensino de história e cultura africana e afro-brasileira nas escolas, além de estabelecer o Dia da Consciência Negra como data prevista no calendário escolar. A Lei, que completa 20 anos em 2023, representa a culminância dos esforços do Movimento Negro na efetivação de uma política educacional que considerasse a participação dos povos negros na formação histórica e cultural no Brasil.
Para mais informações sobre o Seminário do NEABI.
Texto: Juliana Marques
Fotos: Codecom
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