Dia das professoras e professores: vidas dedicadas à educação que são inspiração para estudantes
Com a missão de produzir, socializar e aplicar o conhecimento, formando profissionais qualificados, críticos e socialmente comprometidos, nos diversos campos do saber, a Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) desenvolveu-se historicamente a partir da força de pessoas aguerridas, resilientes e comprometidas. Dentre estas pessoas, a classe docente destaca-se com trajetórias de vida que evidenciam o papel transformador da educação.
Com 15 anos de atuação na UEPB, o professor do Câmpus V, Vancarder Brito, relembra sua vida e as dificuldades que teve de enfrentar até encontrar na docência sua missão e motivação cotidiana. Ainda jovem o docente, que é oriundo de uma família humilde do Ceará, egresso da Escola Técnica do Ceará, teve que trabalhar para se manter, até que teve a oportunidade de cursar Sociologia numa universidade pública. Da graduação partiu para o mestrado, iniciou a lecionar e pôde compreender o seu lugar no mundo, a partir do momento em que passou a ser um professor. Embora demonstre amor pelo que faz, o que é evidenciado nas suas práticas docentes, enfatiza que lecionar hoje exige a superação de muitos desafios.
“Uma parte da vida da gente é construir o significado do mundo. A nossa profissão possui um sentido mais profundo, somos protagonistas de uma peça feita a centenas de mãos com o mesmo propósito: de transformar a realidade, o que remete a algo muito valioso. E hoje, diante de todos os problemas sociais, ambientais, morais e extremados que estamos vivenciando, vejo o papel do professor como alguém que está gerindo uma crise. Estamos na linha de frente da mudança do mundo, no contato com as novas gerações, acompanhando o desenrolar do tempo à nossa frente. E lidamos com vidas reais, são serem viventes, é a vida formada com todos os simbolismos, passando pela nossa atenção e esperando da gente algum encaminhamento diante desses desafios”, avalia Vancarder.
Da mesma forma que a vida do professor Vancarder, a trajetória de Benedita Ferreira Arnaud, que hoje é aposentada após 42 anos de trabalho, 39 destes dedicados ao serviço público, também foi cercada de desafios. Subestimada, desvalorizada e preterida pela sociedade, ela precisou aprender desde cedo, que a vida de uma mulher do sítio Maniçoba (no município de Catolé do Rocha), 6ª sobrevivente de 15 filhos “paridos” por sua mãe em situações precárias, e que não se conformou com as possibilidades que a ela eram impostas, só poderia ser transformada com base em um único caminho: o da educação.
Cursou o Pedagógico e antes mesmo de terminar o curso já lecionava “Educação Moral e Cívica e OSPB – Organização Social e Política do Brasil”, no ano de 1979, período do regime militar. Em 1980 ingressou na Escola Agrotécnica do Cajueiro, sendo uma das integrantes da reabertura da Escola. Em 1989, esteve presente na luta pela incorporação da Escola à UEPB. Cursou mestrado, assumiu cargos de gestão no Câmpus IV e se reinventou. Ao avaliar sua trajetória, a docente enaltece a atuação na UEPB como uma oportunidade de troca de experiências, crescimento pessoal e atuação profissional com base na mobilização efetiva não apenas de saberes, mas, de vivências fundamentadas no esperançar.
“Reafirmo aqui que todo este tempo de dedicação, 39 anos, de Escola e Campus IV, traduzo em igual reconhecimento e compromisso com uma Universidade de muita qualidade, cumpridora de sua função social, historicamente assumida no cenário local, estadual e brasileiro. Então, o que tenho a dizer neste ano estranho de muita tensão e tantas perplexidades, mas também de muita ESPERANÇA, é que vale a pena homenagear aqueles que continuam salvando as Escolas, as Universidades, de certa forma salvando vidas por meio da Educação”, avalia a professora Benedita.
O pensamento da professora Benedita está ligado ao que o professor Vancarder aponta como uma das principais motivações do seu fazer docente na atualidade. Mais do que contabilizar aprovações em concursos, posicionamentos no mercado de trabalho ou conquistas de vagas em seleções de pós-graduação, o que fortalece professoras e professores para superar as adversidades e seguir como agentes de transformação social é poder acompanhar a trajetória de superação de estudantes que cruzam seus caminhos.
“Nos alegra encontrar ou saber daqueles casos em que, indo contra todas as expectativas, aquele ou aquela estudante conseguiu chegar lá. Encontrar discentes que conseguiram a vitória de se tornar pessoas interessantes em relação a um mundo tão cheio de desafios. Ver essas pessoas conquistando seu espaço, se encontrando enquanto cidadãs e cidadãos, é isso que nos move”, reflete Vancarder.
Atualmente a UEPB conta com 1174 docentes, de oito câmpus, que estão envolvidos não apenas na missão de lecionar, realizar pesquisas e acompanhar projetos de extensão nas comunidades, mas, que são motivos de inspiração para outras pessoas, pois, enxergam em cada estudante um mundo de possibilidades. No dia 15 de outubro, dia das professoras e dos professores, mais que formar profissionais, é preciso que haja um entendimento de que, conforme defende Paulo Freire, professores e professoras, são artistas que possibilitam que estudantes se tornem eles mesmos, com base no que o educador define como a intercomunicação de duas consciências que se respeitam: o amor.
Texto: Juliana Marques