Dia do Professor: docentes da Universidade Estadual apresentam relatos da trajetória profissional
Já dizia o educador baiano Anísio Teixeira: “educar é crescer. E crescer é viver. Educação é, assim, vida, no sentido mais autêntico da palavra”. Assim sendo, é um ato permeado de coragem, desafios, esperança, amor e solidariedade, e aqueles que escolhem trilhar profissionalmente o caminho da educação, professores e professoras, apresentam-se como vértices de construção de vidas, para além da formação escolar, acadêmica ou profissional de seus educandos.
A partir das palavras de Paulo Freire, segundo o qual “ensinar e aprender não pode dar-se fora da procura, fora da boniteza e da alegria”, a reitora da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), professora Célia Regina Diniz, evidencia a importância dos docentes, sobretudo diante das adversidades impostas pelo período pandêmico.
“Neste dia 15 de outubro, nossa homenagem às professoras e aos professores da UEPB que, num período tão difícil, decorrente da pandemia da covid-19, atuaram com muita coragem, dedicação, resiliência e criatividade no processo ensino-aprendizagem e aceitaram o desafio de continuar oferecendo com maestria as atividades de ensino, pesquisa, extensão e cultura, cumprindo, assim, o nosso papel social como uma instituição pública e de qualidade. Quero agradecer ao empenho de todas e todos docentes na sua imprescindível missão de educar”, declara a reitora.
Na UEPB, os relatos profissionais de alguns docentes confundem-se com narrativas da própria história da Universidade. Em comum, tais profissionais carregam o compromisso com a missão da Instituição de produzir, socializar e aplicar o conhecimento, formando profissionais qualificados, críticos e socialmente comprometidos. É o caso do decano da Universidade, o professor do bacharelado em Jornalismo, Luiz Custódio da Silva, que relembra com carinho o início da carreira na Universidade Regional do Nordeste (Urne), em 1976.
Hoje, aos 73 anos, o educador evidencia como momentos mais marcantes da atuação docente as atividades de orientação, o desenvolvimento de projetos de extensão e o contato com discentes, alguns destes já formados e com carreiras consolidadas no cenário regional e nacional. Para ilustrar essa trajetória, a frase do filósofo Hegel, segundo o qual “nada importante se faz no mundo sem paixão”, seria adequada já que, segundo Luiz Custódio, sua atuação é marcada pelo amor à profissão e pela crença na força da educação para superação de obstáculos impostos pela sociedade.
“Todos os alunos que eu orientei na graduação, pós-graduação, todos esses momentos de compartilhamento de conhecimento foram muito gratificantes pra mim. Além disso, poder ser um dos pioneiros no desenvolvimento de uma cultura da extensão no curso de Jornalismo me alegra. Eu tenho um profundo respeito, uma paixão pela construção do conhecimento junto às novas gerações, isso me motiva. Além disso, eu sou um paraibano que nasceu na área rural, em um sítio em Riachão do Bacamarte, Sítio Torres, e essa minha origem me permitiu entender que, diante de todas as dificuldades, é preciso ter laços de esperança que nos animem, que nos deem constante coragem de lutar”, avalia o professor Custódio.
Seguidor da tradição pedagógica freireana, Luiz Custódio evidencia que a superação da realidade social da atualidade, marcada pela desesperança com o contexto político e econômico, requer a construção de processos educacionais que ouçam e considerem os educandos como sujeitos ativos e força motriz de uma sociedade democrática, justa e igualitária.
Também direcionada à crença na educação como um caminho para a superação de adversidades, a professora do curso de Enfermagem da UEPB, Josefa Josete Santos, tem um percurso profissional que se mistura à história da própria UEPB. A docente, que ingressou na instituição em 1978 integrou a primeira turma de Enfermagem como discente e, após a conclusão do curso, foi aprovada no concurso para assumir o cargo de docente na referida graduação passando a gerir duas paixões: a enfermagem e a missão de educar. A educadora acompanhou o processo de consolidação da UEPB como a Universidade Estadual da Paraíba e foi responsável por formar muitas gerações de profissionais que hoje salvam vidas atuando na área de saúde.
“Eu sempre trabalhei com muito amor, dedicação, hoje encontro com meus alunos em congressos o que me deixa muito feliz. Tenho na minha história de professora muitas alegrias, muitas recompensas do que é ser docente. É uma profissão que gratifica, você se sente muito entusiasmado para compartilhar aquilo que se pode transmitir, principalmente numa área como a enfermagem”, avalia a professora Josefa Josete.
A docente enfatiza a importância da atuação de educadores voltada não apenas aos conteúdos curriculares, mas, articulada às demandas sociais para formar cidadãos e cidadãs que tenham compromisso com a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. “Me sinto muito gratificada em vestir a camisa da UEPB porque é uma universidade comprometida com as causas sociais, com as questões de justiça, de gênero, de raça. E entendo que é primordial nossa atuação para contribuir com a formação de pessoas compromissadas com a saúde da população. Já estou perto de me aposentar e posso dizer que sou feliz e realizada com a profissão que escolhi”, conclui.
Para o professor do curso de Ciências Agrárias, do Câmpus IV, em Catolé do Rocha, José Geraldo dos Santos, os mais de 16 anos de atividades ininterruptas na área agroecológica e vários projetos de pesquisa em agricultura orgânica só foram possíveis graças à persistência e resiliência que marcam sua atuação. O docente ressalta que, além de lecionar, o trabalho dos professores também é voltado ao aperfeiçoamento cotidiano, com a realização de cursos, promoção de pesquisas e atividades de extensão, que podem transformar as realidades dos seus campos de atuação.
“Ao longo da minha trajetória, eu executei inúmeros projetos de extensão, enfatizando a produção de mudas de frutíferas e de essências florestais, distribuídas na microrregião de Catolé do Rocha, beneficiando inúmeros produtores rurais de base familiar em 10 municípios. Portanto, na medida do possível, cumpri meu compromisso como educador, exercendo atividades de ensino, pesquisa e extensão”, avalia o professor José Geraldo.
Atualmente a UEPB conta com 1.174 professores lotados nos oito câmpus da Instituição. Destes, 65% possuem doutorado e grande parte atua não apenas nas ações de ensino, mas, realiza atividades de pesquisa e de extensão com excelência e que proporcionam retorno à sociedade paraibana.
Sobre o dia do professor
Em 15 de outubro de 1827, Dom Pedro I, imperador do Brasil, sancionou a lei que criou o Ensino Elementar no Brasil. Posteriormente, em 1948, a jornalista, professora e deputada estadual de Santa Catarina, Antonieta de Barros, a primeira negra brasileira a assumir um mandato popular, instituiu 15 de outubro como dia do professor no Estado de Santa Catarina.
A data se torna reconhecida nacionalmente como feriado escolar pelo Decreto Federal 52.682, de 14 de outubro de 1963. O Decreto definia a essência e razão do feriado: “Para comemorar condignamente o Dia do Professor, os estabelecimentos de ensino farão promover solenidades, em que se enalteça a função do mestre na sociedade moderna, fazendo participar os alunos e as famílias”.
Texto: Juliana Marques
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