Dia Nacional da Caatinga: Ambientalista destaca importância do bioma e ações ambientais da UEPB

28 de abril de 2020

O Brasil é um país rico em biodiversidade. Essa riqueza em diversidade de espécies vegetais e animais se apresenta nos diferentes biomas do território nacional, os quais estendem suas fronteiras para outros países, com exceção da Caatinga, que se encontra exclusivamente no território brasileiro.

A Caatinga ocupa uma área de 844.453 Km², cerca de 11% do território nacional, e está presente em oito estados do Nordeste, incluindo a Paraíba e a faixa norte de Minas Gerais. Em termos quantitativos, ocupa 70% da região Nordeste. O clima predominante nesse bioma nordestino é o semiárido, o que traz consigo uma característica importante e que impõe uma série de adaptações devido ao baixo índice pluviométrico.

As características edafoclimáticas e a exclusividade desse bioma no Brasil o faz único e especial, pois algumas espécies da sua fauna e flora não podem ser encontradas em nenhum outro lugar do globo terrestre. Existem cerca de 5.311 espécies de plantas (destas, no mínimo 1.547 são endêmicas) e mais de 800 espécies de animais. Essas plantas e animais apresentam características e adaptações muito variadas e impostas pelo clima semiárido.

Algumas espécies da Caatinga vêm sendo estudadas devido ao seu potencial medicinal, principalmente devido ao uso pela população local. Desta forma, essas plantas se constituem numa riqueza com capacidade de fornecer recursos terapêuticos de baixo custo e fácil acesso para a população.

Além do contexto ecológico e medicinal, a Caatinga traz consigo uma forte identificação cultural para a população nordestina. A própria denominação do bioma é uma herança dos povos indígenas que habitavam a região. Caatinga (caa: mata e tinga: branca) significa “mata ou floresta branca” no tupi. Já a ocorrência dos períodos chuvosos muda toda a paisagem, passando de uma vegetação acinzentada para um verde pujante, demonstrando resistência e capacidade de transformação muito peculiares. Esse aspecto fez a população local se moldar e explorar alguns recursos, como a criação de animais, o extrativismo e a agricultura familiar como forma de sobrevivência.

Apesar de toda sua importância ecológica, econômica e social, esse bioma é ameaçado em muitas frentes. Um dos principais desafios é a desertificação, a qual é fortalecida por práticas como as queimadas e o desmatamento. Esses aspectos têm levado a consequências ambientais, como a extinção de espécies da fauna e flora da região e a diminuição da fertilidade do solo, com consequências negativas para as populações locais.

Diante disso, várias iniciativas visaram destacar a Caatinga no âmbito nacional.  O Decreto Federal de 20 de agosto de 2003 instituiu o dia 28 de abril como o “Dia Nacional da Caatinga”. A data homenageia o professor João Vasconcelos Sobrinho (1908-1989), pioneiro na área de estudos ambientais no Brasil. Essa data adquire uma importância especial, principalmente por servir como base para a conscientização sobre as riquezas naturais e lembrar as pessoas sobre a importância da conservação e do uso sustentável de uma riqueza natural tão importante para o País.

Nessa data especial, convém destacar e mencionar que algumas iniciativas vêm sendo adotadas e são importantes no contexto da valorização desse bioma. Uma delas foi a criação, pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), no ano de 2019, do primeiro Jardim Botânico do mundo com foco em espécies vegetais do bioma Caatinga, através da Resolução UEPB/Consuni/0279/2019.

O Jardim Botânico da UEPB, denominado Professor Ivan Coelho Dantas, se constitui num espaço único de valorização do bioma Caatinga e, através de seus setores, desenvolverá importantes ações no ensino, na pesquisa, na extensão e no desenvolvimento institucional, destinadas à preservação, conservação, restauração e educação ambiental, relativas aos remanescentes da flora do bioma Caatinga e demais biomas brasileiros.

Entre as ações desenvolvidas está a Farmácia Viva, que promoverá o acesso seguro e o uso racional de plantas medicinais. Além disso, há outras ações, tais como produção de mudas de espécies nativas e outras espécies botânicas adequadas à restauração ou reabilitação ambiental no âmbito de um viveiro de mudas próprio.

Por fim, espera-se que outras ações sejam desenvolvidas através de políticas públicas para preservar e conservar esse bioma tão importante não só para a população nordestina, mas para todo Brasil.

Texto: Prof. Me. Helimarcos Nunes Pereira