Docente refugiado atendido por Programa da Capes inicia atividades no mestrado de Relações Internacionais da UEPB
Com o objetivo de oportunizar a internacionalização dos Programas de Pós-graduação da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) e atuar no âmbito do Programa Emergencial de Solidariedade Acadêmica da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), a UEPB recebeu, recentemente, um pesquisador refugiado que atuará como professor visitante no Programa de Pós-graduação em Relações Internacionais (PPGRI) da Instituição.
O professor Juma Rasuli, do Afeganistão, que é doutor em Economia Política Internacional, com expertise em Gênero e Meio Ambiente iniciou, recentemente as atividades no PPGRI. Além dele, o edital proporcionou a seleção da doutora em Literatura e Linguística, Klara Schenkel, que realizará o pós-doutorado na UEPB e auxiliará o professor Juma Rasuli no processo de integração e realização da pesquisa.
De acordo com a coordenadora adjunta do PPGRI, professora Andrea Pacheco Pacífico, essa iniciativa possibilita novos olhares para as pesquisas do PPGRI e enriquece o trabalho desempenhado pelo Núcleo de Estudo e Pesquisa sobre Deslocados Ambientais (NEPDA). Na quarta-feira (30) o docente esteve em reunião com a equipe do NEPDA para um planejamento das atividades a serem realizadas.
“Em 2022 a Capes abriu o edital de solidariedade acadêmica para selecionar refugiados ou migrantes com visto de acolhida humanitária, detentores do título de doutorado, para lecionar como professor visitante em universidades brasileiras. Fizemos a proposta e fomos agraciados com a seleção do professor Juma Rasuli, que nos auxiliará nas discussões no grupo de pesquisa sobre Religião e RI, pois ele é muçulmano, de cultura e idioma persa. Ele também será fundamental na área de economia política internacional e contribuirá nos diálogos com o NEPDA, pois ele saiu da Índia com solicitação da condição de refugiado, tendo se registrado no Brasil como migrante com visto de acolhida humanitária. Em 2021, o Talibã tomou o poder no Afeganistão, aplicando a lei religiosa de forma radical, proibindo mulheres e meninas de trabalhar, estudar e andar sozinha na rua sem a presença de homem e sem a burca, uma mudança de cultura e realidade que foi um divisor de águas para o professor Juma Rasuli e sua família, que fez com que ele trouxesse mulher e duas filhas para o Brasil”, explica a professora Andrea.
A vinda dos docentes refugiados à UEPB foi fruto da aprovação do projeto enviado pela Instituição, no final de 2022 no Edital 30/2022/CAPES, após concorrer com instituições de todo o país. Em março de 2023 o Conselho Universitário (Consuni) da UEPB aprovou, por unanimidade, a criação de resolução para atender o edital de solidariedade acadêmica da Capes, e recentemente, os pesquisadores selecionados iniciaram o trabalho de dois anos nos programas de pós-graduação da Instituição.
Esta iniciativa se coaduna a outras ações implementadas na UEPB com vista à acolhida de imigrantes na Instituição. A Resolução Consuni/UEPB/0303/2019, por exemplo, garante o ingresso facilitado de imigrantes com visto humanitário, refugiados e apátridas para preencher vagas remanescentes dos cursos de graduação. Além disso, são desenvolvidos alguns projetos, sobretudo no âmbito do curso de Relações Internacionais, com foco neste público, como é o caso do programa de ensino do português como língua de acolhimento, auxilio na tradução de documentos, revalidação de diplomas, dentre outras ações.
Texto: Juliana Marques
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