Doutores do Sorriso: projeto de Odontologia usa do conhecimento lúdico para ensinar sobre saúde bucal
Levar o conhecimento sobre a importância dos cuidados com a saúde bucal de uma forma divertida e humanizada é um dos objetivos do projeto “Doutores do Sorriso”, inciativa de extensão do curso de Odontologia da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), desenvolvido nos câmpus I e VIII, nas cidades de Campina Grande e Araruna, respectivamente.
O projeto surgiu em 2003, com base em uma iniciativa anterior que desenvolvia de forma independente, sem vínculo com outras instituições, princípios da humanização nos hospitais da Paraíba. A partir dele viu-se a necessidade de levar essa prática também para a Odontologia, e então nasceu o “Doutores do Sorriso”, visando contribuir para melhorar a qualidade de vida das pessoas alcançadas pelo programa através das ações e atividades de promoção, prevenção e educação em saúde bucal.
Próximo de completar 20 anos de atuação, o projeto conta atualmente com quase 30 alunos voluntários nos câmpus de Campina Grande e Araruna, sob a coordenação dos professores Pierre Andrade Pereira de Oliveira, e Francineide Guimarães Carneiro. Segundo Pierre, o polo do projeto em Campina Grande atende, anualmente, cerca de 800 pessoas nos diversos espaços sociais em que atua. Já o polo Araruna atende em torno de 400 pessoas por ano.
“O foco principal do trabalho é direcionado às crianças, mas, também atendemos adolescentes, adultos e idosos. Dependendo do local de atuação, adaptamos o projeto para a população que vai nos assistir e levamos o conhecimento adequado à realidade de pessoas que precisam da nossa ajuda”, explica o professor.
As atuações dos “Doutores do Sorriso” acontecem em diversos espaços sociais como escolas, creches, feiras livres, parcerias com outros projetos de extensões como o Laboratório Itinerante (LABIT), associado ao Departamento de Enfermagem, que leva várias atividades de cuidado à saúde às pessoas e também eventos da Universidade, como o Encontro On-line de Extensão em Diagnóstico Oral que abordou temas sobre o rastreamento de câncer bucal.
De acordo com os órgãos de saúde, a recomendação é de ir ao dentista pelo menos duas vezes por ano, porém essa periodicidade, que deveria fazer parte da rotina de todos, não é a realidade de muitos brasileiros e alguns fatores influenciam para isso, tais como os altos custos do tratamento, o acesso ao atendimento em si, o medo do consultório odontológico, dentre outras questões. O estudante do 9° período e extensionista do projeto na cidade de Araruna, Matheus Amorim, disse que a oportunidade de levar conhecimento às pessoas de uma forma lúdica agregou significativamente a sua formação pessoal e profissional, além de desmistificar a imagem negativa dos profissionais odontológicos.
“O uso da ludicidade nos atendimentos é essencial para desmistificar o papel do dentista que antes era tido como carrasco, como alguém que causa dor, que gera punição. Nós, como participantes do projeto, temos como objetivo principal mudar essa imagem negativa e mostrar que nosso intuito é ajudar na prevenção da saúde. Essa ludicidade muda a percepção das pessoas, principalmente das crianças, que antes tinham medo e hoje pedem aos pais para ir ao dentista”, explica Matheus.
A forma humanizada que o projeto realiza as ações muda totalmente a percepção das pessoas em relação ao dentista e contribui significativamente para a formação dos estudantes como futuro profissional. Ouvir os pacientes, ter um contato mais próximo e entender que eles lidam com pessoas é essencial, como relata a estudante de odontologia de Campina Grande, Raquel Abreu, apontando que “nos ‘Doutores’ nós aprendemos a ouvir as pessoas, aprendemos que elas também têm algo a nos ensinar, que também tem experiências e sabedoria. É uma via de mão dupla”, avalia.
Com o advento da pandemia e com as medidas de isolamento impostas, os “doutores do sorriso” tiveram que transferir a atuação do projeto, que antes era presencial, para as mídias sociais. Através do Instagram (@doutoresdosorrisocg e @doutoresdosorrisoararuna) o objetivo de compartilhar conhecimento com as pessoas, de atuar na promoção e prevenção de saúde foi mantido, além de alcançar outros públicos.
A UEPB oferece graduação em Odontologia nos câmpus de Campina Grande e de Araruna e nas duas cidades é disponibilizado o atendimento gratuito ao público através da clínica escola. No Cãmpus I, as atividades presenciais foram retomadas e o atendimento na Clínica de Odontologia, localizada no bairro de Bodocongó é realizado de segunda a sexta-feira, nos turnos manhã e tarde. No Câmpus VIII, no centro de Araruna, as atividades presenciais voltaram no início de março deste ano, também com atendimento de segunda a sexta-feira, manhã e tarde e em horários alternados.
Texto: Ana Claudia Santos (Estagiária)