Editora da UEPB lança coletânea “Celso Furtado e o Mito do Desenvolvimento 50 Anos depois”
A Editora da Universidade Estadual da Paraíba (EDUEPB) acaba de lançar “Celso Furtado e o Mito do Desenvolvimento 50 anos depois”, organizado e editado pelos professores Cidoval Morais de Sousa, da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), Fernando Macedo (UNICAMP), Ivo Marcos Theis (FURB) e José Luciano Albino Barbosa (UEPB). Trata-se de uma coletânea com mais de 20 capítulos, escritos por uma rede de autores9as), pesquisadores(as) de instituições brasileiras e da América Latina, com o propósito de celebrar o cinquentenário e discutir as contribuições, relevância e atualidade do ensaio seminal de Furtado – O Mito do Desenvolvimento Econômico -, publicado em 1974.
A obra de Celso Furtado, cuja primeira versão foi antecipada no Brasil em dezembro de 1972, pelo Semanário Opinião (circulou entre 1972 e 1977), é uma crítica contundente à premissa de que o modelo de desenvolvimento econômico adotado pelos países ricos poderia ser universalmente replicado e sustentável. Influenciado pelo relatório “Limites do Crescimento”, do Clube de Roma (1972), o economista paraibano alertava que a busca por padrões de consumo ocidentais em escala global resultaria em uma catástrofe ambiental e em um brutal processo de desenvolvimento não passava de um “mito”, um discurso falacioso que servia para justificar sacrifícios e a degradação ambiental e cultural em prol de um progresso inatingível para a maioria.
Meio século depois, a análise de Furtado, como destacam os(as) autores(as) da obra lançada pela EDUEPB, se mostra “premonitória”. As questões ambientais, como as mudanças climáticas, a exaustão de recursos e a poluição, que eram alertas nos anos 1970, hoje se manifestam com dramaticidade e urgência ainda maiores. Assim, a essência da coletânea reside na atualização da crítica de Furtado ao “mito do desenvolvimento econômico”: a ilusão de que o modelo de crescimento dos países ricos pode ser universalizado sem levar a uma catástrofe ambiental e à exclusão massiva.
Com um prefácio da jornalista e tradutora Rosa Freire d’Aguiar, viúva de Furtado, e apresentação de Carlos Pinkusfeld Bastos, diretor presidente do Centro Internacional Celso Furtado, o livro ressalta como as advertências de Celso Furtado sobre a insustentabilidade do consumo ilimitado e a concentração de poder tecnológico se tornaram ainda mais dramáticas e premonitórias. O livro, cuja estrutura se divide em quatro partes (Desvelando o Mito, Novas Leituras e Conexões, Limites do desenvolvimento e Memória), reforça a visão furtadiana de que o desenvolvimento deve transcender a esfera econômica, sendo um processo histórico e cultural que atenda às necessidades da coletividade, valorize a diversidade, promova a justiça social e garanta a sustentabilidade ambiental. Além disso, reforça a importância do papel do Estado e do planejamento para orientar o desenvolvimento, em contraposição à lógica do mercado e à imposição de modelos externos, é um ponto recorrente e fundamental.
A leitura de “Celso Furtado e o Mito do Desenvolvimento 50 anos depois” provoca uma “perturbadora sensação de atualidade”, sendo um convite à reflexão sobre a necessidade de mudar o curso da civilização. Não é apenas um estudo acadêmico; é um chamado à ação. A leitura dessa obra desafia o leitor a confrontar as verdades estabelecidas, a questionar o progresso a qualquer custo e a buscar um futuro onde o bem-estar social, a justiça, a democracia e a sustentabilidade ecológica não sejam meros ideais, mas realidades construídas coletivamente. Uma leitura indispensável para quem ousa sonhar com um mundo diferente.
Acesse a versão digital do livro clicando neste LINK.
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