Egressa de Jornalismo vence prêmio Expocom Nordeste com documentário sobre barbárie de Queimadas
Na última semana, além dos festejos de São João, Campina Grande também foi sede do 23º Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste (Intercom Nordeste), com participação de estudantes e docentes do curso de Jornalismo da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB). O congresso apresenta a Exposição de Pesquisa Experimental em Comunicação (Expocom), que é também um prêmio destinado aos melhores trabalhos experimentais produzidos por estudantes no campo da Comunicação. E pela segunda vez, Carol Diógenes ganhou o prêmio Expocom, agora, de melhor documentário na categoria Jornalismo.
Com o documentário “A década em que nada mudou: um documentário sobre a barbárie de Queimadas”, a estudante Ana Carolina Diógenes Magalhães venceu na categoria Jornalismo/ Documentário jornalístico e grande reportagem em vídeo e televisão. A produção teve orientação da professora Michele Wadja e foi o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) da então discente. Em 2020, ela também venceu, junto com o estudante Gabriel Heitor Alves, o Expocom Nordeste e o Expocom Nacional com a reportagem em telejornalismo intitulada “Aquela que serve”.
A proposta do documentário é ver o lado dos profissionais que trabalharam na apuração do crime e como o lado humano dos personagens se relacionou com a função que exerciam. A investigação buscou também entender como a interação entre as instituições – imprensa, polícia e poder judiciário – aconteceu e compreender como o estreitamento das relações entre elas garantiu a agilidade na apuração e penalização dos suspeitos.
O crime, acontecido em 2012, na cidade de Queimadas, foi um grande abalo na história da cidade, da Paraíba e do país no que diz respeito à violência contra a mulher. O documentário tem a intenção de homenagear a memória das vítimas e levantar o debate sobre as atualizações ao longo do tempo, contando também com auxílio de reportagens feitas durante a década, que auxiliaram a dar ênfase à divulgação do delito.
Estudante na época das gravações e hoje formada em Jornalismo pela UEPB, Carol explica que a ideia para o documentário surgiu ainda em 2021, já visando um lado que não tinha sido abordado ainda: o ponto de vista dos profissionais que trabalharam na tragédia, seja na cobertura jornalística, seja na investigação policial. No aniversário de uma década do ocorrido, programas jornalísticos lembraram a tragédia, porém, desde o início a autora tinha a abordagem profissional em mente.
“Lembro que colegas que trabalharam nesta cobertura, à época ou com o desenrolar dos fatos, foram muito afetados. Anos depois, em 2020, o autor do plano escapou da prisão e lembro que um colega ficou arrasado com o caso. Senti que era uma abordagem inédita. Policiais e jornalistas são consultados como fonte de informação, mas raramente são procurados para relatar como se sentem diante dos casos em que trabalham. É um assunto bastante delicado, mas de modo geral, fui muito bem recebida pelos profissionais”, conta Carol Diógenes.
Já o primeiro documentário premiado pela jornalista, “Aquela que serve”, abordou o trabalho da doula no parto de mulheres. Ao comentar sobre os trabalhos, que em comum trazem mulheres como protagonistas e o meio audiovisual, Carol afirma que tem paixão pelo jornalismo humanizado e, enquanto profissional, pretende continuar trabalhando nesta linha e também no audiovisual. Em agosto e setembro, ela participará do Expocom Nacional, que acontece em Belo Horizonte.
A jornalista lançou oficialmente o documentário “A década em que nada mudou” em maio deste ano e participou de debates no Cine São José e a convite da OAB Subseção Campina Grande. A produção está participando de editais que exigem seu ineditismo em plataformas. Porém, futuramente, é desejo da autora que ele esteja disponível ao público mais facilmente. Até lá, é possível conferir o trailer neste endereço.
Texto: Juliana Rosas
Fotos: Divulgação/Arquivo pessoal
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