Encontro na Universidade alerta para crescimento da violência contra mulher e defende ações para mudar as estatísticas
Basta de feminicídio e transfeminicídio. Um grito e um clamor diante de dados estarrecedores. Alarmantes e de deixar qualquer pessoa indignada. No ano passado, mais de 40 mulheres foram assassinadas na Paraíba e pouco mais de 53 em 2022. Somente este ano, entre janeiro e março, cinco mulheres foram vítimas de feminicídio no estado. Mulheres mortas por marido, namorado, ex-marido e ex-namorado.
Diante dos números preocupantes, a Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) tem defendido políticas públicas que combatam a violência contra a mulher e ajudado a aumentar o grito por liberdade que ecoa por todas as mulheres que lutam por seus direitos e travam a luta contra a violência.
Como forma de aprofundar essa discussão na temática, o Centro de Educação (Ceduc), promoveu neste 8 de Março, Dia Internacional da Mulher, uma roda de conversa, com foco nas lutas, desafios e conquistas das mulheres. O evento, intitulado “Basta de feminicídio e transfeminicídio” realizado em parceria com o Diretório Central dos Estudantes (DCE) e Observatório do Feminicídio da Paraíba Bríggida Lourenço, aconteceu durante a manhã, no hall da Central Acadêmica Paulo Freire, em Campina Grande.
Antes da roda de conversa, o cantor Caio Cezar, do Centro Artístico Cultural (CAC), fez uma apresentação cantando canções da MPB e muito forró. Uma das idealizadoras do evento, a professora Margareth Maria de Melo, diretora adjunta do Ceduc, destacou a importância da data, das lutas, conquistas e avanços das mulheres na luta por igualdade e direitos.
“Esse é um dia em que a gente não pode deixar de marcar. Primeiro porque é um dia de luta. As mulheres ainda sofrem muito com a violência, principalmente, negação dos direitos e vítimas de muito feminicídio e transfeminicídio” alertou.
Ao se referir às conquistas, Margareth ressaltou que elas são frutos de lutas históricas. No entanto, observou que muitas dessas conquistas têm sofrido retrocessos principalmente nas instâncias do poder. “A mulher dá uma grande contribuição à sociedade, mas quando chega nas instâncias de poder, é minoria. Precisamos avançar nesse sentido”, disse. A professora Margareth também destacou a relevância do trabalho desenvolvido na UEPB pelo Observatório do Feminicídio da Paraíba Bríggida Lourenço. Ela enfatizou que o Observatório tem um grande papel na universidade de discutir questões relacionadas ao assédio, o abuso sexual e os casos de preconceitos.
Representante do DCE no evento, a estudante Priscila Gabriela Rocha Silva, do curso de História, ressaltou que o 8 de Março é um dia histórico e de luta, que mostra a força e a resistência das mulheres. “Não é fácil ser mulher e ocupar os espaços que não querem que a gente ocupe. Então hoje, estamos nas ruas, nas praças e nas universidades gritando pelos nossos direitos. Direito a uma vida digna, à saúde, a uma educação de qualidade e liberdade”, enfatizou.
Convidada para fazer uma explanação no evento sobre as lutas, direitos e leis que protegem as mulheres, a advogada Catarine Oliveira apresentou alguns números sobre as mulheres e elencou alguns pontos sobre o Direito. Ela começou a sua fala citando uma pesquisa recente que mostra que a cada dia morrem quatro mulheres vítimas de feminicídio no país. “É um dado muito alto, levando em consideração que o feminicídio, na maioria dos casos, é derivado de ex-companheiros ou companheiros daquela mulher”, lamentou.
Conforme citou a Catarine, com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), as mulheres fazem parte de 51% da população do país, sendo maioria, portanto. A advogada, que atua há mais de 10 anos na área de direito de família e perspectiva de gênero, lembrou que o Brasil tem boas leis de proteção às mulheres, mas ainda falta conhecimento para fazê-las. Ela lembrou que 8 em cada 10 mulheres não têm conhecimento da Lei Maria da Penha, ou tem apenas o conhecimento básico.
Presidente do Observatório, a vice-reitora, professora Ivonildes Fonseca, ressaltou que o espaço desenvolve muitas ações principalmente de prevenção à violência contra as mulheres. “Neste ano de 2024, o Bríggida Lourenço contribui com o Ceduc e o DCE em promover esse evento que se chama “Basta de feminicídio e transfeminicídio. E também contribuiu na abertura pedagógica 2024.1 do Centro de Humanidades, em Guarabira, com falas e reflexões, acerca da campanha que nós temos na UEPB que se chama ‘As mulheres querem viver’”, observou a vice-reitora.
Professores, estudantes e técnicos administrativos participaram da atividade na parte da manhã e foram convidados para o segundo momento. A mesma atividade será realizada à noite, a partir das 18h30.
Texto e fotos: Severino Lopes
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