Especialistas destacam importância do cuidar e das tecnologias assistivas para um envelhecimento saudável
O envelhecimento é um processo sutil e uma construção contínua na vida do ser humano, que começa quando ele é gerado. A chegada ao mundo é cercada de cuidados e tem o ápice no ato materno de amamentar, quando a mãe transfere leite e amor ao filho, prevenindo-o de doenças futuras. Toda essa trajetória de vida, que começa na concepção, passa pela adolescência, juventude, idade adulta até a velhice, foi abordada pelo médico geriatra João Borges Virgolino da Silva, na conferência “Envelhecimento: cuidar, cuidar-se e ser cuidado”, na manhã desta terça-feira (20), na Universidade Estadual da Paraíba (UEPB).
A atividade fez parte da programação do segundo dia do 5º Seminário Interdisciplinar de Maturidade e Cidadania, realizado pela Universidade Aberta à Maturidade (UAMA). Em sua palestra, realizada no Auditório do Departamento de Psicologia, no Câmpus de Bodocongó, em Campina Grande, o especialista destacou que, em todas fases da vida, os cuidados especiais da família são imprescindíveis. Falando para uma plateia formada em sua maioria por pessoas idosas, João Borges enfatizou que a velhice é um dom de Deus e um processo de oportunidade que surge a cada dia para tornar o ser humano melhor.
Nessa fase, segundo ele, a pessoa acumula experiência e precisa colher os frutos do que plantou ao longo da vida, como carinho, respeito, amor e reconhecimento, ao invés do desprezo, abandono e esquecimento, como acontece em algumas situações. “Esse processo começa com a gente cuidando de si e cuidando dos outros”, lembrou. O cuidar, segundo ele, envolve vários aspectos, como físico e afetivo, quando o ser humano busca uma saúde equilibrada que favoreça as condições para um envelhecimento saudável e chegue melhor nessa fase da vida.
Ele também destacou a importância da UAMA, que tem mostrado que é possível envelhecer bem, saudável e feliz. João Borges ressaltou que o programa oferece uma oportunidade para as pessoas reciclarem seus conhecimentos e buscar novos aprendizados para ter uma vida equilibrada, aceitando as alterações do corpo que, inevitavelmente, surgem com o passar do tempo.
Tecnologias assistivas
A programação deste segundo dia de atividades do seminário contou, ainda, com a conferência ministrada pela fisioterapeuta Laura de Sousa Gomes Veloso com o tema “Abordagem na saúde da pessoa idosa em perspectiva multidisciplinar”. Em sua exposição, Laura abordou o uso das tecnologias assistivas para a prevenção de quedas em pessoas idosas. Ela lembrou que as quedas se tornaram, nos últimos 20 anos, um processo epidêmico de grande impacto sobre o processo de envelhecimento e na qualidade de vida do idoso. “As tecnologias assistivas são dispositivos que têm como principal objetivo favorecer o desenvolvimento da autonomia, mas também podem ser utilizadas para prevenir acidentes como quedas e garantir que o idoso se preserve autônomo ao longo de todo o seu ciclo de envelhecimento”, frisou.
O 5º Seminário Interdisciplinar de Maturidade e Cidadania faz parte das comemorações dos 10 anos de implantação da UAMA e conta com a participação de mais de 100 pessoas, entre professores e idosos. O evento dispões de palestras, exposição fotográfica e mesa redonda. A programação segue nesta quarta-feira (21) com a palestra “Educação inclusiva: desafios de uma população que envelhece”, a ser ministrada pelo professor Eduardo Gomes Onofre, da UEPB. Em seguida, acontece a mesa temática “A efetividade das políticas públicas da saúde dirigida aos idosos”. O tema será debatido pela promotora Adriana Amorim Lacerda, pelo deputado estadual Inácio Falcão e pela Secretária Estadual do Desenvolvimento Humano, Gilvaneide Nunes da Silva.
Considerada uma iniciativa pioneira no Brasil com essas características metodológicas, o projeto da UAMA foi elaborado tomando como referência uma ação com aspectos semelhantes, desenvolvida na Universidade de Granada, na Espanha, com o propósito de oferecer a aquisição do conhecimento em diferentes áreas, a socialização e troca de conhecimento intergeracionais, constituindo-se em uma proposta que possibilita a inclusão social do idoso.
Desde 2009, já são 10 turmas concluintes da UAMA que, juntas, somam mais de 700 estudantes nos câmpus de Campina Grande, Lagoa Seca e Guarabira, buscando qualidade de vida através de atividades educacionais, sociais, culturais e de convívio. Atualmente, estão em funcionamento três turmas em Campina Grande, uma em Lagoa Seca e outra em Guarabira, além do Grupo de Convivência, que reúne ex-alunos do programa, também em Campina Grande.
Texto: Severino Lopes
Fotos: Karen Silva (Estagiária)
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