Estudo sobre curativos biodegradáveis e tratamento de feridas oncológicas é selecionado para evento no Canadá
Com o objetivo de apresentar ao mundo as experiências entre Educação em Saúde, Engenharia e a atuação conjunta nas áreas de pesquisa e extensão, buscando estratégias para a melhoria da qualidade de vida da coletividade e reunindo os saberes de pesquisadores da região Nordeste, a docente do Departamento de Fisioterapia da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) Alecsandra Ferreira Tomaz, participa, de 10 a 13 de julho, em Toronto, Canadá, da Conferência Anual das Américas, realizada pela Sociedade Internacional de Engenharia de Tecidos e Medicina Regenerativa.
Na ocasião, a docente apresenta os trabalhos intitulados “Educação em Saúde no processo de autocuidado da cicatrização de feridas crônicas do pé diabético” e “Devolvendo a membrana de quitosana e 1,4-naftoquinona como um potencial biomaterial para o tratamento do câncer de pele”. O primeiro trabalho faz parte de um projeto maior, em andamento até dezembro de 2023, desenvolvido junto à equipe do Laboratório de Avaliação e Desenvolvimento de Biomateriais do Nordeste (CERTBIO) com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), no âmbito do projeto Engenharia de tecidos no reparo epitelial: Scaffold Biodegradável para regeneração tecidual.
Esta pesquisa tem como objetivo desenvolver curativos biodegradáveis para reparo epitelial a partir da Engenharia de Tecidos, utilizando, inclusive, além da quitosana, material abundante na região litorânea da Paraíba proveniente da casca do camarão, o pinhão-bravo, uma planta medicinal com característica hemostática. Já o outro estudo a ser apresentado no evento internacional é fruto da tese de doutorado em Engenharia de Processos, realizado pela professora Alecsandra, e também desenvolvido no CERTBIO, cujo objetivo foi desenvolver membranas de quitosana para liberação controlada do 1,4-naftoquinona como proposta de curativo para feridas oncológicas.
“A ideia surgiu do elevado número de casos de câncer de pele no Brasil e, considerando que no CERTBIO já tínhamos o 1,4-naftoquinona, substância que apresenta efeitos antitumorais em diversas culturas contendo células tumorais, e também porque tínhamos a intenção de trabalhar com membranas para curativos de feridas. Diante disso, reunimos ambas as possibilidades e desenvolvemos o produto que foi testado in vitro com sucesso. Estamos nos planejando para dar continuidade em um pós-doutorado para que essas membranas possam passar por outros ensaios”, explica a professora Alecsandra.
Extensão: projeto fisioterapia na comunidade
Além das ações de pesquisa, a professora Alecsandra desenvolve o projeto Fisioterapia na Comunidade, iniciado em meados de 2010, diante da necessidade de desenvolver mais atividades fisioterapêuticas na atenção primária à saúde. “O antigo componente Fisioterapia Preventiva era insuficiente para promover experiências mais abrangentes nessa grande área junto aos estudantes e a própria comunidade”, lembra a docente.
A iniciativa conta, atualmente, com a participação da docente, de seis extensionistas que são estudantes de Fisioterapia, e tem a parceria do Conselho Tutelar e dos membros dos Centros de Referência da Assistência Social (CRAS), além dos agentes comunitários de saúde e enfermeira da Unidade Básica de Saúde da Família Hindemburgo Nunes Figueiredo, na Ramadinha II, em Campina Grande. Outros discentes do referido curso, a partir do 1º período, podem atuar no projeto como voluntários. A equipe presta serviço junto a adultos, idosos, gestantes e usuários da plataforma Instagram (@fisionacomunidadeuepb).
“Anteriormente à pandemia, tínhamos grupos de idosas (em Salão Paroquial na comunidade), gestantes (UBSF), tabagistas (UBSF), atividades com as crianças e adolescentes em escolas municipais de ensino infantil e fundamental I, todas na região da Ramadinha II. Não havia atendimento individual, todos eram realizados em grupo e, para aqueles que necessitassem de alguma orientação particular, fazíamos os encaminhamentos necessários. Durante a pandemia, instituímos a nossa comunidade pelo Instagram (@fisionacomunidadeuepb) e passamos a trabalhar com os mais diversos tipos de postagens (vídeos, reels, enquetes, imagens), todos construídos através de fontes confiáveis da literatura ou sites oficiais de sociedades ou órgãos. Para que não houvesse distância em relação às idosas, nós instituímos um grupo comum, com todas que tinham algum tipo de smartphone ou aquelas cujos filhos tinham esse recurso”, explica a professora Alecsandra.
A docente lembra que, também foram formadas duas turmas de gestantes, que participaram de encontros via Google Meet. Essa ação foi possível graças ao engajamento dos Agentes Comunitários de Saúde. Para Alecsandra o principal desafio do projeto atualmente está relacionado ao resgate das atividades presenciais e envolvimento dos participantes, o que deve ser superado com criatividade, engajamento, responsabilidade e compromisso da equipe envolvida nas ações.
Texto: Juliana Marques
Fotos: Divulgação/Reprodução Sala Virtual
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