Exposição “Paraíba – Berço da Cantoria, do Cordel e de Culturas Populares” é aberta no MAPP

Exposição “Paraíba – Berço da Cantoria, do Cordel e de Culturas Populares” é aberta no MAPP
2 de julho de 2024

“Paraíba – Berço da Cantoria, do Cordel e de Culturas Populares” – nova exposição do Museu de Arte Popular da Paraíba (MAPP) da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) – foi aberta nesta sexta-feira (28), em Campina Grande. A curadoria é assinada pela professora Joseilda Diniz, o poeta apologista Alfrânio de Brito e a poeta, professora e vice-presidente da Academia de Cordel do Vale do Paraíba (ACVPB), Claudete Gomes.

O evento contou com a apresentação musical de Caio Czar, professor do Centro Artístico Cultural (CAC), e declamações dos poetas Neto Ferreira e Jota Lima, no Palco do Cordel, que integra a exposição. Entre os presentes figuravam o diretor do MAPP e pró-reitor adjunto de Cultura, professor José Pereira da Silva; o pró-reitor de Cultura, professor José Cristóvão de Andrade; o jornalista Xico Nóbrega, representando o Instituto Histórico de Campina Grande (IHCG); a poetisa Aparecida Pinto; e Glória Gonçalves, viúva do cantor e compositor João Gonçalves, um dos homenageados pelo trio de curadores.

“Após um longo período sem a presença de um dos pilares do Museu de Arte Popular da Paraíba, a Literatura de Cordel volta ao MAPP, trazendo toda a força dos Mestres e Mestras da ACVPB, em uma colaboração estreita no campo do empréstimo das obras e da participação dos artistas, no seio da curadoria. Compusemos quatro temas que dialogam entre si, a musicalidade, a fé, mulheres e homens, e seus ofícios e, para finalizar, temos a célebre narrativa do romanceiro popular nordestino, com o centenário Pavão Misterioso”, detalhou a professora Joseilda. Além disso, como pontuado por ela, a terça-feira será reservada para que um artista convidado possa contar a sua trajetória, declamar ou talhar na madeira o seu trabalho, junto ao público, o que vem enfatizar o propósito da curadoria, de que o projeto seja cada vez mais interativo no sentido de promover o diálogo e o intercâmbio.

Alfrânio de Brito explicou que o mote de “Paraíba – Berço da Cantoria, do Cordel e de Culturas Populares” foi “O Museu dos Três Pandeiros abre as portas para você”. “Nosso intento, enquanto curadores, residiu em acolher realmente a cadeia produtiva do Cordel e suas expressões, estimulando a presença desse gênero não apenas no MAPP, mas nos diferentes espaços da sociedade. Privilegiamos, igualmente, a escolha tanto de nomes já considerados clássicos, a exemplo de Leandro Gomes de Barros, como os contemporâneos, incluindo autores que seguem criando na atualidade”, explanou.

Para Claudete Gomes, a curadoria representa a valorização efetiva de tudo que contempla a arte do Cordel. “Nós da ACVPB ficamos bastante contentes quando este Museu da UEPB surgiu, com a premissa de enaltecer os poetas, de ter um local especialmente dedicado ao gênero. Significou muito para nós, tendo em vista, inclusive, que por décadas o Cordel foi visto como uma literatura menor, então compor esse empreendimento cultural que destaca a genialidade dos nossos talentos, o conhecimento dessas pessoas, a transmissão dessa riqueza de geração a geração, é mais do que simbólico, é uma honra”, disse. Claudete enfatizou, ainda, que a curadoria dispõe de um espaço dedicado à criatividade feminina, proporcionando aos visitantes um olhar mais apurado para essas obras, até mesmo porque uma boa parte delas foi ofuscada pela questão do machismo.

A curadoria também fez, em caráter colaborativo, uma animação apresentando o MAPP, a partir de versos de Alfrânio de Brito, com a participação especial do músico Luizinho Calixto e ilustração do artista pernambucano Jô Oliveira. Assina o trabalho, João Pedro Diniz (diretor artístico e motion design).

Diferentes artistas, com personalidades marcantes

Em “Paraíba – Berço da Cantoria, do Cordel e de Culturas Populares” o público vai conhecer, por exemplo, peças de Marcelo Soares (gravuras e matrizes), oriundas de períodos diferentes – “elaborações de décadas de aprendizado”, conforme endossou a professora Joseilda. Estão lá, igualmente, uma peça rara de Erivaldo F. Silva (denominada “Os Garimpeiros”), bem como uma ilustração do Pavão Misterioso de Jô Oliveira, que completa 50 anos de carreira e terá trabalhos inéditos mostrados ao longo da curadoria.

Destacam-se, ainda, obras de Abraão Batista, em torno da religiosidade e da Cantoria de Repente, além de uma matriz evocando a fé e o ofício da tipografia, de José Lourenço, de Juazeiro do Norte (CE), datando da época do auge do cordel no Brasil. “São artistas distintos, com uma personalidade muito marcante, que trazem toda a generosidade de seus trabalhos. Há quatro peças do poeta e xilogravador Antônio de Araújo Lucena, um dos maiores nessa seara. Sem contar as Obras Raras da Biblioteca Átila Almeida, exibindo a extraordinária trajetória do mestre, que fazem parte do acervo da Curadoria do Cordel”, revelou a professora.

O diretor do MAPP e o pró-reitor de Cultura apontaram a relevância da exposição para o Museu. “A mostra se alinha perfeitamente às iniciativas que integram nosso espaço museal na atualidade, completando e enriquecendo a experiência do visitante. Estudantes, pesquisadores e todos que amam o Cordel têm à sua disposição um material encantador. Fazemos o convite para que venham conferi-lo”, ressaltou Pereira. “A alegria que sentimos com esse retorno da curadoria é imenso. Por outro lado, o palco aqui montado, é uma iniciativa comprometida em aproximar o público, de quem cria a arte. Desse modo, além de honrarmos os protagonistas na atuação e produção do Cordel, mostramos às pessoas como é interessante estar perto desse universo e contemplar de que maneira são feitos os folhetos e outras peças”, assinalou Andrade.

Logo depois da abertura, o Grupo Chorata assumiu o comando da noite, com o Palco do Choro. O MAPP ficou pequeno para abrigar os dois públicos – o da exposição e a plateia cativa deste evento que mensalmente ocorre no Museu. Entre os convidados da ocasião, estavam o “Forro do Nó” e o “Coro em Canto”, da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG).

Texto: Oziella Inocêncio
Fotos: Divulgação