Exposições “Fora de Mim Outro Lugar” e “Profundo-Terra” são abertas no Museu de Arte Popular da Paraíba
O Museu de Arte Popular da Paraíba (MAPP) da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), em Campina Grande, abriu duas novas exposições: “Fora de Mim Outro Lugar”, de Zé Santana, e “Profundo-Terra”, de Rebeca Souza. As duas iniciativas foram contempladas pela Política Nacional Aldir Blanc (Edital Biliu de Campina/2024).
“Fora de Mim Outro Lugar” teve vernissage na noite da quinta-feira (23). Participaram da oportunidade, a intérprete de Libras Jéssica Santos e a DJ FlôCore. A mostra apresenta 25 obras, propondo uma junção entre a arte popular e a contemporânea, percorrendo temas como dança, memória e folguedos. A curadoria é de Alisson Nogueira. “Brincantes Boi” e “Jaraguá”, feitas em aquarela sobre papel algodão, “Passagem 3”, que congrega materiais como cerâmica, tecido, vidro, metal, aviamentos e cera, e “Zé Ninguém nº2”, composta de papelão, tecidos e aviamentos, perfazem a exposição.
Durante o evento, Zé Dantas externou sua satisfação em expor no MAPP. “É um lugar que eu já tinha como preferido, pois dialoga demais com o meu trabalho e as vivências que carrego e transmito através das obras. O resultado superou minhas expectativas, sobretudo pelo jeito como as peças ficaram dispostas no ambiente”, disse. Ele fez questão de reconhecer, ainda, as pessoas que contribuíram para o projeto dar certo. “Agradeço a cada um que colaborou, pois é um trabalho essencialmente de equipe. Meu obrigado ao curador Alisson Nogueira, gosto muito, aliás, do modo como ele vê as obras, que foge dos moldes convencionais, entendendo totalmente meu processo criativo. Agradeço a Sérgio Nascimento, que é uma referência direta para mim, admiro bastante o trabalho dele, é uma grande influência, sem dúvida. Agradeço a minha família, minhas irmãs, especialmente minha mãe, por compreender a bagunça enorme que faço na casa dela, enquanto trabalho, espalhando tecidos, recortes de todo tipo… Minha avó é alguém que não posso deixar de citar, inclusive a homenageio na obra ‘Principia’, em que faço uma alusão ao terreiro de Alagoas. Na minha infância, meu símbolo maior de poder, admiração e autoridade era ela e busquei expressar isso. No terreiro, nos reuníamos, brincávamos, é simbólico para mim e por isso quis trazer”, afirmou.
No final da tarde do dia seguinte, sexta-feira (24), a exposição “Profundo-Terra” foi aberta, contando com a participação dos DJs Gleydson Virgulino e Edu, tendo Jay Império como mestre de cerimônias. A realização da mostra, situada no teto do anexo do Museu, é da Polvo – Cinema, Arte e Educação, com apoio do Ypuarana Cultural e do MAPP.
As esculturas de “Profundo-Terra” foram feitas utilizando diversos materiais, a exemplo de metal, barro, madeira e vidro. A montagem é de Sergio Nascimento e Dilson Rocha, respondendo pela curadoria Fábio Tremonte. É a segunda vez que Rebeca mostra seu trabalho no MAPP. “Na primeira exposição, ‘Desenho da Terra’, que foi em 2023, trouxe experimentos com variadas linhas e formas, eram cadernos, papéis, vídeos… Já nessa segunda, eu quis vir para um local externo, com uma montagem de outra maneira, elementos que vêm de outros campos, como da construção civil. São 11 anos trabalhando com arte, que é a área da minha formação, e são dois anos mais voltados ao desenho, ao preto, ao pensamento e ocupação do ambiente. Observando esse caminho, vejo algo como uma ousadia crescente, de tornar tais estruturas mais concretas, inclusive maiores. O público tem interagido, visto a exposição, é uma imersão dela na cidade. É a primeira vez que exponho na rua, de fato, então é um desafio para mim, é uma sensação de estar vulnerável, como se você expandisse seu corpo e deixasse ele ali. Mas acredito muito no olhar das pessoas, principalmente daquelas que não costumam ter contato direto com a arte, eu gosto desse olhar, dessa vivacidade e espontaneidade e espero que as esculturas provoquem uma reflexão, o pensar de um modo diferente o cotidiano”, destacou.
O MAPP como espaço de referência
Ambos os eventos tiveram a participação do coordenador de Comunicação da UEPB, Hipólito Lucena, representando a reitora, a professora Celia Regina Diniz, e do diretor do MAPP, o professor José Pereira da Silva.
Conforme apontou o diretor, o Museu tem recebido exposições variadas e se mantido sempre receptivo aos artistas da cidade, atendendo a uma demanda crescente. “Boa parte dos projetos chegam prontos, com financiamento próprio, e o MAPP oferece a estrutura necessária para que eles aconteçam. Trabalhamos para que todas as solicitações sejam atendidas, da melhor forma possível. Agora, o público pode conferir duas novas mostras, de Zé Santana e Rebeca Souza, dois jovens artistas talentosos de Campina. É um motivo de grande alegria ver o Museu consolidado como um espaço de referência, conhecido por acolher bem e dispor de uma expressiva presença e interesse dos visitantes”, explicou.
O professor Pereira ressaltou, igualmente, a estreia da peça “O Censor Federal”, realizada pelo Núcleo de Formação, Pesquisa e Experimentação Teatral da UEPB, com recursos do Edital Biliu de Campina. O espetáculo, que tem texto de Lourdes Ramalho e direção do ator e professor da UEPB, Chico Oliveira, ocorreu na parte inferior do MAPP, no domingo (26).
Nesse sentido, Hipólito enfatizou a intensa atividade que já faz parte dos dias do MAPP. “Nosso Museu ecoa a criatividade dos artistas e abarca as suas linguagens, sendo um ponto de encontro das expressões populares e contemporâneas, ingredientes que se entrelaçam e falam sobre o quanto Campina é artisticamente produtiva. Em novembro, há aqui também o Comunicurtas, com mostras de videoarte de vários países, mantendo o compromisso de democratizar o acesso à arte e transmiti-la”, explanou.
Além de “Fora de Mim Outro Lugar” e “Profundo-Terra”, estão em cartaz no Museu as exposições “Campina Grande 160 anos – Arte, História, Devoção, Ciência e Tecnologia” e “A quarta parede”, do artista português Rodrigo Bettencourt da Câmara. A entrada é gratuita e os ingressos podem ser retirados de maneira antecipada AQUI. O MAPP funciona de terça-feira a sexta-feira, das 10h às 19h e aos sábados, domingos e feriados das 14h às 19h.
Texto: Oziella Inocêncio
Fotos: Paizinha Lemos e Carla Batista (Divulgação)
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