Feira Agroecológica da UEPB retoma atividades valorizando a relação entre ensino e alimento saudável

Uma verdadeira troca de saberes. Disseminação do conhecimento e incentivo à agricultura familiar com práticas sustentáveis e outras nuances. Essas são algumas das características das feiras agroecológicas. Na Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), há seis anos, a Feira Agroecológica, fruto de um projeto de extensão do Departamento de Biologia, vem desempenhando um papel crucial no desenvolvimento de práticas sustentáveis entre agricultores(as) e estudantes, atuando como espaços de interação, inovação, ensino e comercialização de produtos sem agrotóxicos.
Como acontece a cada início de semestre, a Feira Agroecológica da UEPB será retomada nesta quinta-feira (14), hall da Central Acadêmica Paulo Freire, no Câmpus de Campina Grande. Antes do reinicio das atividades, o coordenador do projeto, professor Simão Lindoso de Souza, destacou alguns aspectos da Feira, que transcende a simples compra e venda de produtos sem veneno, como acontece com a produção de alimentos de forma orgânica. Na agroecologia é diferente. Não visa apenas o lucro, mas relações sociais.
Uma das características da Feira, conforme destacou o professor, é a diversidade de produtos cultivados no campo. Ou seja, o plantio é feito em uma área pequena, mas com diversos tipos de frutas, verduras e legumes. O(A) agricultor(a) não produz apenas um tipo de produto, mas diversos tipos que alimentam a população. Esse tipo de plantação, com diversos produtos distribuídos na mesma área, dificulta proliferação de “pragas” agrícolas, diferente do monocultivo.
Além disso, a agroecologia consegue envolver toda a família, com a mulher ocupando o mesmo protagonismo do homem, estando ativa durante todo o processo, desde a plantação, cultivo e comercialização dos produtos. “Na agricultura agroecológica não tem um sistema empresarial. Ela é familiar. A mão de obra é majoritariamente familiar. Lógico que defendendo da época é possível fazer a contratação de pessoas. São coisas mais sociais”, observou.
Em relação ao lado social, que quebra a lógica do mercado, a Feira Agroecológica da UEPB, conforme destacou o professor Simão Lindoso, não tem atravessador, diferente da feira comum onde o comerciante não produz o que comercializa, e por isso, os produtos são mais caros. Aqui, (a)o agricultor(a) produz e vende direto ao consumidor por um preço justo. “Na feira agroecológica o comerciante é quem produz. Quando você chega e pergunta quem produz aquele fruto ou verdura, eles conseguem informar e trocar ideia”, explicou.
Além de serem espaços importantes para a agricultura familiar, permitindo que pequenos produtores rurais vendam seus produtos sem intermediários e agreguem valor aos seus produtos, as feiras agroecológicas movimentam a economia local, gerando empregos e renda para a comunidade, além de atrair visitantes e turistas. Ao facilitar o acesso a alimentos frescos e diversificados, as feiras contribuem para a segurança alimentar e nutricional das comunidades. Elas podem ainda abordar temas como práticas sustentáveis na agricultura, uso eficiente de recursos naturais e preservação do meio ambiente, contribuindo para um agronegócio mais sustentável.
Após o recesso do meio do ano, a feira retoma. O professor Simão convidou professores(as), técnicos(as) administrativos(as) e estudantes a prestigiarem o reinício das atividades que contará com outros estandes, visto que ela também oferece cultura, história, resistência e outros aspectos. Tradicionalmente, a feira acontece todas as quintas-feiras e conta com sete barracas de agricultores(as) da região que comercializam produtos como tomate, cenoura, coentro, cebola, macaxeira entre outros produtos do campo. Tudo verde, colhido no dia e sem agrotóxico.
Implantada com a finalidade de incentivar a agricultura familiar e a produção agrícola sem a utilização de insumos químicos, a Feira Agroecológica da UEPB vai além da comercialização e também é uma oportunidade para troca de saberes e conhecimentos dos(as) estudantes da Instituição, contribuindo na formação, pesquisa e extensão. O projeto presta assistência aos(as) agricultores(as) da região e funciona em parceria com a Associação EcoBorborema. A Feira iniciou seus trabalhos na Praça de Alimentação do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS), no Câmpus de Bodocongó, e desde 2019 foi transferida para a Central Acadêmica Paulo Freire, onde funciona no momento.
Texto: Severino Lopes
Fotos: Codecom
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