Germinando paz e arte: projeto realiza oficinas com estudantes da rede pública de ensino em João Pessoa
Moda, maquiagem, fantoches e circo. Os caminhos para a construção de uma cultura de paz podem e devem ser permeados pela arte, mas, também perpassam por questões ambientais, como o plantio de mudas, pelo bem-estar, com a melhoria dos espaços de convivência e pelo afeto, que une as pessoas. Todos esses elementos compuseram uma intervenção realizada por uma equipe do curso de Relações Internacionais da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), com o apoio da Organização Não Governamental Palhaços Sem Fronteiras Brasil (PSFB). Trata-se do Projeto “Germinando Paz e Arte”, realizado na Escola Municipal João Monteiro da Franca, no Jardim Veneza, em João Pessoa.
O projeto foi realizado durante três meses, com oficinas que atenderam estudantes do ensino infantil e fundamental. Também foi realizada uma intervenção na Praça Maria Bronzeado, que fica ao lado da Escola e foi revitalizada pela comunidade. Na sexta-feira (7) foi realizada a culminância do projeto, com a participação da banda marcial da Escola, apresentações das oficinas realizadas durante os três meses de Projeto, atividades de palhaçaria realizadas pelos palhaços Mancada, Bambam e Sussa, e uma apresentação do grupo Castelo de Histórias.
O coordenador do “Projeto Universidade em Ação (PUA): fortalecendo identidades, emancipando pela arte e construindo cultura e paz”, professor Paulo Kuhlmann, que articulou essa iniciativa, resume as ações realizadas e a expectativa da equipe com o encerramento das ações propostas. “Desejamos fazer a entrega simbólica da praça, que passou por um processo de revitalização com a própria comunidade escolar, com plantio de mudas de árvores, pintura de brinquedos e bancos, e pintura de amarelinha e jogo de damas no chão e nos bancos; ‘entregamos’ o grafite feito por Thiago (@camo.criativa) e pelas crianças, que pensaram e executaram juntas a pintura. Foi tudo muito lindo, as crianças compareceram, brincaram e participaram bastante durante todo o evento. Esperamos que a praça seja cuidada pela escola e pela comunidade, e que a escola siga novos horizontes, mais coloridos e amorosos!”, avaliou o professor Paulo.
A diretora pedagógica da Escola João Monteiro da Franca, professora Sandra Melo, enfatiza a importância desta iniciativa. “Tenho parceria com o pessoal da UEPB desde 2015 em outra Escola, porque acredito nesse trabalho. Quando os meninos participam de atividades como essa é possível perceber uma transformação no comportamento e no desenvolvimento da aprendizagem. Essa ação foi fantástica porque os meninos saíram de uma pandemia, dois anos presos em casa, e passaram a interagir com base no respeito”, avalia.
Para gestora administrativa da Escola, professora Dalvaci Lira, as oficinas foram uma forma de canalizar a energia dos estudantes. A docente também percebeu uma mudança nas relações da comunidade escolar após a intervenção da UEPB. “Há mais respeito, concentração, vontade de participar. Nossa comunidade é muito carente, no geral, eles só têm a escola. Uma ação desta faz toda a diferença, incentiva, motiva, se descobrem novos talentos. A escola está aberta pra recebê-los, pra acolhê-los. E a culminância na Praça para que eles se apropriem disso e para nós não esquecermos essa passagem da UEPB aqui”, celebra a educadora.
Segundo a estudante do 6º ano Noemi Raquel, que participou da oficina de Moda e Autocuidado, a ação a ajudou a se aceitar e ficar feliz com seu estilo próprio. “Eu já sofri bullying por conta do meu cabelo, que é crespo, e pelas roupas que eu uso. Mas eu entendi que não preciso mudar porque alguém me critica, se falarem eu não ligo, porque eu gosto de usar minhas roupas largas, me sinto bem com meu cabelo do jeito que ele é”, explica a estudante.
A ministrante da oficina, a graduanda oitavo período de Relações Internacionais, Larissa Sherman, que já atuou na área de Marketing com aperfeiçoamento em moda, a ideia desta iniciativa é fazer com que os estudantes pensem a moda como uma ferramenta social. “Quando eu era criança eu me sentia excluída. Sofria bulimia e não sabia quem eu era. Então, ao preparar o conteúdo da oficina eu quis apresentar algo que eu gostaria de ter ouvido quando eu tinha a idade destas crianças. Com base no afeto e no autocuidado a mensagem que queremos passar é que eles podem ser o que eles quiserem. Tá tudo bem ser fora dos padrões”, analisa.
A estudante do 9º ano Brenda Lira ajudou nas diversas intervenções na Praça ao lado da Escola e destacou a importância desta ação para trazer mais beleza para o local onde a comunidade escolar pode brincar, se encontrar, conversar. “Achei muito interessante, criativo, colorido. Também gostei porque nos incentivou a deixar esse local mais limpo, cuidar das mudas que plantamos”, declara.
De acordo com o professor Paulo Kuhlmann, após essa primeira intervenção, a perspectiva é que o Projeto Germinando Paz e Arte possa ser desenvolvido em outras unidades escolares. Para esta fase do projeto houve um financiamento da ONG sueca ForumCiv que é parceira da Organização Não Governamental Palhaços Sem Fronteiras Brasil (PSFB) e atua em mais de 70 países com ações voltadas à defesa da democracia, dos direitos humanos e da participação popular. Essa ação está articulada às diversas iniciativas já desenvolvidas no âmbito do PUA e do Grupo de Estudos de Paz e Segurança Mundial (GEPASM/UEPB), que se dedicam, por meio da teoria e prática, a conhecer, aperfeiçoar e praticar as ferramentas preventivas de construção de paz (círculo de diálogo, emancipação por meio da arte e da cultura, dentre outras) e as ferramentas de resolução e transformação de conflitos (mediação, justiça restaurativa), por meio de projetos, simulações e ações na comunidade.
Texto e fotos: Juliana Marques
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