Grupo Acauã da Serra participa de festivais on-line e prossegue com pesquisas coreográficas

17 de agosto de 2020

Nos campos de concentração nazistas, muitos prisioneiros optavam por assistir as apresentações artísticas, que raras vezes ocorriam, ao invés de comer, conta o psiquiatra austríaco Viktor Frankl [1905-1997], sobrevivente do Holocausto e autor do livro “Em Busca de Sentido”. Por estar alicerçada na presença física do público, a atividade cultural foi um dos primeiros setores afetados pela Covid-19. Contudo, tal é a necessidade da arte, o vírus não a impede de acontecer e seguir seu propósito de expressão, aproximação e de oportunizar alegria e leveza.

O Grupo de Tradições Populares Acauã da Serra, por exemplo, oriundo da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), continua seus trabalhos de pesquisa coreográfica e tem participado de vários festivais de dança online. De acordo com o coreógrafo do Grupo, Roberto Gomes, são corriqueiras as reuniões com os integrantes, através da internet. “Até porque é essencial ouvir a opinião deles sobre os temas mais urgentes envolvendo o Acauã”, explicou. Além disso, nesse ínterim, o grupo vem exibindo seus espetáculos por meio de redes sociais como o Youtube, Facebook e Instagram.

“Estamos vivenciando adaptações e essas plataformas dão uma contribuição relevante para que permaneça o diálogo com grupos de outras cidades, estados ou países, possibilitando o intercâmbio entre artistas, a formação cultural e, inclusive, de público, mesmo que apenas online, por ora”, ressaltou Roberto. Dentre os eventos que o Acauã participou nas últimas semanas figuram o Festival do Folclore da Estância Turística de Olímpia (Fefol Digital), I Fest in Folk em Rede, Fest Folk Mundi in Rede, I Festival Folclórico de Pocinhos em Rede, Festival Internazionale del Folklore – Roccalumera (Itália) e o Festival Internacional de Folclore de Nova Petrópolis.

Assim, corpo e máquina se fundem para mediar a criação artística e fazê-la prosseguir, conforme enfatizou o diretor do Acauã, Agnaldo Barbosa. “Não dá para substituir o contato direto e esse formato é muito novo para todo mundo, mas é o que podemos praticar no momento. Tivemos que nos reinventar e encontrar outras maneiras de produzir, oferecer Arte e socialização para as pessoas, pois a vivência social é sobremodo fundamental nesse período. Uma grande parte disso é novidade para mim, mas é um aprendizado, uma ótima experiência e a resposta tem sido boa”, afirmou.

O Acauã segue estudando coreografias para inseri-las nas próximas apresentações, tão logo seja possível, informou Agnaldo. “Mantemos o ritmo das pesquisas, já que uma das nossas preocupações é sempre incrementar nossos espetáculos, trazer algo diferente e bonito para a plateia. Como componentes não só do âmbito artístico, mas de uma universidade, é ainda mais preciso que estejamos atentos às mudanças sociais e refletindo sobre elas. Para mim, por tudo que está fazendo pela sociedade, propondo e implementando soluções nessa situação inesperada, a UEPB está de parabéns”, finalizou.

Texto: Oziella Inocêncio