Lançado livro eletrônico com abordagem sobre percepções de gênero na cosmologia afro-brasileira
Com organização de duas professoras e uma mestra do Programa de Pós-Graduação em Formação de Professores (PPGFP) da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), foi lançado o livro na versão e-book “Percepções de Gênero na Cosmologia Afro-brasileira: diálogos com a diversidade de agentes, práticas e contextos”. A obra é um exercício de quebra do silêncio sobre esse universo religioso dando a oportunidade de se estabelecer pontes de saberes com iniciados e simpatizantes dessas denominações. A organização é das professoras Robéria Nádia Araújo Nascimento, do Departamento de Comunicação da UEPB, e Patrícia Cristina de Aragão, professora do curso de História e membro do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (NEABI), além da egressa do PPGFP, Thatiane Oliveira do Nascimento.
Para produzir a obra os pesquisadores e pesquisadoras recorreram ao imaginário dos adeptos e iniciados nos cultos da Jurema, Candomblé e Umbanda. A ideia foi discutir a relação gênero e religiosidade, revelando como as chamadas práticas afro-ameríndias se interseccionam com o gênero, uma vez que em tais espaços religiosos, homens e mulheres exercem cargos semelhantes e diferentes e, no entanto, não há a superposição do masculino sobre o feminino.
Segundo as organizadoras, ambos são considerados importantes para a existência e resistência dos cultos, haja vista que os orixás, independentemente do gênero masculino ou feminino, são incorporados tanto por homem, quanto por mulher, o que faz dos terreiros espaços de aprendizagem e de respeito à diversidade de gênero e religiosidades que caracterizam o Brasil. A professora Robéria Nascimento enfatiza que “os estudos de gênero são implicados não apenas por questões de natureza sexista, mas por preconceitos e exclusões que afetam o sentido da alteridade”, disse.
Na esfera das religiosidades afro-brasileiras e ameríndias, segundo ela, os cultos convivem com discriminações, mas nesses espaços de sociabilidade o conceito de humanidade é reativo por excelência, uma vez que seus membros constroem acontecimentos de sentido em nome do acolhimento e da igualdade preservando seus direitos de existir para além de suas definições de homens ou mulheres. “Dessa forma, nos ensinam a capacidade de incluir e gerir as diferenças na luta contra os silenciamentos sociais. Portanto, o livro reúne narrativas e percepções dos territórios religiosos a fim de permitir que suas vozes e tradições recebam a relevância que merecem”, destacou.
O livro eletrônico foi lançado pela editora Mentes Abertas e pode ser baixado gratuitamente clicando AQUI.
Texto: Severino Lopes
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