“Maio Furta-cor”: PROGEP realiza evento e recebe servidoras para falar sobre sobrecarga materna

Um encontro de mulheres, favorável à reflexões, interações, autoavaliações e aprendizados, marcou a manhã desta quinta-feira (22), em um evento promovido pela Pró-reitoria de Gestão de Pessoas (PROGEP) da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), no pátio de eventos Escola Técnica Redentorista, em Campina Grande. A Roda de Conversa sobre Saúde Mental Materna, com foco nas servidoras mães da Instituição faz parte da programação da Campanha Nacional Maio Furta-Cor, e teve início com um café da manhã de acolhida, sendo seguido por uma explanação do tema e dinâmica em grupo.
A assistente social da PROGEP, Juliana Grangeiro, explicou que este não é um evento solto ou intuitivo, mas uma resposta concreta a um levantamento feito em 2023 com servidoras da UEPB que, voluntariamente, responderam a um formulário sobre o perfil de cada uma, falando sobre sentimentos e necessidades, com a finalidade de apontar caminhos. “Ao todo, ouvimos 103 vozes, e chegamos à conclusão que o assunto principal a ser trabalhado era a saúde mental. Hoje, o que trazemos é uma resposta da continuidade dessas ações”, disse.
Para Albertina Felix, também assistente social da PROGEP e uma das organizadoras do evento, por mais que a maternidade seja desejada pela mulher, sendo ela trabalhadora, mãe solo, esposa, servidora ou docente, que costuma ter uma série de atribuições e jornadas de trabalho, a função de mãe ainda é capaz de afetar o psicológico, o trabalho e o ato de maternar. Por este motivo, ela considera justa e necessária a provocação de uma discussão sobre o assunto dentro da Universidade.
Trabalho remunerado e maternidade
A campanha, que surgiu em nível nacional em 2020, teve início em Campina Grande em 2021, com ações de sensibilização e conscientização da população, em espaços públicos e acadêmicos. Na UEPB, além da roda de conversa, o “Maio Furta-cor” se alia ao 2º Simpósio Interdisciplinar de Saúde Mental Materna, que acontecerá no dia 27 de maio, no Auditório de Psicologia, no Câmpus I.
De acordo com Jéssica Cavalcanti, psicanalista e representante do movimento “Maio Furta-cor” no município, uma das questões mais sensíveis para a mulher, na atualidade, é equilibrar o trabalho com a maternidade. “A mãe tem uma perspectiva tanto do sentido afetivo e do cuidado, que são colocados socialmente, quanto o desejo de seguir trabalhando. Tentar conciliar tudo isso se torna um dilema para muitas mulheres, principalmente quando acrescentamos a isso o trabalho invisível”, lembrou.
Sobre o trabalho invisível, ela explica que é todo aquele que não tem remuneração, mas que consome o tempo, energia emocional e atenção constante, como cuidar, alimentar, acalmar, levar ao médico, organizar a casa, pensar na lista de compras, entre outros. Como este é um serviço acumulado com o trabalho remunerado, quando não conta com uma rede de apoio, a mulher pode se levada a uma sobrecarga e passar por uma série de questões de saúde, como depressão, ansiedade, burnout, fobia, entre outras.
Para Jéssica, o cuidado com a criança não está só vinculado à mãe, mas uma responsabilidade de toda a sociedade. Ela sugere que há diversas perspectivas colaborativas que poderiam minimizar esse excesso de funções, como a construção de políticas públicas por parte do Estado; oferta de creches, escolas e maior suporte público; apoio institucional e uma maior e mais efetiva participação paterna e de outras pessoas nos cuidados da criança. “Só assim ela poderá se sentir amparada, sabendo que a criança tem onde ficar, mantendo uma vida vinculada ao trabalho, sem precisar abrir mão de nada”, finalizou.
Outras informações sobre o “Maio Furta-Cor” podem ser encontradas neste LINK.
Texto e fotos: Giuliana Rodrigues
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