MAPP recebe debate sobre arte contemporânea em Semana de Arte e Mídia da UFCG

12 de dezembro de 2024

Nesta sexta-feira (13), às 14h, o Museu de Museu de Arte Popular da Paraíba (MAPP) da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), em Campina Grande, recebe uma roda de conversa denominada “Entre Telas e as Poéticas da Arte Contemporânea”. O objetivo dela é dialogar acerca das influências da contemporaneidade, dentro dos processos de criação que compõem as artes visuais, especialmente destacando a utilização das mais diversas linguagens artísticas como meio de expressão. O evento é aberto a todos os interessados e resulta de uma parceria, pois integra a programação da Semana de Arte Mídia (SAM), realizada pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG).

Da ocasião, participarão a artista visual Samy Sah, que assina a exposição “Entre Telas”, e o professor de Arte e Mídia da UFCG, Luciano Mariz. Pertinente ao tema do evento, Samy mencionou quão interessante é notar as maneiras com que a criatividade surge e transita, percorrendo os mais variados instrumentos. “Por exemplo, com o uso de equipamentos digitais como suportes artísticos e a proposição de outras vivências do tempo, disso decorrendo um tempo mais dilatado, ou mesmo fragmentado, a partir dos filmes. Há, ainda, a proposta de levar a experiência do cinema para dentro de uma galeria, como fez ‘Entre Telas’ no MAPP, a observação de complexidades, de como tudo está interligado e não separado, como nos foi ensinado em séculos passados, a saber: tempo, memória, imaginação”, citou. Sobretudo, como acrescentou Samy, faz-se presente a ideia de que a arte “conversa” entre si, posto que, por exemplo, as telas pintadas que figuram na instalação não correspondem a cópias de cenas dos filmes exibidos, “mas sim aos afetos que os filmes transmitiram”, nas palavras dela.

Mais que uma instalação, “Entre Telas” tem a premissa de contribuir para a formação artística, desenvolvendo uma programação voltada para isso, segundo Samy. “Teremos a realização de uma oficina abrangendo a noção de expografia, que é a forma pela qual o artista decide apresentar a sua obra. A oficina tomará por base a própria instalação, com os resultados dela sendo incorporados, ou seja, perfará uma metalinguagem, em que os participantes terão suas práticas adicionadas ao espaço da instalação”, explanou. As iniciativas ocorrem por meio do financiamento da Lei Paulo Gustavo, sob operacionalização da Secretaria de Cultura (Secult) do Governo da Paraíba.

“Entre Telas” está em cartaz no Museu desde o final de novembro. A instalação fica aberta ao público de terça-feira a sexta-feira, das 10 às 19h e, nos finais de semana, das 14 às 19h. Os ingressos são gratuitos e podem ser retirados de modo antecipado AQUI. Além dela, o MAPP segue com três exposições em exibição: “Paraíba – Berço da Cantoria, do Cordel e de Culturas Populares”, “Campina Grande 160 anos – Arte, História, Devoção, Ciência e Tecnologia” e ” “A Arte da Escola: Visões sobre a Arte Popular da Paraíba”.

Mais sobre Samy Sah e Luciano Mariz
Samy Sah é natural de Campina Grande, com formação em Arte e Mídia, pela UFCG. Na atualidade, cursa mestrado através do Programa Associado de Pós-Graduação em Artes Visuais (UFPB/UFPE). Samy atua no campo das artes, utilizando as mais variadas técnicas e modos de expressão, a exemplo de pintura, escultura, bordado e cinema. Já realizou as exposições individuais “Movi.Mente”, no Sesc, em 2017; “Terra que ninguém vê: ensaio sobre um coração”, na Galeria Irene Medeiros do Teatro Municipal Severino Cabral (TMSC), em 2023; e “Eu só posso acreditar em uma vida que dança”, no mesmo local, em 2024.

Participou, além disso, de vários filmes, enquanto diretora geral, diretora de arte e roteirista e, igualmente, de outros formatos audiovisuais: “Palito” (2019), “Essa Saudade” (2021), “As palavras estão me olhando” (2022), “Quero ver quem vai brilhar” (clipe que data de 2023, do cantor Juba), “Uma vez ao dia” (2024), e “Concha” (2024) — tendo sido premiada em alguns deles. Seus trabalhos buscam explorar a natureza emotiva do ser humano e suas percepções, atentando para a diversidade de elementos que estimulam, interferem e provocam sensações, sentidos e novos olhares.

Luciano Mariz é professor de Arte e Mídia, com pesquisa em discursos e experimentos audiovisuais. O docente trabalha em linguagens que trafegam entre o cinema e as artes visuais, com ênfase nas poéticas tecnológicas. Uma de suas obras mais impactantes é o documentário “Os Balões de 74” (2007), que relata a tragédia ocorrida no bairro de José Pinheiro, em Campina, naquela década, quando um cilindro de gás explodiu, atingindo várias pessoas que estavam em um parque de diversões. Outro trabalho de Luciano foi “Cancha – Antigamente Era Mais Moderno” (2013), que conta a história de Pedro Cancha, figura lendária e real da Rainha da Borborema, um dos primeiros homens a vestir saia no Brasil.

Texto: Oziella Inocêncio