MAPP recebe exposição com obras produzidas por estudantes de escolas estaduais de Campina Grande
Estudantes das escolas estaduais Nenzinha Cunha Lima e Félix Araújo visitarão uma exposição diferente no Museu de Arte Popular da Paraíba (MAPP), em Campina Grande, na sexta-feira (6), a partir das 8h. Trata-se de “A Arte da Escola: Visões sobre a Arte Popular da Paraíba”, que contará com cerca de 100 telas produzidas pelos próprios alunos do 9º ano, destas instituições de ensino fundamental e médio, situadas nos bairros de José Pinheiro e Liberdade, respectivamente.
A iniciativa é coordenada pelo professor e pró-reitor adjunto de Cultura, José Pereira da Silva, também diretor do MAPP, e faz parte do projeto “O Museu Vai à Escola, a Escola Vem ao Museu: Possibilitando experiências de criação artística e de socialização através da arte”, que se dá em parceria com o MAPP, apoiada pela Pró-reitoria de Cultura (PROCULT). As práticas ocorrem via financiamento da Lei Paulo Gustavo, sob a operacionalização da Secretaria de Cultura (Secult) do Governo da Paraíba.
Envolvendo etapas como difusão do acervo do MAPP, em formato digital, contação de histórias e debates com estudantes e professores, detalhando a função e relevância social do Museu, bem como oficinas de artes plásticas, o projeto agora está em fase de finalização dos trabalhos confeccionados. O passo seguinte é emoldurá-los, já que a culminância da ação é justamente que as obras sejam exibidas no MAPP, com todas as condições de uma exposição convencional. Assim, a comunidade escolar que integra o projeto será levada, em um ônibus, para visitá-la.
Diretora da Escola Nenzinha Cunha Lima, Rayssa Andrade explicou que, por si só, a rotina da escola integral causa certa inquietação nos alunos, principalmente na faixa etária que eles estão sendo atendidos pelo projeto. “Por isso, são super bem-vindas atividades que despertam esse interesse e proporcionam a diminuição da carga de estresse. Pelo empenho e a assiduidade nas aulas, percebemos o quanto foi positivo, assim como para a gente, enquanto gestão, que tem como fundamento o bem-estar deles. Agradecemos a execução do projeto aqui e a parceria proveitosa, que veio enriquecer a vivência da Escola”, afirmou.
Há três anos professora de Arte na mesma Escola, Emily Batista Jucharck, efetuou a mediação das práticas. “Os alunos gostaram demais da atividade e até aqueles que usualmente não participam muito, empenharam-se, pois viram que são capazes, embora alguns, às vezes, nem queiram tentar. Esse incentivo funcionou bastante, oportunizando, ainda, o material necessário, o que é um estímulo a mais, ter tudo à mão, facilitando a criação”, enfatizou.
Como acrescentado por Emily, é comum que os alunos se sintam ansiosos, porque nessa fase alguns problemas ganham uma proporção maior do que realmente têm. “Além de ser um grande auxílio para expressar as emoções, a arte possui essa característica de reunir as pessoas. Inclusive, este ano, o projeto interno da Escola apresentou como tema a saúde mental, de modo que tudo se alinhou com algo que a gente vê como essencial ser trabalhado com os estudantes. Essa ideia de trazê-los para a produção artística, mas também mostrar publicamente a arte deles em um museu, creio que vai desenvolver a autoestima, segurança e uma maior consciência de seus dons, para o futuro, pois muitos não se colocam nesse lugar de observar à frente e enxergar perspectivas. Eles são inteligentes e dedicados, mas não têm muita consciência disso, do seu potencial. Acontece de não acreditarem em si mesmos, então saber que compõem uma exposição no MAPP, amplia essa visão de que eles podem o que quiserem, ocupando com talento diversos espaços”, ressaltou.
Noutra vertente da abordagem do projeto, a professora disse que o papel da arte, em geral, ainda costuma ser subestimado nas escolas. “A arte não é um mero enfeite, não é algo feito de última hora, só para sair bonito na foto ou dentro de um evento. Ocorre de ela ser compreendida assim, de se analisar principalmente o resultado.
Pessoalmente, vejo a arte como um processo. Não se trata do produto final, mas da importância disso psicologicamente, na convivência, de que modo isso se desdobra para o indivíduo e, de um ângulo mais macro, para a família, a comunidade, afinal todos estamos socialmente interligados. Outro aspecto fundamental é o incentivo à criatividade, à manifestação da autenticidade, de mostrar seu jeito de habitar o mundo, elementos que acompanham as pessoas a vida inteira, seja qual for a profissão escolhida”, endossou.
“Legal e diferente”
A estudante Renata Gabriela de Oliveira, de 15 anos, residente no Complexo Habitacional Aluízio Campos, classificou a participação no projeto “O Museu Vai à Escola, a Escola Vem ao Museu” como legal e diferente. “Gostei, porque fugiu da rotina, que às vezes é cansativa. Foi uma nova forma de aprender, de comunicar o que a gente sente, descobrir talentos na turma e, como era uma atividade divertida e em grupo, deu até para criar mais amizade com os colegas”, apontou.
Já Iury Cabral de Azevedo, 15, explicou que a iniciativa auxiliou na sua aptidão para desenhar. “Além de me ajudar a ser mais espontâneo na nossa classe, o projeto foi um espaço para desenvolver essa habilidade, pois gostaria de, quem sabe, trabalhar com isso. Fui aluno de xilogravura do professor Arnilson Montenegro e agora pude ter acesso a outros conhecimentos nessa área, então foi ótimo para mim”, destacou.
Texto: Oziella Inocêncio
Fotos: Divulgação
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