Museu de Arte Popular da Paraíba comemora 10 anos e desenvolve extensa programação cultural para marcar a data
A Rainha da Borborema não seria mais a mesma depois de 1830, quando, nos tempos do Império, foi concluído o Açude Velho. Não à toa, vários artistas cantaram o local, como o poeta Orlando Tejo que, celebrando o Açude em uma balada, disse: “Dorme, velho seresteiro/Com os pés em José Pinheiro/E a cabeça na Estação!”. Não é exagero afirmar, também, nesse sentido, que o Museu de Arte Popular da Paraíba (MAPP), equipamento cultural da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), veio para mudar a cara não só do Açude, mas de toda Campina, desde sua inauguração, no dia 13 de dezembro de 2012.
Com o surgimento do Museu, as águas que serviram para matar a sede da população local no século XIX e que hoje enfeitam o panorama da cidade, ganharam contornos de concreto e vidro assinados por Oscar Niemeyer. Assim, a paisagem tão amada por Campina Grande, abrigou em suas dimensões um outro cartão postal, este com características modernas e um traçado exuberante – dignos do mestre da arquitetura brasileira.
Todavia, nem só de beleza externa vive o Museu dos Três Pandeiros, como é carinhosamente chamado pela população: ele é bem mais do que um prédio bonito a presentear o olhar das pessoas que circulam pela Avenida Severino Cruz. Nesses 10 anos de criação, o MAPP já é uma referência cultural no município e, para comemorar seu aniversário, está sendo ultimada uma extensa programação, de 12 a 17 deste mês, trazendo teatro, lançamento de livros e cordéis, feira colaborativa, dança, poesia e música, bem como diversas homenagens e participações especiais, com aqueles que fizeram parte dessa trajetória.
“Embora faça um tempo relativamente pequeno que ele integra a cidade, há muito a festejar. Inúmeros artistas passaram pelo Museu, tendo seu talento realçado e propagado. Nessa uma década de existência, o MAPP cumpre seu propósito maior que é reconhecer e preservar a nossa memória, sendo um lugar de saber e de fruição artística para os que vêm ver as nossas ações. Eu me sinto muito honrado por nessa data estar à frente da direção do Museu”, explicou o professor José Pereira da Silva, que além de diretor do MAPP é pró-reitor adjunto de Cultura da UEPB.
Pereira enfatizou que atualmente o Museu está de tal modo ligado ao dia a dia da cidade que uma boa parte das atividades que ocorrem nela, dispõe daquele espaço como sede, ou de uma área de seu entorno, a exemplo do Maior São João do Mundo e do próprio Natal Iluminado. “Por estar instalado geograficamente nesse ponto privilegiado, o MAPP absorve essas práticas, fluindo com os eventos que são propostos, desenvolvendo também os seus e atraindo um número cada vez maior de frequentadores. No período junino, por exemplo, tivemos 10 mil visitantes. E, ainda relacionado a isso, podemos afirmar que, no Brasil, o nosso Museu se situa entre os mais visitados”, endossou.
De fato, desde o início, o Museu apresentou essa vocação para a alta frequência de admiradores. Basta que se diga que quando foi aberto à visitação pública, em junho de 2014, em apenas seis meses, a presença do público foi 18.795 pessoas. No ano seguinte, em 2015, foram registradas 41.486 pessoas.
De acordo com o pró-reitor de Cultura da UEPB, professor José Cristóvão de Andrade, a história que o MAPP escreveu nesses 10 anos é muito bonita, muito digna e fala principalmente de cooperação. “Cada pessoa que passou por aqui, lá no começo, na fundação, até os dias atuais, seja artista, seja funcionário da UEPB, na função que desempenhou, seja de manutenção, ou gestor, deixou um pouquinho de si, depositou sua energia, deu sua contribuição, acreditou na ideia e sabe que hoje o Museu é um presente para quem vive na cidade. A Universidade fica contente demais por isso, por poder mostrar o quanto a Paraíba e o Nordeste são ricos no fazer da arte e da cultura. O MAPP é um orgulho para todos”, disse.
Ele acrescentou que o Museu foi um passo importante para o alinhamento do município e seu universo cultural criativo com a produção local, valorizando o artesanato, o cordel, a xilogravura e a música regional. “O MAPP também significa proporcionar uma ambiência estimulante para os nossos artistas, onde eles se sentem homenageados pelos trabalhos que realizam. Nós temos em Campina um cenário artístico consolidado e em permanente renovação e, nesses 10 anos, sem dúvida o Museu colaborou para isso, funcionando como um ponto de apoio e incentivo”, finalizou.
Texto: Oziella Inocêncio
Você precisa fazer login para comentar.