Museu de Arte Popular da Paraíba comemora 13 anos e celebra data com programação variada
Marco arquitetônico e cultural na Rainha da Borborema, o Museu de Arte Popular da Paraíba (MAPP) da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), celebra 13 anos neste sábado (13). Comemorando a efeméride, o local terá uma programação diversificada, contemplando novas exposições, apresentações musicais e teatrais.
À frente do Museu há quatro anos, o professor José Pereira da Silva explicou haver acompanhado a abertura do espaço. “Desde o início, ele foi concebido como parte de um projeto maior da Universidade, um equipamento que dialogasse diretamente com o ensino, a pesquisa e a extensão. Isso continua sendo uma meta primordial. Ainda que com pequenos avanços, temos progredido. Atualmente, há um projeto de extensão, com os nossos monitores, e o intento é estimular essas iniciativas, envolvendo professores, estudantes, pesquisadores, de modo a ampliar a produção e transmissão do conhecimento como um todo, as práticas formativas, enfim, englobar atividades que fazem parte do cotidiano da UEPB”, assinalou.
O diretor explanou que quando a obra desenhada por Oscar Niemeyer foi inaugurada, pela beleza e integração à paisagem, logo se “encaixou” na configuração urbana. “Nesses 13 anos, Campina mudou, a arte produzida nela também, e o próprio MAPP assimilou essas transformações, um foi influenciando o outro nesse ‘continuum’ de renovação. Pela sua arquitetura, o MAPP chamou rapidamente a atenção dos moradores, então começou o trabalho de conquistar o público, desenvolver atividades interessantes, receber e criar ações educativas, tudo exige constância, parcerias e estratégias bem pensadas. Acredito que é, também, tentativa e erro, analisar o que dá certo”, assinalou.
Compondo uma avaliação dos últimos anos, o diretor ressaltou que a realização de eventos na área externa do prédio vem se mostrando um diferencial. “É algo que contribuiu significativamente para aumentar a visitação. Fazendo um recorte do período, um dos nossos momentos-chave foi a exposição Armorial 50, em 2023, que trouxe ao MAPP mais circulação e visibilidade. Ela percorreu Belo Horizonte, Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo, antes de vir para cá, promovendo o acesso do público, tendo em vista que normalmente esse tipo de mostra se concentra no eixo Rio–São Paulo. Desejamos prosseguir estabelecendo contatos e parcerias nesse sentido”, pontuou. Ele enfatizou a importância de sediar exposições que vão para capitais como Recife, João Pessoa e Natal, permitindo que Campina também seja um elemento desse circuito, para que a população veja produções que, de outra forma, dificilmente poderia visitar.
Para além de sua função expositiva, segundo destacado pelo professor Pereira, o MAPP foi se consolidando como um ambiente movimentado e receptivo. “Entendemos que um museu se traduz em acessibilidade, convivência e encontro, um espaço também que precisa dizer para o seu entorno que está vivo, que está funcionando. E aqui as portas têm se mantido abertas para todas as manifestações possíveis, de música, a dança, teatro, eventos de caráter diverso, sejam religiosos, de colecionadores, feiras colaborativas, festivais. Houve, ainda, alterações relacionadas às exposições, com mostras temporárias, vindas especialmente por meio dos editais de incentivo, o que colaborou para intensificar a visitação. Acontece de cada exposição nova trazer um público distinto, interessado naquele tema abrangido por ela. Artistas locais vêm ocupando o Museu com regularidade e sobre isso há um reconhecimento da parte deles, pertinente ao MAPP, que veem no local um espaço de afeto, pois são bem recebidos e têm seu trabalho valorizado, ouvimos vários relatos acerca desse aspecto”, afirmou.
Para o diretor, o MAPP chega aos 13 anos obtendo uma resposta positiva e espontânea de Campina e da Paraíba. “É gratificante, sobretudo, ver pessoas que vão a um evento na parte inferior, por exemplo, depois decidem entrar para visitar as galerias, e ao ficarem sabendo, posteriormente, de uma programação musical, fazem questão de participar. É um ciclo que aponta que estamos no caminho certo e que os visitantes se sentem ‘autorizados’ a viver este espaço e incorporá-lo à sua rotina cultural”, finalizou.
“Micarande das Antigas”
Compondo a programação de aniversário, foi aberta na noite de quarta-feira (10), no MAPP, a exposição “Micarande das Antigas”, do jornalista Astrogildo Pereira, com curadoria da artista visual Rebeca Souza. A iniciativa acontece por meio da Secretaria Municipal de Cultura (Secult), sendo executada com recursos do Edital Biliu de Campina, através da Política Nacional Aldir Blanc.
A mostra audiovisual traz à luz os 40 anos da Axé Music e os 35 anos da Micarande – o evento marcou gerações entre os anos de 1990 e 2008, alçando Campina nacionalmente como sede do maior Carnaval fora de época do Brasil. O vernissage teve como mestre de cerimônias a jornalista Inaudete Almeida e contou com nomes relevantes para o sucesso da festa, a exemplo de Capilé, um dos laureados, na oportunidade, Lucas Salles, Adriano Aquino, Saulo Florindo, Temir Cabral e familiares do carnavalesco Raniere Barbosa (homenageado in memoriam).
A ideia da exposição surgiu quando Astrogildo, ao revisitar o vasto material que guardava em casa sobre a Micarande, deu-se conta que o acervo não deveria permanecer restrito ao âmbito pessoal. “A exposição contempla diferentes fases, desde o primeiro bloco, o Balanço do Amor, de 1990, até a consolidação como um dos primeiros carnavais fora de época do Brasil, pioneiro fora da Bahia. Fotografias, vídeos, áudios, objetos, tudo estava guardado há anos, tanto por mim, como por amigos igualmente nostálgicos, que preservavam lembranças do evento. Reunimos peças de 25 pessoas. A proposta realça, ainda, artistas que marcaram a iniciativa, a exemplo de Chiclete com Banana, Asa de Águia, Netinho, Ricardo Chaves, Luiz Caldas, Banda Palov, Biliu de Campina e promotores do Carnaval, como Eneida Agra Maracajá”, elencou Astrogildo.
De acordo com ele, o processo curatorial foi fundamental para organizar o conteúdo, visando principalmente estruturar materiais de diversos artistas e blocos, de modo a evitar repetições. “Reunir os itens não foi simples, pois muitos colaboradores possuíam arquivos relacionados apenas a um artista ou a um único período”, revelou.
Em sua fala, Rebeca Souza destacou a Micarande como algo que modificou o calendário da cidade e o turismo de eventos. “Durante mais de uma década, ela reuniu foliões e transformou os costumes locais. Não é à toa que ficou no coração de tanta gente. A mostra detalha esse contexto, ajudando a compreender como a festa se tornou parte de Campina. Foi uma satisfação estar no projeto e agradeço a Gleydson Virgulino, pela colaboração no trabalho”, afirmou.
Presentes à oportunidade, estavam, ainda, o presidente da Associação Campinense de Imprensa (ACI), João Pinto, o produtor de eventos Bobota e o secretário de Cultura da Prefeitura, André Gomes. Apresentaram-se no evento a Escola de Samba Bambas do Ritmo e a cantora Érika Marques. A exposição segue até fevereiro, ficando aberta ao público das 8h ao meio-dia, de terça a domingo.
Chorata e “Anônimos & Famosos”
A programação do MAPP continua na sexta-feira (12), às 19h30, com o Palco do Choro, capitaneado pelo Grupo Chorata, e o vernissage da exposição “Anônimos & Famosos – A maior riqueza de uma cidade é seu povo”, de César Di Cesário, no sábado (13), às 19h.
Componente do Chorata, Victor Herbert informou que a edição natalina terá convidados especiais, encerrando a temporada 2025 do Grupo, no MAPP. “O ano foi excepcional para a gente, visto que foi realizado o primeiro Festival do Choro da Paraíba, no qual o Palco do Choro estava incluso e teve a participação de músicos renomados, a exemplo de Bozó Sete Cordas, de Pernambuco, e Jorge Cardoso, do Ceará. Também homenageamos músicos da cidade, como Sarayva Luiz, no sax, e Fernando Alves, no trompete. Além, claro, de Jean Márcio Souza, e da cantora Savanna Aires. O projeto mantém-se firme desde 2016 e com perspectivas bastante positivas para o ano que se aproxima. Retornamos em março, sempre com o intuito de manter viva a cena do gênero no Estado, trazendo os mais diversos artistas de Campina e do Brasil”, disse.
“Anônimos & Famosos” será composta de 90 fotografias, sendo 30 físicas e 60 com projeção mapeada nos “pandeiros” do MAPP, conforme César Di Cesário. “Convidei pessoas que, com a sua expertise, realmente fazem a cidade acontecer, independentemente da condição financeira, social ou acadêmica. Acredito que retratar indivíduos é a melhor forma de mostrar a verdadeira face de um povo e, para mim, isso é instigante”, explicou. Entre os participantes da mostra figuram Edmundo Gaudêncio, Zé Orlando, Gitana Pimentel e Ceiça Gomes.
Este mês, o MAPP ainda sediará, entre outros, os espetáculos “Natal Oxente – História do nascimento de Jesus a partir do cancioneiro nordestino”, da Inove, no dia 19, às 19h, e “Uma Estrela Armorial”, da Junina Moleka 100 Vergonha, nos dias 22 e 23, no mesmo horário. Todas as atividades têm entrada franca.
Texto: Oziella Inocêncio
Fotos: Alan Cruz – Tamaki PB (Divulgação)
Acesso à Informação



Você precisa fazer login para comentar.