Museu de Arte Popular da Paraíba recebe lançamento do livro “Anayde Beiriz – a última confidência”, nesta sexta (12)
Dela já disseram muitas coisas, que era leviana, altiva, irreverente, uma criatura excêntrica, conhecida por seu cabelo à la garçonne, batom vermelho e saia curta. Na provinciana Parahyba da década de 1920, Anayde Beiriz sem dúvida figurava como tema predileto de todos os fofoqueiros. E o livro “Anayde Beiriz – a última confidência”, lançado nesta sexta-feira (12), às 18h30, no Museu de Arte Popular da Paraíba (MAPP) da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), em Campina Grande, promete ser uma clareira em meio à ruidosa penumbra envolvendo a vida dela. A obra foi escrita por Valeska Asfora e o evento tem entrada franca.
Poeta, contista e professora, uma alma vanguardista que naquele período já defendia o voto e a autonomia total das mulheres, Anayde Beiriz é famosa principalmente por estar no olho do furacão da história brasileira, quando teve suas cartas de amor, em correspondência com o político João Dantas, totalmente expostas na imprensa paraibana, por João Pessoa, político rival dele. A espetacularização do romance provocou, no dia 26 de julho de 1930, o assassinato de João Pessoa por João Dantas.
Produzida nas oficinas gráficas da Empresa Paraibana de Comunicação (EPC/A União), a obra conta com 280 páginas e resulta de uma pesquisa, de iniciativa da autora, acerca da trajetória de Anayde, perfazendo um mosaico de circunstâncias até o suicídio dela, em outubro de 1930, aos 25 anos.
Segundo Valeska, por tudo que significa para a memória da Paraíba e do Brasil, a figura de Anayde Beiriz atravessa o tempo sendo alvo de curiosidade e, por haver lacunas em sua história, bem como ausência de documentos e poucos depoimentos de quem viveu em sua época, surgem também muitas suposições. Por isso, devido ao grande burburinho, a ressoar junto ao nome de Anayde Beiriz, a ideia do livro é justamente ir além dessas considerações habitualmente feitas a respeito dela.
O objetivo, então, seria localizar suas publicações, compreender o contexto sociocultural por ela palmilhado, acompanhar a sua vivência e experiência literária, e também desvendar os episódios que a levaram a dar cabo da própria existência. “Anayde se posicionava no mundo como artista, tinha uma postura particular, ela afirmava sua personalidade. Particularmente, há muito tempo eu tinha vontade de saber mais sobre essa mulher tão representativa para uma enorme parcela das paraibanas, em especial para as feministas, escritoras e educadoras, onde me incluo”, acrescentou Valeska.
Valeska Asfora é mestre em políticas públicas, educadora e produtora cultural. Esse é o livro de estreia dela, que é apaixonada por literatura e costuma escrever crônicas, contos e, eventualmente, poesias. A apresentação da obra será realizada pelo músico e escritor Flávio Eduardo Maroja Ribeiro (Mestre Fuba), e pelo professor e escritor Bruno Gaudêncio.
Texto: Oziella Inocêncio
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