Museu de Arte Popular e Centro Artístico recebem atrações culturais e oficinas do “Festival Cangerê”

1 de dezembro de 2025

De 9 a 13 de dezembro, acontece em Campina Grande o “Festival Cangerê, a gênese”. O Museu de Arte Popular da Paraíba (MAPP) e o Centro Artístico Cultural (CAC) da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), receberão parte da programação. A iniciativa tem o apoio da Pró-reitoria de Cultura (Procult) e, ao celebrar sete anos de história, amplia suas ações, trazendo apresentações musicais, exposição, performances, rodas de conversa, feira e intervenções urbanas.

O diretor do Cangerê, Gleydson Virgulino, informou que a ideia surgiu objetivando a promoção de práticas que unissem música, artes visuais e expressões populares. “É um espaço de encontro, aberto a quem se interessar. Nossa característica principal é abraçar o ‘diferente’, as diversas formas de expressão corporal, de gênero, mas a plateia é bastante variada, há famílias, estudantes, professores… Em geral, nosso público é aquele que gosta de estar na cidade, que gosta de arte. De primeira, Campina já acolheu muito bem nossas atividades. Em 2018 houve a primeira edição, quando trouxemos, ao Açude Velho, música brasileira, a produção paraibana, DJs. Desde então, o Cangerê só cresceu. As nossas ações têm, além disso, um olhar direcionado para as vivências e a criatividade da periferia. E, anualmente, a cada lugar que a gente vem ocupar, as pessoas interagem, sempre são participativas”, explicou. O Museu de Arte e Ciência (MAC), situado no Catolé, também sediará a iniciativa em 2025, conforme acrescentou Gleydson.

Segundo ele, o Cangerê dispõe, ainda, da premissa de abrir uma oportunidade para quem está começando ou que não encontra espaço para mostrar seu trabalho. “Somos voltados aos artistas da cultura popular e aos da cena independente. Esperamos, igualmente, levar cultura para lugares que foram esquecidos pelo poder público ou que estão, de alguma forma, apagados”, revelou.

Um dos destaques da programação, é a palestra com a artista visual e pesquisadora Juliana Notari, no dia 11, no MAPP. “Em sua participação, ela abordará os temas mais representativos de suas obras, como o feminino e o corpo, entrelaçando tópicos afins e explorando questões simbólicas, políticas e estéticas. Na oportunidade, ela também lançará o livro ‘Diva – Os primeiro 30 dias’. A obra trata da repercussão de uma escultura que gerou bastante polêmica, uma vulva escavada na Usina de Arte, na cidade de Água Preta, em Pernambuco”, detalhou. Juliana é mestre e doutora em Artes Visuais e seus trabalhos estiveram em instituições e mostras no Brasil e no exterior.

Já no CAC, nos dias 9 e 10, das 9 às 11h, está prevista a oficina “Uma palavra que caminhe: corpo e territórios”, tendo à frente o professor da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Manoel Moacir Rocha, doutor em Artes, por meio do Programa de Pós-graduação em Artes Cênicas da Universidade de São Paulo (USP), com mestrado pelo mesmo Programa; e a oficina formativa em Arte Drag “(H)à Drag em Mim”, de 9 a 11 de dezembro, das 14h30 às 18h30, feita pela drag Aphrodith LaBlue, que tem vasta experiência profissional e várias participações em eventos da cidade, atuando como performer, cerimonialista e promotora do tema Diversidade.

O “Festival Cangerê, a gênese” é realizado com recursos da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (PNAB), operacionalizada pela Secretaria de Estado da Cultura da Paraíba, contando, ainda, com o apoio do Ypuarana Cultural e da Associação Cultural Baraúna, entre outros. Detalhes do evento estão sendo ultimados e a programação completa poderá ser acessada na rede social @cangere.gv.

Mais sobre o Cangerê
A primeira edição do Cangerê se deu em 2018, quando Gleydson promoveu o evento intitulado “Bailinho Tropical”, que contou com uma feira colaborativa. A edição teve também DJs, trazendo ritmos nordestinos. “E já no que foi o embrião da iniciativa, havia o desejo de dar visibilidade à produção independente, aos artistas visuais e especialmente aos de performance, grupos de percussão afrobrasileiros, além de conferir mais vida à prédios, museus, praças e mercados públicos da cidade”, disse.

Em 2020, o evento aconteceu no MAPP, que posteriormente sediou outras práticas do Cangerê. “Temos muito carinho por aquele espaço, porque em uma ação conjunta com a direção, conseguimos conferir uma dinâmica maior, mais movimentação àquela parte inferior do Museu. Foi a primeira atividade do tipo, que houve ali. Já começamos com apresentações de Maracatu do Projeto Ayã, atualmente Batuque Nagô”, afirmou.

Para Gleydson, um dos pontos fortes do Cangerê é valorizar de fato a criatividade das pessoas. “Este ano, convidamos a cantora e compositora indígena Clara Potiguara, de Baía da Traição. Teremos também Merliah, travesti paraibana, muito atuante na cena hip-hop. Estamos continuamente atentos ao que está sendo feito, de forma a atualizar o nosso público. Acredito que o nosso diferencial é mostrar novidades, sair do padrão, da mesmice, sempre buscando acolher e respeitar a sensibilidade das pessoas, seja a de quem produz arte ou de quem a aprecia. Quantos artistas criam no Brasil e são marginalizados, deixados de lado? Então nosso olhar é especialmente para eles”, enfatizou.

Texto: Oziella Inocêncio