NEPDA realiza seminário para celebrar o Dia Mundial do Refugiado com pesquisadores do Canadá e Afeganistão

5 de junho de 2025

Com a participação de estudantes da graduação e pós-graduação em Relações Internacionais, foi realizado nesta quarta-feira (5), no Câmpus V da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), em João Pessoa, um seminário para a apresentação de estudos desenvolvidos por pesquisadores visitantes do Núcleo de Estudo e Pesquisa sobre Deslocados Ambientais (NEPDA). O evento ocorre em alusão ao Dia Mundial do Refugiado, celebrado em 20 de junho, e tem como objetivo reforçar a mensagem de que todas as pessoas – não importa quem, onde ou quando – têm o direito de serem protegidas contra guerras, perseguições e violações dos seus direitos humanos.

Na oportunidade, o professor afegão, Juma Rasuli, que é visitante do curso de Relações Internacionais e doutor em Economia Política Internacional, apresentou a pesquisa com o título “Desafios e oportunidades dos afegãos no Brasil”. E a pesquisadora do Departamento de Política da Universidade de York, no Canadá, professora Nergis Canefe, expôs o trabalho intitulado “Direitos humanos críticos para pessoas deslocadas”.

Essa é a primeira atividade da professora Nergis Canefe desde que a mesma chegou ao Brasil aprovada como professora visitante pelo Programa Paraíba Sem Fronteiras, que é desenvolvido pela Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia, Inovação e Ensino Superior (Secties) e Fundação de Apoio à Pesquisa da Paraíba (FAPESQ). A perspectiva é que a docente possa desenvolver pesquisas em conjunto com pesquisadores da UEPB, participar de eventos e realizar publicações em parceria.

A pesquisadora, que desenvolve estudos com foco na imigração forçada, deslocamento e direitos humanos em geral, já desenvolveu trabalhos comparados na África do Sul, Índia e Alemanha, e deve se dedicar nos próximos três meses a estudar a realidade brasileira. “A América Latina é uma especialista em desenvolver estudos sobre migração forçada a partir de uma perspectiva decolonial. E além disso, há uma questão mundial que é relacionada ao tratamento destinado a pessoas que não se enquadram nem como imigrantes, nem como refugiados e que ficam à mercê de infrações relacionadas aos direitos humanos. Inclusive eu estive na Alemanha estudando isso. E a perspectiva é que possamos realizar estudos comparados entre as experiências no Brasil e no exterior”, explica Nergis.

Para a coordenadora do NEPDA, professora Andrea Pacífico, a vinda da professora Nergis Canefe tem o papel fundamental de atrair discentes e colegas para entender e se preocupar com a atual crise humanitária mundial, que tem culminado numa enorme onda de violação de direitos humanos e falta de proteção a refugiados e outros deslocados, especialmente os deslocados ambientais e climáticos. “O impacto de sua vinda tende a ser positivo, pois a Paraíba, hoje, é um estado de acolhimento e integração de refugiados, migrantes forçados e deslocados ambientais. Assim, sua expertise, especialmente na área de direitos humanos críticos, vai trazer nova luz para os estudos locais, dar visibilidade internacional aos dilemas paraibanos e buscar, juntos, boas práticas para enfrentar o dilema”, avalia.

Sobre o NEPDA
Criado em abril de 2012 para aglutinar pesquisadores locais, nacionais e internacionais interessados na problemática dos deslocados ambientais, o NEPDA busca dar visibilidade a este grupo de migrantes ainda ausente de proteção dos regimes internacionais e com pouca proteção dos governos nacionais donde migram e onde buscam acolhimento. Os deslocados ambientais (para alguns, refugiados ambientais ou climáticos) são caracterizados como migrantes forçados, por se deslocarem de seu local de origem em busca de sobrevivência, sem escolha entre ir ou permanecer.

A UEPB, através do NEPDA, integra a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), e desde 2014, através dessa parceria, a Cátedra Sérgio Vieira de Mello (CSVM) passou a ser abrigada pelo Núcleo. Desde então, há oferta de disciplina sobre migração forçada e refugiados no curso de Relações Internacionais, discussão em diversas disciplinas, artigos publicados e seminários realizados, dentre outras ações.

Texto e fotos: Juliana Marques