Nova exposição temporária: “Os Sertões que nos atravessam” é aberta no Museu de Arte Popular da Paraíba
“Os Sertões que nos atravessam” — nova exposição temporária que está no Museu de Arte Popular da Paraíba (MAPP), da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), em Campina Grande — foi aberta na noite desta quarta-feira (30). A mostra resulta do trabalho das artistas visuais e artesãs Amanda Cosme, Juliana Gomes e Rebeca Kianny, sendo que a iniciativa conta com a realização do Coletivo Balaio das Artes Ateliê, através da Lei de Incentivo à Cultura Paulo Gustavo.
O vernissage foi presidido pelo curador e diretor de arte da exposição, Angelo Rafael, e o diretor do MAPP, professor José Pereira da Silva, também participou da ocasião, junto com as três artistas. Presentes estavam familiares e amigos de Amanda, Juliana e Rebeca, além de estudantes, pesquisadores, admiradores da arte popular e da produção artística feminina. O público teve a oportunidade de dialogar com as autoras das obras e conhecer de perto o processo criativo delas, referente aos trabalhos expostos. A ocasião contou, ainda, com uma apresentação musical de Savana Aires.
“Ficamos muito contentes por alcançar os moradores de Campina com ‘Os Sertões que nos atravessam’. Sabemos que há inúmeros corações sertanejos na cidade e a nossa expectativa é encantar os visitantes, que eles possam se identificar com o nosso olhar para esta região e os sentimentos universais evocados por ela”, explicou Rebeca.
Acerca da fotografia bordada, ela acrescentou que na atualidade diversos artistas exploram a técnica como meio de expressão. “A pernambucana Laís Domingues, por exemplo, é uma inspiração para mim”, disse. Rebeca explanou que algumas peças “já nascem prontas na cabeça”, outras se delineiam de modo progressivo. “Nós três temos bastante afinidade, então acontece de uma foto ser feita e já conseguirmos visualizar as várias mensagens transmitidas por ela e o que gostaríamos de suscitar a partir daquele instante capturado. Cada trabalho, todavia, é muito individual”, assinalou.
O trio viajou por 12 dias, para cidades como Patos, Cajazeiras, Sousa e Nazarezinho, incluindo localidades como “Os Rufinos”, situada na zona rural de Pombal. A obra que intitula a exposição, inclusive, veio daquela comunidade quilombola. “Lá conhecemos o senhor José Nilson, que confecciona artigos em barro e aprendeu com seus familiares, todos eles seguem com essa tradição”, detalhou.
Em sua fala, Amanda Cosme agradeceu a oportunidade de expor no MAPP. “É muito significativo ver o nosso trabalho aqui, não só para mim, mas para todas nós envolvidas no projeto. O Museu tem um compromisso com a cultura popular e as peças falam a respeito desse propósito. A narrativa comunicada pelo Sertão é a nossa, são nossas as vozes que estão aqui, sendo eco e objeto de transformação para quem visita o MAPP”, destacou.
Já Juliana Gomes lembrou como tudo começou até desaguar em “Os Sertões que nos atravessam”. “O Coletivo Balaio das Artes Ateliê nasceu em 2015 e era formado por minha irmã Amanda e eu. Ele surgiu do amor que sempre tivemos pelas habilidades manuais e porque eu também tinha tido minha filha e buscava alternativas profissionais. De 2015 em diante, trabalhamos com várias temáticas, mas em 2020 sentimos a necessidade de mudança e houve a inclusão da nossa amiga Rebeca. Desejamos inspirar pessoas através das nossas atividades e, nessa exposição, trazemos um pouco da multiplicidade que é o Sertão, em suas variadas facetas, sobretudo, aquelas mais poéticas e queridas, que tratam de memórias e emoção”, finalizou.
A mostra dispõe de 25 fotobordados e instalações cênicas, percorrendo temas como a religiosidade e o cotidiano da região. Além dela, o MAPP segue com duas exposições em cartaz “Campina Grande 160 anos – Arte, História, Devoção, Ciência e Tecnologia”, com produção do diretor do MAPP e curadoria de Angelo Rafael, e “Retratos de vidas e sonhos de mulheres – O sentido da vida e convite a sonhar”, da artista francesa Hélène Albaladejo.
Texto: Oziella Inocêncio
Fotos: Malu Brandão e Thaynara Policarpo (Divulgação)
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