Observatório do Feminicídio lança campanha em favor da vida e de combate a todo tipo de violência contra a Mulher
Importunação sexual, violência doméstica e feminicídio. Esses tipos de violência que afligem as mulheres e têm aumentado numa proporção alarmante, se transformando em uma “guerra social”, definitivamente entrou na agenda de debates da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB). A Instituição, por meio do Observatório do Feminicídio Bríggida Lourenço, tem atuado fortemente no combate a todo o tipo de violência e que tem como grau máximo, o feminicídio.
Como forma de ajudar as mulheres no enfrentamento a essa onda de violência e a se defenderem de toda a forma de agressão, o Observatório lançou oficialmente na manhã desta terça-feira (21), no Auditório III da Central de Integração Acadêmica Paulo Freire, a Campanha “As mulheres querem Viver”.
Com slogan “Sem violência doméstica, sem importunação sexual, e sem feminicídio”, a campanha visa produzir nas mulheres da Universidade, bem como nos homens, uma consciência de valorização da vida e banir todo o tipo de violência, seja física, sexual, ou psicológica. A iniciativa chama atenção das mulheres para denunciarem as práticas de violência e para recorrer à rede de atendimento proteção existente na cidade.
Durante o lançamento da campanha, professores, advogadas e militantes da causa das mulheres alertaram para alguns dados assustadores. Em Campina, por exemplo, de acordo com números apresentados, mais de 700 mulheres já foram atendidas pelo Centro Estadual de Referência da Mulher Fátima Lopes, somente este ano. A atividade relembrou o dia 19 de junho, em alusão ao Dia Estadual de combate ao Feminicídio na Paraíba (Lei nº 11.166/2018), em memória da professora da UEPB, Bríggida Rosely Lourenço, que foi vítima de feminicídio cometido pelo seu ex-companheiro por não aceitar o fim do relacionamento.
Presidente do Observatório e uma das idealizadoras da campanha, a vice-reitora, professora Ivonildes Fonseca, enfatizou que o Observatório tem focado no combate a violência doméstica e ao feminicídio conforme prevê a Lei Estadual. Ela ressaltou que a violência contra as mulheres ainda é um dos graves problemas sociais que o país enfrenta. “A Universidade, como instituição de ensino, vem cumprindo a sua função social e contribuindo para que haja uma mudança de mentalidade em relação a esse fato que vem ocorrendo e deixado indignada toda a sociedade, que é a violência contra a mulher que culmina no feminicídio”, observou a professora Ivonildes.
Integrante do Observatório, a professora Terlúcia Silva, destacou que a campanha da UEPB consiste em um chamamento para sociedade, para além das mulheres que sofrem a violência no cotidiano. “Com essa campanha nós queremos convocar a sociedade a perceber que o problema da violência não é apenas da mulher que sofre, mas uma responsabilidade de todos”, pontuou.
O que propõe a campanha
Indignação, reflexão, respeito e valorização da vida marcaram o pontapé da campanha. Os trabalhos foram iniciados com uma mesa de diálogo com pesquisadoras da área e profissionais que atuam na rede de atendimento às mulheres. Comandaram a mesa a advogada e professora do Centro de Ciências Jurídicas (CCJ), Isabele Ramalho; a advogada Paula Vanessa Pereira de Oliveira; e a pedagoga Isânia Monteiro. Os trabalhos foram mediados pela professora e integrante do Observatório, Terlúcia Silva.
Coordenadora do Centro Estadual de Referência da Mulher Fátima Lopes, sediado em Campina Grande, Isânia Monteiro, abordou sobre a questão da violência doméstica e alertou para que o dia 19 de junho seja enfatizado, tendo em vista que o Brasil é o 5º pais que mais e mata mulheres no mundo, e essas estatísticas, segundo ela, são ainda mais assustadoras quando e trata de mulheres negras, periféricas, com deficiências ou LGBT. Para ela, o feminicídio é apenas “a ponta do iceberg”. “Trazer a construção do enfrentamento da violência contra a mulher é também dizer da importância desse Observatório na construção de uma sociedade mais justa e igualitária”, destacou.
Em sua fala na mesa a advogada Paula Vanessa, que preside a Comissão da Mulher da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), secção Campina Grande, ressaltou que a importunação é um tipo de violência que tem crescido e que ainda não existe clareza na legislação sobre esse tipo de ato e rigor na punição do agressor. Paula que também representou a Secretaria de Estado da Mulher e da Diversidade Humana, citou alguns tipos de importunação sexual registrada recentemente no país. “É um desafio pensar na importunação sexual e discutir o feminicídio. É importante pensarmos que a importunação sexual nasce de um fato que precisar ser combatido pelos diversos instrumentos existentes”, esclareceu.
A advogada Isabele Ramalho enfatizou que o feminicídio é um tipo de violência que tem atingido todas as mulheres nas mais diversas realidades. “Essa campanha é imprescindível. Se nós não tivermos debatendo, dialogando e evitando novas práticas de violência, perderemos essa guerra”, frisou. A campanha constitui uma ação educativa e visa ampliar as informações sobre as diversas violências que atingem as mulheres nos diferentes espaços da sociedade, além de difundir os serviços da rede estadual de enfrentamento à violência contra as mulheres para estudantes, servidoras técnicas administrativas e docentes da UEPB.
Discursaram ainda no lançamento do evento a diretora do Centro de Ciências Biológicas da Saúde (CCBS), professora Nícia Stellita da Cruz Soares; a professora Margareth Maria de Melo, diretora adjunta do Centro de Educação (CEDUC); o professor Geraldo Medeiros Júnior, diretor do Centro de Ciências Sociais Aplicadas (CCSA); a pró-reitora adjunta de Extensão, professora Dauci Pinheiro Rodrigues; o pró-reitor adjunto Estudantil, Manuel Antonio Gordón-Núñez; e o pró-reitor adjunto de Gestão de Pessoas, Josenildo Lima.
Texto: Severino Lopes
Fotos: Hipólito Lucena/Severino Lopes
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