Observatório do Feminicídio promove atividades formativas junto aos estudantes do curso de Psicologia
Com uma formação profissional que exige o direcionamento para o cuidado e atenção a todas as pessoas, compreendendo a diversidade humana e o contexto sociocultural, os estudantes co curso de Psicologia da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) devem contar com mais uma ação do sentido de possibilitá-los o aperfeiçoamento numa temática cada vez mais evidenciada e que requer a preocupação desta categoria: a violência de gênero. Nesta quinta-feira (25) um grupo de estudantes do 6º e 7º períodos, vinculados ao componente curricular “Estágio Básico II”, participarão de atividades formativas promovidas pela equipe do Observatório do Feminicídio da Paraíba – Professora Bríggida Rosely de Azevedo Lourenço.
A coordenadora do Observatório, professora Ivonildes Fonseca, destaca que essa iniciativa possibilitará a formação deste grupo para compor a equipe do Observatório e atuar conforme preconiza o próprio Conselho Federal de Psicologia. Recentemente, o órgão lançou uma cartilha pontuando que os direitos humanos devem ser uma das áreas de atuação da psicóloga e do psicólogo e enfatizando a necessidade de serem estabelecidas práticas formativas de caráter prático.
“O objeto do Observatório Brigidda Lourenço envolve sofrimento, mas, também necessidade de diálogo, e não apenas ações de repressão. Precisamos apresentar ações de prevenção nesse campo de violência contra as mulheres. E os estudantes de Psicologia poderão nos ajudar nessa direção”, avalia a professora Ivonildes.
A ação, idealizada a partir de uma iniciativa da professora Jadcely Rodrigues Vieira, busca possibilitar o contato dos discentes com as temáticas relacionadas às questões de gênero para que estes atuem como agentes multiplicadores deste conhecimento.
“Percebemos que hoje essa problemática da violência de gênero está na ordem do dia. Não há como os psicólogos não se engajarem, considerando que a violência atinge quem sofre e todo o entorno. E, embora não haja no curso um componente curricular específico para discutir essas questões de gênero, são temáticas transversais nas discussões estabelecidas ao longo do curso e por meio dos projetos de pesquisa e extensão. Então, procuramos o Observatório para contemplar essa questão no componente curricular que ministro, e, posteriormente, a partir dessa iniciativa pensamos em criar um projeto de extensão para que estes estudantes possam lidar com as temáticas relacionadas ao abuso e violência”, avalia a professora Jadcely.
A estudante do 7º período de Psicologia, Maria Clara da Silva, aponta que essa formação será importante para que as pessoas que participarem do curso possam entender os mecanismos de dominação e violência que atingem as mulheres e, em sua futura atuação profissional, possam compreender as demandas sociais que os cercam e criar uma rede de apoio e acolhimento às vítimas desse tipo de situação.
“Cada vez mais vemos que os debates sobre a violência de gênero têm se expandido, saindo dos muros da academia e dos discursos teóricos para realmente chegar à população que necessita entender a violência que perpassa as suas vidas, as formas de buscar apoio e todas as opções de acolhimento que são oferecidas”, avalia Maria Clara.
Além dos estudantes de Psicologia, a próxima formação “Equiparando Informações para uma Gestão UEPB efetivando Direitos”, promovida pelo Observatório de Feminicídio Briggida Lourenço, que já foi realizada com gestores da administração central da UEPB, deve contemplar o corpo técnico da Instituição.
A Psicologia e a Violência de Gênero
O Conselho Federal de Psicologia (CFP) tem várias frentes de atuação relacionadas às mulheres e pela garantia dos seus direitos. Entre as ações da Instituição articuladas a essa temática, destaca-se a Resolução CFP nº 08/2020, publicada em julho de 2020, que estabelece normas de atuação do exercício profissional em relação à violência de gênero.
A Resolução afirma que a psicóloga e o psicólogo deverão acolher e cooperar com ações protetivas à mulher, seja ela cisgênero, transexual ou travesti, e à pessoa com expressões não binárias de gênero, dentre outras, considerados os aspectos de raça, etnia, orientação sexual, deficiência, quando elas tiverem direitos violados.
De acordo com a norma, em relação à mulher, seja ela cisgênero, transexual ou travesti, e à pessoa com expressões não-binárias de gênero, dentre outras, considerados os aspectos de raça, etnia, orientação sexual, deficiência, a psicóloga e o psicólogo não devem intensificar processos de medicalização, patologização, discriminação, estigmatização, usar instrumentos, métodos, técnicas psicológicas que criem, mantenham, acentuem estereótipos; desenvolver culturas institucionais discriminatórias, assediadoras, violentas, legitimar ou reforçar preconceitos.
Texto: Juliana Marques