Oficina sobre saúde mental busca formar rede de apoio para pessoas suscetíveis a problemas psíquicos
Dentro das atividades da campanha “Setembro Amarelo: precisamos conversar sobre a vida” na Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), a Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas (PROGEP) e a Pró-Reitoria Estudantil (PROEST) promoveram, nesta sexta-feira (27), a oficina “Ocorrência em Saúde Mental”. O evento, realizado no Auditório do Departamento de Psicologia, no Câmpus de Bodocongó, teve como objetivo capacitar chefias e setores estratégicos da Instituição na identificação e abordagem de problemas que envolvam a saúde mental, buscando formar multiplicadores de prevenção de possíveis casos de doenças psíquicas na UEPB.
A oficina “Ocorrência em Saúde Mental” se dividiu em duas partes. No primeiro momento, coordenado pela psicóloga clínica Candise Lira, especialista em Saúde Mental, foi feita uma abordagem em torno das principais doenças psicossomáticas. Ela falou sobre as características de cada doença, como tratá-las e se prevenir contra elas. A especialista alertou para as consequências dessas doenças, que podem levar a pessoa a um ato extremo contra sua vida. Em um alerta, a profissional afirmou que o mundo vive o século adoecedor, acometido de dor e várias enfermidades.
Candise apresentou os principais fatores que levam ao aumento da incidência de problemas na saúde mental, que envolvem aspectos físicos e mentais. O estresse e a agitação do mundo moderno, bem como o avanço das tecnologias são algumas das causas do surgimento de doenças psicossomáticas. Ela citou como exemplo a solidão, cuja aliada são as redes sociais que, geralmente, projetam imagens que nem sempre traduzem a realidade. “Vivemos una geração que se aproxima de quem está longe e se distancia de quem está perto”, avaliou.
Uma das doenças abordadas pela especialista foi a depressão que, associada à ansiedade, tem crescido de forma preocupante e causado danos à sociedade. Analisando algumas especificidades, Candise mostrou fatores que apontam para a depressão, como a ansiedade com seus múltiplos sintomas, a exemplo da síndrome do pânico e da fobia social, Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), entre outros distúrbios. Contribuem ainda para esse problema o excesso do trabalho, a falta de apoio social, as exigências da sociedade para que a pessoa seja melhor em tudo, o estresse e o histórico familiar.
Todas essas doenças psíquicas, segundo Candise, têm crescido de forma preocupante, mas são curáveis. Como forma de prevenção, a especialista destacou a necessidade das pessoas buscarem ajuda médica para que haja uma intervenção, não abandonar o tratamento medicamentoso, procurar situações de relaxamento, ter uma alimentação saudável, melhorar o controle da jornada de trabalho e investir nas relações interpessoais, não perdendo a capacidade de se relacionar.
Em relação a prevenção, ela observou que o acolher o outro, saber escutar e ter a sensibilidade para ouvir o grito de quem sofre desses problemas e está angustiado pode ajudar a prevenir o suicídio. Para Candise, é importante valorizar a vida e trabalhar para minimizar as dores e angústias.
Os tratamentos clínicos dos pacientes acometidos pelas doenças psicossomáticas na rede pública foram apresentados pela Enfermeira do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), Rita Galdino. Ela mostrou que o tratamento é realizado de diversas maneiras, sendo uma delas trabalhando a mente para o paciente se desvincular de todo o processo do medo. A parte de cultura, na qual é descoberto o lado artístico dos pacientes, também ajuda no tratamento. Associada a esse trabalho, é feita a intervenção com medicamentos que atuam para tirar o paciente dos surtos psicóticos e alucinações, no intuito de fazer com que eles voltem a ter uma vida normal e ao convívio familiar. Em média, o tratamento dura quatro meses.
Após as explanações das profissionais, a PROGEP, por meio da psicóloga Paula Andrade, da enfermeira Maísa Ferraz e da assistente social Juliana Grangeiro, apresentou um “Fluxograma de ocorrências em saúde mental na UEPB”. Ao final a equipe Psicossocial da PROEST apresentou ações, projetos e procedimentos voltados para a saúde mental do público discente da Universidade. A apresentação foi feita pela psicóloga Luíza Almeida e pela assistente social Thayza Gregório de Sousa, que compõem o Núcleo Psicossocial da Instituição.
Luíza Almeida explicou que o intuito do Núcleo, que funciona dentro da PROEST, não é fazer clínica, mas acolher e acalmar o estudante que enfrenta problemas emocionais e psicológicos. Após fazer o acolhimento, o aluno é encaminhado para a rede de serviço de saúde pública existente em Campina Grande. Para ter acesso ao serviço, o estudante só precisa fazer o pedido à pró-reitoria e em menos de 24 horas o atendimento é agendado.
A pró-reitora adjunta de Gestão de Pessoas, Ana Paula Lima, reforçou que, mesmo com o término do “Setembro Amarelo”, a UEPB continua em estado de alerta e desenvolvendo ações que valorizam a vida e procuram minimizar os efeitos dos problemas de saúde mental. Ana Paula destacou que, na UEPB, a PROGEP e a PROEST vêm desenvolvendo ações voltadas para a saúde mental dos servidores e estudantes da Instituição. Ela lembrou que o suicídio ainda é algo silencioso e considerado um problema de saúde pública.
No Brasil, o suicídio é a segunda principal causa de morte entre jovens com idade entre 15 e 29 anos. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), quase 800 mil pessoas morrem por suicídio todos os anos no planeta. Segundo especialistas em saúde mental, o suicídio vem se configurando como uma tragédia global. Trata-se de uma tragédia silenciosa que, muitas vezes, é uma denúncia de uma crise coletiva e, por isso, é preciso pensá-la como um problema de saúde pública e atuar no sentido de criar políticas públicas voltadas para essa questão.
Texto: Severino Lopes
Fotos: Paizinha Lemos
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