Palco do Choro: Cordel, Coral, Forró e Chorinho estão na programação do Museu de Arte Popular da Paraíba

27 de junho de 2024

Nesta sexta-feira (28), a partir das 17h, tem programação para todos os gostos no Museu de Arte Popular da Paraíba (MAPP) da Universidade Estadual da Paraíba, em Campina Grande. Cordel, Chorinho, Canto Coral e Forró dão o tom da iniciativa, que conta com entrada gratuita, como de costume.

O evento começa com um momento aguardado no MAPP: a abertura da exposição “Paraíba – Berço da Cantoria, do Cordel e de Culturas Populares”. Nela, uniram-se artistas do Fole de Oito Baixos e outros músicos, poetas apologistas e artesãos, bem como entidades representativas dessas expressões artísticas, com o objetivo de gerar um ambiente criativo e de interação.

Além do Palco do Cordel – um local pensado especialmente para a declamação de poesias e cantoria – o espaço traz ao visitante diversas obras no campo das artes plásticas, contemplando, por exemplo, xilogravura, escultura em madeira e ilustrações variadas, com Mané Gostoso Neto, Ana Lima, Marcelo Soares, Josafá de Orós, Jô Oliveira, Erivaldo F. Silva, José Lourenço (Juazeiro do Norte- CE), Abraão Batista (Juazeiro do Norte-CE), Biagio Grisi, Bento (Sumé) e trabalhos da Associação dos Artesãos do Cariri Ocidental (Arca).

No que diz respeito à seara literária estão lá vários títulos da Biblioteca de Obras Raras Átila Almeida (BORAA) da UEPB, da Academia de Cordel do Vale do Paraíba (ACVPB), do Instituto Histórico de Campina Grande (IHCG), da Pró-Reitoria de Cultura (PROCULT), da Editora da UEPB (EDUEPB), do MAPP, da Fundação Casa de José Américo (FCJA) e da Empresa Paraibana de Comunicação (EPC – A União).

Todas essas parcerias resultaram em um ambiente aconchegante, colorido e muito atraente ao público, que já na semana anterior pôde conferir apresentações com Arnaldo Mendes e Robson Jampa, cantando modas poéticas no Palco do Cordel. O Mestre João Apolinário também participou, entalhando na madeira, ao vivo, e contando como ocorreu seu percurso artístico. A proposta é que sempre às terças-feiras aconteçam iniciativas semelhantes.

A curadoria é assinada pela professora Joseilda Diniz, o poeta apologista Alfrânio de Brito e a poeta, professora e vice-presidente da ACVPB, Claudete Gomes. “Conseguimos congregar diversos agentes da enorme teia que compõe o cordel, a partir do propósito de fomentar o gênero e dar voz a esses artistas. A nossa curadoria vai permanecer durante todo o ano, propondo adaptações, reinvenções e novos autores”, explicou a professora Joseilda.

Chorinho, Forró e Coral
Em seguida, às 19h30, a batuta do MAPP é passada para o Palco do Choro, em sua versão junina. A apresentação começa com o anfitrião da casa, o Grupo Chorata, esquentando a noite com um repertório de forró e chorinho regionais, acompanhando o clima das festividades que tomam conta da Rainha da Borborema nessa época. E, proporcionando uma ocasião ainda mais especial, o “Coro em Canto” da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) se junta à celebração musical, tendo como esteio um repertório essencialmente nordestino.

O homenageado do mês será o “Forró do Nó” – grupo do artista campinense Noaldo Morais de Oliveira, que atua, entre outras atividades, como cantor, bonequeiro, cordelista e palhaço.

Nascido na década de 60, ele foi diretamente inspirado pelas histórias do avô, narradas pelo seu pai, e de seu tios‐avôs, os poetas Zé e Amaro Bernardino, violeiros cantadores de primeira linha, cultivando, assim, desde a infância, o amor pelas tradições culturais do Nordeste. Já na década de 70, adolescente, seria fisgado pelo forró de João Gonçalves, Genival Lacerda, Trio Nordestino, Os 3 do Nordeste e vários outros grupos do período, criando em sua mente um repertório vasto que, somente aos 42 anos, teve a oportunidade de expressar no mundo, como cantor.

O “Nó” do Forró
Em 2004, Noaldo formou um trio chamado Sementes do Forró, que durou de 2002 até 2004; depois, veio o Forró Terra Nova, de 2004 a 2010; posteriormente, surgiu o “Forró do Nó”, que segue até a atualidade, aproveitando o próprio nome do cantor (Noaldo, Nó) como marca.

O grupo esteve em palhoças no Parque do Povo, durante o Maior São João do Mundo, nas feiras Central e Agroecológica, em São José da Mata, nas cidades de Lagoa Seca, Boqueirão, Aroeiras, Gurinhém e Serra Redonda, mas foi principalmente no distrito de Galante a sua maior atividade. Hoje, aos 62 anos, Noaldo segue carreira solo, tendo o canto apenas como hobby em eventos particulares, corporativos, ou em reuniões com amigos.

Xote, vaneirão, marchinha, arrasta-pé e baião são as estrelas em cuja órbita gravita o Forro do Nó, sempre elevando os clássicos da cultura junina e nordestina. Entre os artistas representados, figuram toda a gama do pé de serra, até alguns descendentes da tradição nos forrós estilizados dos anos 90 e 2000.

Texto: Oziella Inocêncio