Palestra com abordagem sobre cultura de paz marca retorno das aulas presencias no Câmpus de Campina Grande

Palestra com abordagem sobre cultura de paz marca retorno das aulas presencias no Câmpus de Campina Grande
28 de abril de 2025

Uma universidade pública, gratuita e com segurança. Com algumas medidas preventivas implementadas e um perceptível clima de paz no ar, foram retomadas na manhã desta segunda-feira (28) as aulas presenciais no Câmpus I da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), em Campina Grande.

Fazem parte do Câmpus o Centro de Ciências Sociais Aplicadas (CCSA), Centro de Educação (CEDUC) e Faculdade de Linguística, Letras e Artes (FALLA) estes, que funcionam na Central Acadêmica Paulo Freire, além do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS), Centro de Ciências e Tecnologia (CCT) e Centro de Ciências Jurídica (CCJ). As aulas foram suspensas por meio de duas portarias para que a Administração Central implantasse ações emergenciais para reforçar a segurança na Instituição.

Este retorno foi marcado por uma acolhida especial aos(as) discentes, professores(as) e técnicos(as) administrativos(as) do Câmpus I. O ponto alto da acolhida foi o evento intitulado “UEPB por uma cultura de paz”, que aconteceu no hall da Central Acadêmica Paulo Freire. Ao se dirigir ao local, todos(as) já perceberam as primeiras medidas concretas na Instituição, com mais seguranças na escadaria do prédio.

A partir das 9h foi realizada a palestra “O Eu & o Outro: civilização & barbárie”, proferida pelo médico psiquiatra e doutor em Sociologia, Edmundo Gaudêncio. Diversos cartazes e faixas também foram espalhados pelo Câmpus, com mensagens e reflexões sobre a paz. O evento reuniu pró-reitores(as), diretores(as) de Centros e da FALLA, coordenadores(as) de curso, além dos(as) discentes de todos os cursos que compõe o Câmpus I.

Presidente da solenidade, a vice-reitora, professora Ivonildes Fonseca deu as boas-vindas a todos(as) os(as) participantes e destacou o empenho da gestão em dotar a Universidade em um ambiente seguro, tranquilo onde predomine a paz. Ivonildes fez questão de agradecer todas as pessoas envolvidas nas ações emergenciais que foram adotadas para garantir a segurança no âmbito da UEPB. Ela também conclamou a comunidade acadêmica a prestar uma homenagem às vítimas do fatídico episódio ocorrido no Câmpus I, com 1 minuto de silêncio.

Para a vice-reitora Ivonildes Fonseca, o 28 de abril é um marco importante para a retomada das atividades presenciais da UEPB. “Estamos colando nossos caquinhos emocionais, o coração triste, mas teremos que seguir e a gente consegue hoje retomar essas atividades presenciais com força da união que existe na Universidade. Estamos retomando com a união das pró-reitorias e dos pró-reitores, com todas as docências, Centros e a FALLA. Na verdade, estamos retomando o nosso estado de tranquilidade para trabalharmos, desenvolvermos as nossas pesquisas, o nosso ensino, as nossas atividades de estudos. Porque isso é o que fazemos na UEPB” afirmou.

A professora Ivonildes fez questão de destacar que a UEPB não é espaço para produzir violências, e o que aconteceu foi reflexo da onda de violência que assola a sociedade contemporânea. “E assim nós vamos cumprir uma das nossas funções primordiais, que é também lutar para mudar essa mentalidade social perversa”, acrescentou.

Durante o evento, a pró-reitora de Infraestrutura, professora Weruska Brasileiro, anunciou algumas medidas de segurança já adotadas pela gestão, começando pelo Câmpus I, como a contratação de 25 agentes de vigilantes, aumento da ronda motorizada, aumento de postos com vigilantes armados que que passou de 11 para 16, melhorias na iluminação com instalação de lâmpadas de led, compras de novas câmeras para reforçar a vigilância eletrônica e melhorias estruturais na Central Acadêmica Paulo Freire com abertura de rotas de fuga e corredores de emergência, além de instalações de alarmes, sinalizações e hidrantes, adequações de acessibilidade.

Outras ações serão realizadas nos próximos dias, como a instalação de catracas eletrônicas para fortalecer o controle de acesso inicialmente no Câmpus I, instalação de câmeras de inteligência com reconhecimento facial no perímetro interno da UEPB, e o uso da tecnologia com a instalação de inteligência artificial as quais serão conectadas ao Centro Integrado de Comando e Controle (CICC) do Governo do Estado.

Presente no evento, a pró-reitora Estudantil, professora Núbia Nascimento, também fez questão de acolher os estudantes. Ela enfatizou que a PROEST estará aberta nos períodos da manhã, tarde e noite para receber e acolher as demandas dos(as) estudantes, bem como, encaminhá-los(as) para eventuais atendimentos psicológicos, caso necessitem. “A PROEST está aberta para acolher o estudante que tiver necessidade, qualquer tipo de necessidade, qualquer dúvida, qualquer problema, procure na sala 227, no segundo andar aqui na Central Acadêmica”, afirmou a pró-reitora.

O evento também contou com a presença do coronel Gilberto Felipe, responsável pelo Comando de Policiamento Regional 1(CPR1), que reafirmou o reforço do policiamento em torno do Câmpus I. Ele também detalhou o Plano Contingencial com presenças ostensivas nos três turnos na Universidade, de policiais, em viaturas em deslocamentos no Câmpus. Representante dos estudantes no evento, o discente do Luiz Henrique Silva Sousa, do curso Letras Espanhol e integrante do Centro Acadêmico da FALLA, apontou o receio da retomada das aulas, mas disse que as medidas já adotadas pela UEPB transmitem um clima de paz e segurança.

Palestra
Depois das falas, as atenções se voltaram para a palestra “O Eu & o Outro: civilização & barbárie”, do professor Edmundo Gaudêncio, que arrancou aplausos dos(as) discentes por sua rica e profunda mensagem de apelo a vida e a paz. Ele destacou que alguns elementos precisam ser cultivados para a implantação de uma cultura de paz no país. Como psiquiatra, ele ressaltou que a sociedade contemporânea está vivendo literalmente em um tempo de violência gratuita, contra todo e qualquer outro em virtude daquilo que alguns filósofos chamam de desaparecimento da alteridade.

“Existe no mundo apenas eu, e pra variar, eu mesmo. Isso em grande medida decorrente do uso de eletroeletrônicos, como os celulares, que nos isolam do mundo. Celulares esses, que tal como diz o Humberto Eco é um excelente aparelho eletroeletrônico que serve para aproximar que está distante e distanciar quem está próximo”, observou. Durante a sua fala, ele ainda discorreu alguns aspectos relativos à civilização ou barbárie, um conceito proposto desde os gregos, além de apresentar alguns aspectos criminológicos alusivos ao fato ocorrido no interior da UEPB, mas sem nenhuma relação direta com a Instituição. Adiante ele tratou de uma discussão sobre ética, lembrando que só discute ética porque ela se faz ausente. “A gente nunca fala sobre aquilo que seja presença. Objetivando que os estudantes possam tomar consciência de que a cultura de paz começa dentro de cada um de nós. Não é algo advindo de fora. É algo que você cultiva a partir da formação, de uma consciência ética, moral e respeito ao mundo, respeito ao outro e, evidentemente, respeito a si próprio”, destacou Edmundo Gaudêncio.

O professor ainda proferirá uma outra palestra, com o mesmo tema, no turno da noite para os(as) discentes matriculados neste horário. À tarde, a equipe de profissionais da PROEST recepcionará estudantes, professores(a) e técnicos(a) administrativos(as) em forma de acolhida.

Texto: Severino Lopes
Fotos: Paizinha Lemos