Pesquisa do Câmpus IV com palma forrageira e cordeiros é apresentada a especialistas e empresários
A alimentação durante a terminação em confinamento de ruminantes pode representar até 80% dos custos de produção. No entanto, no Semiárido brasileiro, existe uma forrageira bastante cultivada e adaptada às condições edafoclimáticas, a palma forrageira. Assim, surgiu uma pesquisa de iniciação científica realizada no Câmpus IV da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), em Catolé do Rocha, recentemente apresentada a produtores e população.
A palma forrageira é uma cactácea rica em água e energia, apresentando aproximadamente 75% dos nutrientes digestíveis totais (NDT) – que representa a energia para ruminantes; e 60,1% dos carboidratos solúveis, amido e pectina, quando comparada ao milho, reduzindo o custo com concentrado energético do sistema de produção.
Edafoclimáticas são as características do meio ambiente, como: clima, o relevo, a litologia, a temperatura, umidade do ar, radiação, tipo de solo, vento, composição atmosférica e a precipitação pluvial. Condições edafoclimáticas são as características do solo que influenciam os seres vivos, em particular o vegetais.
A pesquisa foi fruto de um projeto do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) cota 2023/2024 intitulado “Avaliação do desempenho bioeconômico de cordeiros de diferentes grupos genéticos terminados em confinamento alimentados com ração à base de palma forrageira”, que teve como bolsista o estudante do curso de Agronomia, Júlio Cesar de Araújo Bezerra Brandão. O experimento foi desenvolvido no setor de terminação em confinamento de ovinos, localizado no Câmpus IV, sob a coordenação do professor Felipe Queiroga Cartaxo, e sob o protocolo da Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA) nº 046/2023.
A pesquisa teve 56 dias de duração, precedida de sete dias para adaptação dos animais às instalações e a ração. A ração continha 80,12% de palma forrageira “Orelha de Elefante Mexicana” (Opuntia stricta Haw), 4,65% de feno de capim-buffel e 15,23% de concentrado à base de milho, farelo de soja, ureia e minerais. Foram utilizados 16 cordeiros, sendo oito da raça Santa Inês e oito da raça Dorper, com aproximadamente 150 dias de idade e peso inicial de 24,28 kg, que ficaram distribuídos em duas baias coletivas separados por grupos genéticos com acesso a bebedouros e comedouros.
Resultados
Os resultados demonstraram que o consumo de água foi reduzido em aproximadamente 20%, tendo a palma fornecido um percentual bastante significativo de água (80%). O ganho de peso durante o confinamento foi de 14,20 kg, ganho de médio diário foi de 253 g/dia, o consumo de ração na base natural foi de 5,39 kg e conversão alimentar foi de 5,75 kg de matéria seca/kg de peso ganho.
A margem bruta de lucro utilizada como indicador econômico foi positiva e registrou um valor de R$ 62,07/cordeiro. Segundo o coordenador do projeto, professor Felipe Cartaxo, os resultados foram promissores e a palma forrageira é um alimento que pode ser utilizado durante o confinamento de ruminantes, proporcionando desempenho satisfatório com baixa ingestão de água, além de margem bruta de lucro positiva.
O docente afirmou que a pesquisa foi realizada com a finalidade de mostrar aos produtores que é possível terminar ruminantes em confinamento utilizando palma forrageira, objetivando reduzir o custo do sistema com alimentação, por a palma ser adaptada e produzir alta quantidade de matéria verde no semiárido brasileiro. A pesquisa pode ser replicada nas propriedades que fazem terminação de ovinos, bovinos ou caprinos. “Os resultados foram surpreendentes pelo alto ganho de peso e baixa ingestão de água durante o confinamento”, disse Cartaxo.
Os resultados foram apresentados pela equipe envolvida no projeto na quarta-feira (22), em um evento denominado de “Tarde de Campo”, objetivando apresentar os resultados da pesquisa. Estiveram presentes agentes de desenvolvimento do Banco do Nordeste do Brasil, extensionistas da Empresa Paraibana de Pesquisa, Assistência Técnica e Regularização Fundiária (Empaer) e representantes da Associação de Produtores Rurais do município.
Para o diretor do Centro de Ciências Humanas e Agrárias (CCHA), professor Edivan Nunes, o evento foi importante porque algumas pesquisas tendem a ficar nas prateleiras, porém, esse trabalho trouxe uma relevância muito grande, especialmente ao pequeno produtor que cultiva palma.
“Através desse estudo, ele vai poder trocar a ração tradicional pela palma, que já é uma cultura de expressão, especialmente no semiárido. Esse foi o grande diferencial da pesquisa. A UEPB procurou mostrar para pessoas ligadas aos produtores, esse resultado. O próprio bolsista foi convidado a participar de ações junto aos produtores. Isso mostra o quanto foi significativa a pesquisa e mostra a importância do campus IV e da UEPB nesse cenário”, pontuou.
Texto: Juliana Rosas
Fotos: Divulgação
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