Pesquisa pioneira e fruto de parceria interinstitucional da UEPB apresenta modelo universal para estudo em plantas
Uma parceria interinstitucional gerou pesquisa pioneira e resultado com potencial transformador. Em artigo aceito para publicação na revista científica Ecological Modelling, da editora Elsevier, a professora do Departamento de Biologia da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), Dilma Maria de Brito Melo Trovão, teve participação na propositura de um modelo universal capaz de explicar as estratégias de conquista do espaço aéreo das espécies lenhosas sob diferentes intensidades de estresses ambientais.
No trabalho intitulado The woody crown network model incorporates maximum height a docente Dilma Trovão auxiliou o professor Carlos Henrique Brito de Assis Prado, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), na proposição do modelo. Os pesquisadores utilizaram dados de duas vegetações naturais brasileiras sob contrastantes intensidades de estresse hídrico, o Cerrado (savana neotropical) e a Caatinga (floresta seca). As diferentes estratégias de conquista do espaço aéreo dessas vegetações ficaram evidentes sob o modelo testado, o que motivou os autores a publicarem seus resultados para que o novo protocolo seja implementado em outras vegetações do planeta.
“É uma pesquisa pioneira. De modo sucinto, mostramos como às árvores estudadas vencem seus estresses a partir da sua arquitetura de copas. É uma contribuição científica relevante e achados inéditos”, relatou a professora Dilma. A parceria entre os docentes surgiu ainda em 2011. Desde então, ambos, a partir do modelo que o professor começara a instituir, empenharam-se em tentar descobrir como as plantas da Caatinga conseguiam sobreviver a tão intensos períodos de deficit hídrico. Estava claro para os autores que havia algo entre as síndromes funcionais exercidas nas plantas lenhosas (não sazonais) daquela vegetação que ainda não havia explicado totalmente o processo.
Em 2020, os professores publicaram os primeiros resultados de suas pesquisas em parceria no Journal of Theoretical Biology, também da Elsevier. Agora em 2023, apresentaram o modelo finalizado na revista Ecological Modelling, que se encontra em vias finais de publicação.
O modelo, que é uma aplicação da Teoria de Redes e se utiliza de suas propriedades, usando a copa das árvores como uma network, demonstra que, para a Caatinga, o fato de as espécies serem extremamente ramificadas, sendo a maioria delas desde muito próximo à base, reduz sua vulnerabilidade, evitando que as plantas morram por falha hidráulica, principal causa de morte em plantas de ambientes secos. Essa é apenas uma das descobertas que o trabalho apresenta. Os autores acreditam que desvendaram a relação da altura máxima das árvores com sua vulnerabilidade, sendo essa uma questão debatida desde o século XIX com a fitogeografia de Humboldt.
A professora Dilma Trovão afirmou que usar a Caatinga como objeto de estudo foi um grande passo para o entendimento e a aplicação do protocolo proposto e que a sua entrada, através do seu estágio pós-doutoral em 2018, auxiliou o professor Prado a resgatar os primeiros trabalhos e voltar sua atenção para este tipo de análise. Os autores acreditam ainda que o modelo apresentado será útil para o manejo de florestas artificiais e naturais, explicando causas de maior mortalidade, vulnerabilidade e resistência a múltiplos estresses, especialmente à seca. E que será importante contributo para estudos globais de dinâmica vegetal capazes de representar respostas de grupos funcionais às constantes alterações ambientais.
Texto: Juliana Rosas/ Dilma Trovão
Fotos: Creative Commons/ Divulgação Arquivo Pessoal
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