Pesquisadora da Universidade Estadual alerta para a possibilidade de chegada do peixe-leão ao Litoral da Paraíba
Uma espécie de peixe venenoso e invasor que é natural da Ásia, mas, alcançou o Oceano Atlântico a partir do Caribe e já pode ser encontrado no litoral brasileiro, o peixe-leão, tem sido motivo de preocupação de pesquisadores do mundo inteiro. Por se alimentar de outros peixes e invertebrados marinhos, além de não ter predador natural, reproduzir-se rapidamente e causar prejuízos a biomas que já são foco de ações de preservação ambiental, a presença desse animal tem causado preocupação em pesquisadores da área.
Com a possibilidade da chegada do peixe-leão à costa da Paraíba nos próximos meses, a pesquisadora do Câmpus V da Universidade Estadual da Paraíba, professora Ana Lúcia Vendel, alerta para a necessidade de ações de conscientização para o correto manejo e promoção de iniciativas que visem o controle da população da espécie no litoral paraibano.
“É uma espécie exótica e muito perigosa, que chegou no Caribe há mais de 20 anos e o problema dele é que ele se desenvolve muito rápido, tem uma reprodução bem intensa, a fêmea pode produzir até 30 mil ovos, além de conseguir predar recife de coral, e impactar de uma forma absurda esses ambientes que já são foco de preservação. Se ele entrar no estuário então é ainda mais preocupante. Embora não haja ainda registros de localização do peixe-leão no Litoral paraibano, devido ao fator dessa espécie já ter sido avistada em Fernando de Noronha e no Rio Grande do Norte, acreditamos que é questão de pouco tempo para eles chegarem às nossas praias. Numa previsão otimista, em dezembro, no próximo verão, isso já será uma realidade”, explica a docente.
A pesquisadora, que é responsável pelo Laboratório de Ictiologia da UEPB possui doutorado em peixes estuarinos e desenvolve estudos sobre autoecologia de peixes e dinâmica da pesca no estuário, destaca que nos locais em que foi localizada a contenção da espécie se faz apenas com a pesca do animal utilizando armadilhas. Professora Ana Lúcia acrescenta que é importante que os estudantes da área de Ciências Biológicas também acompanhem esse processo e possam pensar em formas de auxiliar no manejo desse desequilíbrio causado pelo peixe-leão. A docente utiliza um exemplar do animal doado pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Marinha do Norte, do Pará, para realizar as aulas laboratoriais.
Sobre o peixe-leão
Espécie originária do Indo-Pacífico que se espalhou pelo Caribe no início dos anos 2000, o peixe-leão é um predador agressivo, que vive próximo a recifes de coral e ataca suas presas. Agora ele ameaça ao menos 29 espécies de peixes brasileiros. Peçonhento, possui 18 espinhos venenosos, que injetam uma toxina neuromuscular que, nos seres humanos, pode causar dor intensa, náuseas e inchaço, mas, não é letal.
Com cerca de 47cm de tamanho máximo, a espécie possui corpo listrado de branco, vermelho, laranja e marrom. Órgãos como o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) têm empreendido diversos esforços para orientar a população e quem vive da pesca sobre como identificar e agir em caso de localização do peixe-leão. Caso seja localizado, os espinhos devem ser cortados e o animal entregue ao ICMBio da região em que for encontrado.
Texto: Juliana Marques
Fotos: Divulgação
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