Pesquisadores contribuem com levantamento sobre fauna e flora em reserva ecológica da Caatinga
Conhecida como a “Capital Mundial da Carne de Sol”, a cidade de Picuí, localizada a cerca de 230km de João Pessoa, capital paraibana, apresenta em seu território uma grande diversidade de fauna e flora que ainda é pouco conhecida, mesmo representada no bioma da Caatinga. Apesar da riqueza natural da região, ainda há poucos registros sobre as espécies nativas, tanto vegetais quanto animais. Entretanto, já existem lugares que buscam preservar toda essa diversidade, como é o caso da Reserva Ecológica “Olho D’água das Onças”, localizada na Zona Rural do município.
Para contribuir com o levantamento de dados sobre a Caatinga presente nesta Reserva Ecológica, desde julho de 2021 um grupo de pesquisadores coordenados por Maria Queiroz, mestra em Ciências Agrárias pela UEPB, está desenvolvendo pesquisas afim de contribuir de forma efetiva para um plano de manejo dessa unidade de conservação. Segundo ela, a reserva é uma Organização Não Governamental identificada como uma Unidade de Conservação que tem como principal missão proteger e conservar a Caatinga e sua biodiversidade, e foi escolhida por conta do interesse em desenvolver pesquisas em áreas onde predominam a vegetação. A reserva está localizada a 11 km de Picuí e possui uma área de mais de 20 hectares destinada à preservação e conservação ambiental.
“Em julho deste ano comecei a acompanhar algumas expedições científicas como a do Programa de Apoio aos Núcleos de Excelência (PRONEX), Programa de Apoio aos Núcleo de Excelência financiado pela Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Paraíba (FAPESQ), na qual vieram pesquisadores de algumas universidades realizar um levantamento da herpetofauna existente”, explicou a pesquisadora.
Como resultados da pesquisa, até o momento já foram identificadas mais de 30 espécies vegetais, dentre as quais estão algumas árvores matrizes, nativas e exóticas. De acordo com a coordenadora da iniciativa, espera-se que ao final da pesquisa possam ser obtidos dados suficientes para realizar uma caracterização da área, com dados sobre a fauna, a flora e o solo. Apontado por pesquisadores como um bioma rico em biodiversidade, exclusivo do território brasileiro em que maior parte está localizado no nordeste, a Caatinga encontra-se ameaçada pelas mudanças climáticas e o manejo inadequado do solo, que potencializam o processo de desertificação.
A iniciativa conta também com a parceria e colaboração de diversos pesquisadores da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), a exemplo do professor do Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação, Ethan Barbosa, que junto a uma equipe multidisciplinar ajudou a identificar a área e a traçar um plano de manejo para o local. Para o professor, projetos como a Reserva Ecológica “Olho D’Água das Onças” e pesquisas como a que está sendo desenvolvida atualmente na unidade, são fundamentais para o conhecimento e preservação do bioma Caatinga.
“Ações como essas são muito bem vindas, pois enriquecem não só a região, mas valoram a nossa Caatinga, nos seus aspectos mais ricos e heterogêneos, indo desde o endemismo de plantas e animais, únicos nessa região, como também a bioprospecção de serviços e de produtos nas áreas de fármacos, de cosméticos, alimentícias e dos serviços ecossistemas que áreas desse tipo fornecem para o microclima regional, a conservação dos solos, bem como para a valorização cultural da região”, destacou.
Para preservar o bioma é preciso conhecer suas principais características e peculiaridades, afim de desenvolver ações que efetivamente conservem esse ecossistema e sua diversidade. Alinhada com a agenda 2030 e os 17 objetivos do desenvolvimento sustentável, a UEPB tem atuado buscando apoiar e incentivar iniciativas como essas através de parcerias, que unem desenvolvimento científico e preservação ambiental.
Texto e fotos: Valécia Medeiros (Estagiária)
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