Pesquisadores do CH monitoram processo de revitalização de nascente hídrica no município de Itapororoca
Ações de manejo ambiental, cuidado com o meio ambiente, levantamento da cobertura vegetal, análise de culturas agrícolas nas margens de uma nascente, melhora na produção, desenvolvimento de novas espécies e consciência ecológica. Estes são alguns dos objetivos de um projeto desenvolvido por pesquisadores do Centro de Humanidades (CH) da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), Câmpus III, de Guarabira, que está monitorando o processo de revitalização de uma nascente hídrica no município de Itapororoca, no Litoral do Estado. A iniciativa já começa a produzir resultado, sendo fonte de inspiração para Trabalhos de Conclusão de Cursos (TCC).
Coordenado pelo professor do Departamento de Geografia, Ivanildo Costa da Silva, o projeto tem concentrado as atividades na nascente hídrica no sítio Curral Grande. O acompanhamento do processo na nascente do manancial está sendo feito junto a agricultores da região, através de ações de sensibilização e manejo ambiental sobre a questão da água em propriedades rurais. Trata-se de uma ação compartilhada entre a UEPB e os proprietários, o agricultor Alidmon Sousa, e a professora Beatriz Pinheiro, tendo como parceiros a Secretaria de Agricultura Municipal de Itapororoca e a Empresa de Pesquisa, Extensão Rural e Regularização Fundiária (EMPAER-PB).
O projeto de revitalização foi iniciado em 2022 e teve como primeira etapa o levantamento da situação ambiental na qual a nascente hídrica e seu entorno se encontravam. As ações têm sido fundamentais para garantir a preservação da nascente. Nessa primeira parte do projeto foram analisados o histórico de ocupação da área, a cobertura vegetal, as culturas agrícolas desenvolvidas, o potencial de infiltração de água no solo, os processos erosivos e de sedimentação que consiste no aterramento existente na nascente.
As ações do projeto despertaram nos agricultores o interesse pela recuperação da qualidade ambiental da nascente. Um dos envolvidos na iniciativa, o agricultor Alidmon Sousa afirmou que o interesse pela recuperação da qualidade ambiental da nascente se deu quando ele percebeu que a mesma estava sendo soterrada por materiais que eram depositados após as chuvas, se referindo aos sedimentos transportados pelos processos erosivos oriundos da falta de proteção vegetal adequada para o solo. Ele ainda notou que a quantidade de água disponibilizada pela nascente diminuiu bastante ao longo dos anos, o que afetava diretamente as suas atividades agrícolas, visto que parte de suas águas era usada para irrigação de pequenas áreas.
No levantamento da cobertura vegetal da nascente se observou que a área estava ocupada de quatro formas diferentes, uma parte com uma área já em regeneração, onde o agricultor não cultiva há cerca de um ano e meio, outra área com cana-de-açúcar, uma parte com abacaxi e a área da nascente propriamente dita, onde a água aflora em superfície, essa com vegetação arbórea e herbácea.
No levantamento florístico preliminar na área em regeneração, o professor Joel Cordeiro (Grupo TERRA/UEPB/CH/CNPq), especialista em botânica e parceiro do projeto, observou o desenvolvimento de espécies como Enterolobium contortisiliquum (Vell.) Morong. (Tambor), Genipa americana L. (Jenipapo) e frutíferas como a Psidium guajava L. (Goiabeira). Já o professor Ivanildo Costa da Silva relatou que as primeiras intervenções diretas na área para fins de revitalização foram a interrupção do plantio de novas culturas por parte do proprietário nos dois hectares de terreno disponibilizadas para o processo da gestão ambiental.
Simultaneamente, foi realizado o plantio inicial de trinta mudas, prioritariamente de espécies nativas, que foram doadas por intermédio da Empresa de Pesquisa, Extensão Rural e Regularização Fundiária (EMPAER-PB), por meio da pesquisadora Edilane Meneses e da Secretaria de Agricultura de Itapororoca, na pessoa do então secretário José Serafim. A secretaria fez as doações das mudas.
O professor Ivanildo avalia que a participação direta do agricultor proprietário no processo de revitalização da nascente é essencial para o desenvolvimento do projeto, visto que é ele que tem o contato diário com a área e pode monitorar as condições adequadas de restauração. Ele ressaltou ainda que essa interação pode trazer grandes vantagens na pesquisa e cita o fato do próprio agricultor ser um parceiro da ciência, visto que é ele quem faz o monitoramento diário da precipitação através de um pluviômetro instalado próximo a sua residência, coletando dados fundamentais para o monitoramento da disponibilização de água pela nascente diante das condições de pluviosidade no decorrer dos anos.
As intervenções sobre o processo de revitalização da nascente hídrica já tiveram como resultado científico os trabalhos de conclusão de curso da estudante Inaura Soares, intitulado “Processos de ocupação, degradação e revitalização de uma nascente de água, no município de Itapororoca-PB”, e de Marcelo Alves, que teve como título “Levantamento da taxa de infiltração de água no solo para monitoramento de revitalização em nascente hídrica, no município de Itapororoca-PB”, defendidos e aprovados em 5 de julho, junto ao curso de Geografia do Centro de Humanidades.
Texto: Severino Lopes
Fotos: Divulgação
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