Povos originários: Câmpus V realiza Encontro de Culturas Indígenas com atividades acadêmicas e culturais
Com o objetivo de socializar os diversos saberes dos povos originários, o Núcleo de Línguas do Câmpus V da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) e o Grupo de Pesquisa em Linguagens e Culturas Populares (GLICPOP/UEPB), com o apoio da Pró-reitoria de Cultura (PROCULT) e da Associação Cultural de Indígenas em Contextos Urbanos da Paraíba (ACICUP), promoveram, nesta quinta-feira (26), no Câmpus V, localizado em João Pessoa, o Encontro de Culturas Indígenas da UEPB.
De acordo com o organizador do evento, o líder do GLICPOP/UEPB e professor do Núcleo de Línguas do Câmpus V, João Irineu, que é do Povo Potiguara, esse evento foi idealizado a partir do componente curricular “Linguagens e cultura dos povos indígenas”, ministrado no Núcleo de Línguas. O docente destaca que o evento nasceu da força da ancestralidade indígena que o mesmo carrega somada às experiências de pesquisas com culturas populares.
“Faz-se muito relevante trazer esse contato com as culturas indígenas para nossos estudantes da UEPB para nós mostrarmos que não há uma separação entre cultura e natureza, como a ciência moderna construiu, produziu e nos transmitiu, mas, nas culturas indígenas, há uma vinculação indissociável entre cultura e natureza. E os povos indígenas, através de suas culturas, mostram que é necessário construir outro paradigma de cuidado com o planeta, de cuidado com a biodiversidade, para nossa preservação como totalidade da espécie humana na interação da teia de vida, todos somos um nesta teia da vida”, explica João Irineu.
Para o pró-reitor de Cultura, professor José Cristovão Andrade, esse encontro se soma a outras iniciativas da UEPB para evidenciar a importância das tradições dos povos indígenas e reconhecer uma cultura que durante anos foi destruída e invisibilizada. “Temos realizado alguns eventos na UEPB que buscam proporcionar visibilidade e reconhecimento aos nossos povos originários, temos instituída uma política de cotas, e o Câmpus V está de parabéns por essa iniciativa que mobiliza as comunidades indígenas e valoriza a cultura e o conhecimento proporcionado por esses povos”, avalia Andrade.
A coordenadora do Núcleo de Línguas e professora de Inglês, Janaíne Rolim, avalia o encontro como uma oportunidade de aprendizado e troca de saberes, que permite vivenciar a riqueza das culturas indígenas em aspectos como língua, história, tradições ancestrais, danças e alimentação. A docente lembra que o Evento não foi apenas uma exibição cultural, mas uma verdadeira troca de afetos e valores, que inspirou os presentes a refletir sobre como esses saberes podem contribuir para uma sociedade mais justa, sustentável e em harmonia com a natureza, e para consigo mesmo.
“O ponto mais marcante do evento para mim, como educadora e ativista social (também atuante no Green Peace João Pessoa), foi a presença de famílias indígenas, protagonistas desse momento educativo e cultural, que proporcionaram aos participantes uma imersão em saberes ancestrais no próprio Câmpus da UEPB. Elas nos apresentaram o conceito de Bem Viver, central em suas culturas, oferecendo uma perspectiva autêntica e valiosa, com pausa para reflexão, ao sentirmos a nossa Universidade mediante as atividades práticas propostas”, considera Janaíne.
A abertura do evento contou com a atividade “Núcleo de línguas com poeticidades indígenas”, seguida de pinturas dos grafismos indígenas e roda de conversa “Narrativas ancestrais e histórias de vida indígenas”. No turno da tarde foram realizadas a roda de vivência “Canto e poesias indígenas” e “Espiritualidade e medicinas tradicionais indígenas”, além de Toré com o povo Potiguara (aldeia São Francisco). A programação foi encerrada com a mesa “Políticas públicas e direitos humanos da população indígena em contextos urbanos”.
Texto: Juliana Marques
Fotos: Juliana Marques e João Irineu (Divulgação)
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