UEPB realiza “Com a Diferença Tecer a Resistência: Preparando o Terceiro Desfazendo Gênero”

26 de abril de 2016

Sem título5
Entre os meses de maio a dezembro, a UEPB realiza o evento “Com a Diferença Tecer a Resistência: Preparando o Terceiro Desfazendo Gênero”. O Seminário Internacional homônimo acontecerá na Instituição em 2017, na cidade de Campina Grande. No sentido de planejá-lo, ocorrerão cinco encontros, que perfazem um desdobramento das ações desenvolvidas a partir do Programa de Extensão Universitária “Todxs Juntxs Somos Fortes: enfrentando o racismo, misoginia e LGBTTIfobias no território da Borborema”.
A programação do “Com a Diferença Tecer a Resistência: Preparando o Terceiro Desfazendo Gênero” conta com cursos de extensão, debates, painéis, lançamento de livros, rodas de conversa, palestras e encaminhamentos, exibições de filmes e apresentações artísticas, e será sediada no Centro de Integração Acadêmica (CIA), Campus I.
Como tema do primeiro encontro, que ocorre na quinta (12) e na sexta-feira (13), figura “Corpo, diferença e resistência sob a mira dos fundamentalismos”. Destaques da programação são os cursos de extensão “Epistemologias subalternas, implicações metodológicas na produção do conhecimento e na organização política” e “A conjuntura política sob a ótica subalterna. Introdução aos saberes subalternos e a perspectiva Queer”.
Haverá ainda o lançamento do livro “Que os Outros Sejam o Normal”, do professor Leandro Colling, oriundo da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e a apresentação e debate sobre as pesquisas vinculadas ao Programa “Todxs Juntxs Somos Fortes”, a partir dos tópicos “Além de Macumbeiro é Bicha: marcadores de gênero, raça e sexualidade nas tradições Afro-Ameríndias de Campina Grande”, com o graduando em História do Campus I, Lucas Gomes de Medeiros, e “O gênero da resistência nas rezadeiras de Boa Vista”, com a estudante de Serviço Social Rebeca Araújo de Souza. A mediação será feita pelos professores Leandro Colling e Jussara Carneiro Costa.
Também consta na programação o painel “A Arte Resistência nas tradições Afro-Ameríndias de Campina Grande”, com uma roda de conversa com representantes das tradições ligadas ao Jongo, Jurema Sagrada e Candomblé de nações Nagô, Ketu e Angola. Finalizando o primeiro encontro haverá a atividade cultural “Toque de Jurema Sagrada Saudando o Povo da Rua e os Pretos Velhos” e uma roda de coco e ciranda.
“O Desfazendo Gênero” foi criado por pesquisadores e ativistas ligados aos estudos Queer como estratégia para enfrentar a dificuldade de inserir nossas interpelações epistemológicas, teórico-conceituais, metodológicas e políticas nos eventos já existentes no Brasil. Além disso, também propõe a ocupação do espaço acadêmico por quem historicamente o habitou somente como objeto de definição de uma presumida anormalidade, contribuindo dessa maneira para uma reacoamodação da relação saber-poder”, explicou a coordenadora, professora Jussara Carneiro Costa.
A primeira edição do evento ocorreu em agosto de 2013, na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), sob a coordenação da professora Berenice Bento, com o tema “Subjetividade, Cidadania e Transfeminismo” e contou com uma conferência de abertura com a socióloga francesa Marie-Hélène/Sam Bourcier. Já a segunda aconteceu em setembro de 2015, na UFBA, sob a coordenação de Leandro Colling, abordando “Ativismos das Dissidências Sexuais e de Gênero”, com a presença da filósofa estadunidense Judith Butler.
O “Com a Diferença Tecer a Resistência: Preparando o Terceiro Desfazendo Gênero” é realizado pela UEPB/NTS/MEC/Sesu/Proext, Bruta Flor Coletivo Feminista, Coletiva Gaia e Associação Dandara, em parceria com a Pró-Reitoria de Cultura (Procult) da UEPB. Esclarecimentos sobre a programação e acerca das inscrições podem ser adquiridas na página http://www.3desfazendogenero.com.br/. Demais informações serão obtidas pelo e-mail 3desfazendogenero@gmail.com.
Mais sobre o Queer
De acordo com a professora Jussara Carneiro Costa, associado a termos como “estranho” e “esquisito”, o Queer constitui um termo anglófono usado há quase 400 anos para marcar, por meio de insultos, os corpos assinalados como abjetos por sua dissidência e subversão da heteronormatividade, razão pelo qual foi (re)apropriado como base para novas políticas informadas pelas dissidências sexuais e de gênero em relação à cultura heteronormativa.
Ela enfatizou que a perspectiva Queer se constitui como parte de um movimento marcado pela insurgência de saberes subalternizados ou dominados, tidos como não competentes ou insuficientemente elaborados, como saberes ingênuos, hierarquicamente inferiores, abaixo do nível requerido de conhecimento ou de cientificidade. “Como observa o filósofo Michel Foucault, esses saberes são ricos em estratégias de resistência, sua emergência, bem como os conteúdos que apresentam, evidenciaram um conjunto de lutas e atuações que foram, deliberadamente, mascaradas, invisibilizadas e desqualificadas. Os saberes queers integram o campo dos saberes dominados, problematizando, de maneira contundente, como técnicas de sujeição e controle estão amarradas ao agenciamento da sexualidade e outros marcadores da diferença e como as produções das diferenças põem em funcionamento um sistema articulado de dominação”, explicou.