Preconceito acerca dos homens no ballet ainda resiste, diz professor do Centro Artístico da UEPB

5 de maio de 2016

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O Ballet Clássico usualmente nos faz pensar em uma bailarina etérea e diáfana, com uma saia de tutu rendada e sapatilhas de ponta. Porém, essa imagem vem se desconstruindo de modo progressivo, afinal o par perfeito para a graça e a delicadeza feminina é o vigor e a virilidade masculina.
Um dos professores das turmas mistas do Curso de Ballet da UEPB, Jefferson Freitas, apontou que o preconceito atrapalha em muitos os homens que almejam ingressar nesse tipo de dança. Para se ter uma ideia do quanto isso é verdade, integram as turmas as quais Jefferson leciona, 133 pessoas, sendo que destas são apenas 19 alunos, enquanto a quantidade de meninas é de 114.
Enquanto elas costumam entrar no ballet ainda crianças, posto que para as mulheres a prática é vista como algo bom, que estimula a feminilidade e uma postura correta, por exemplo, os garotos costumam ser desencorajados e, por demorarem a ingressar na atividade, terminam sendo prejudicados. “Muitos não suportam as agressões e desistem. Normalmente, a família não apoia um menino que queira ser bailarino e disso decorre que os homens acabam por inserir-se na dança bem mais tarde do que as meninas. Esse ingresso tardio dos meninos traz alguns aspectos negativos, pois a flexibilidade diminui, a musculatura estará mais desenvolvida e muitas vezes mais rígida, dentre outros, todavia isso não impossibilita que façam”, destacou o professor.
Ele contou que embora haja todas essas dificuldades envolvidas, alguns dos estudantes se deslocam de cidades circunvizinhas a exemplo de Esperança, Barra de Santana e Alagoa Nova. A faixa etária das turmas que assistem as preleções de Jefferson vai de 8 aos 25 anos.
Ballet, fraqueza e feminilidade
“Já conquistamos o respeito da sociedade, porém ainda não o suficiente. Ainda há bastante preconceito quanto a sexualidade de homens que praticam ballet. Quem conhece o ballet, sabe que não é uma atividade fácil, exige dentre tantas outras coisas, força e um bom desempenho físico. A delicadeza do ballet não tem nada a ver com fraqueza ou feminilidade, ao contrário do que muitos pensam. Costumo brincar que, mesmo as meninas, têm que ser muito ‘macho’ para fazer aulas de ballet, pois não é tão fácil quanto parece. Não tenho medo de afirmar que muitos atletas, praticantes de atividades físicas, vistas por muita gente como mais difíceis, a exemplo da malhação, não suportariam uma aula de ballet clássico”, destacou.
Jefferson acrescentou que, inclusive, um dos alunos aprovados na seleção deste ano, para o ingresso no curso, é policial e concilia sua jornada de trabalho com as aulas de ballet. “Muitas vezes há o medo do que a família irá pensar; o que os amigos vão dizer; os insultos e ‘piadinhas’… Um conjunto de fatores faz com que alguns homens reprimam o desejo de dançar, este não os faz mais ou menos homens, não determina a sua orientação sexual. Todavia, aos poucos, cada vez mais, os homens estão invadindo a dança, a presença da figura masculina a enriquece ainda mais”, destacou.
O Curso de Ballet da UEPB é sediado no Centro Artístico-Cultural da Instituição, localizado na Avenida Getúlio Vargas, S/N (por trás dos Correios – prédio da antiga faculdade de Administração da UEPB), no Centro de Campina Grande. Outras informações podem ser adquiridas por meio dos telefones (83) 3310-9734 e 3310-9719.