Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas da UEPB comemora 10 anos com programação alusiva à data

21 de julho de 2016

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Em julho de 2016, o Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (Neab-í) da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) completou uma década de existência. Para comemorar a data, o Núcleo está definindo uma agenda que constará de atividades para todo o último semestre deste ano e que terá práticas acadêmicas, mas também efetuará ações junto às comunidades tradicionais, quilombolas e indígenas, bem como com os movimentos sociais e grupos organizados da sociedade.
De acordo com a professora Ofélia Barros, uma das integrantes do Neab-í, o Núcleo surgiu em 5 de julho. Naquela oportunidade, ocorreu o primeiro encontro, que foi idealizado pelo professor Benjamim Pereira Filho, atual pró-reitor adjunto da Pró-Reitoria de Cultura (Procult) da UEPB.
“A ideia era ter um espaço de visibilidade, de receptividade e de representação das populações afrodescendentes na UEPB e em Campina Grande, e também das populações africanas. Nesse período, encontravam-se na UEPB alunos oriundos de Cabo Verde, fato que inspirou em grande medida o acontecimento. Assim, vários eventos foram articulados e, em vista do significado dessa ocasião, se pensou a criação do Núcleo. Diante da sensibilidade de seus idealizadores, também foram inseridas as populações indígenas”, explicou a professora.
Ela acrescentou que o Neab-í da UEPB é vanguarda em relação aos demais criados no país, porque além de se apresentar como um espaço de representatividade, de discussão e de mobilização das questões afro-brasileiras e africanas no Brasil, também se tornou um espaço que estendia essas mesmas prerrogativas às populações indígenas, antecipando-se, inclusive, ao que normatiza a Lei 11.645/08, que propõe o estudo da História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena para o currículo escolar. “Não à toa o ‘nosso’ Neab-í, acrescenta-se o ‘í’ com acento agudo, que é simbolizado com uma ‘pena’ para demonstrar que contemplamos as questões que dizem respeito aos nossos remanescentes, tanto africanos quanto indígenas”, assinalou.
O Núcleo conta atualmente com cerca de 20 participantes mais atuantes, sendo composto por docentes da UEPB advindos dos cursos de História, Educação, Sociologia e Serviço Social, além de professores de outras universidades do Estado, além de alunos e ex-alunos da Instituição e representantes das comunidades étnicas.
Dentre as atividades propostas pelo Neab-í figuram debates, mesas redondas, palestras, visitas e passeios, para além das práticas que se referem à produção acadêmica de pesquisa, ensino e extensão, em que consta curso de especialização, com duas turmas concluídas, cursos de extensão e projetos de pesquisa desenvolvidos pelos docentes integrantes do Núcleo.
“Programa de Índio”
Conforme o professor Benjamim, o Neab-í é articulado e surge a partir da Academia, mas o intuito do Núcleo é estar cada vez mais além dela, agregando as esferas étnicas e populares da sociedade. Ele enfatizou que o Neab-í se centra especialmente em contribuir para que seja abolido o preconceito.
“Por exemplo, há toda uma carga negativa nas palavras, no que se chama de ‘brincadeiras’. Quando se fala em programa de índio todo mundo já sabe do que se trata, não é? O mesmo acontece com inúmeras expressões, que algumas pessoas dizem ser inofensivas, mas, como diria Dom José Maria Pires, só sabe o que é o preconceito quem passa por essas situações”, afirmou. Para o docente, as instituições necessitam estar abertas para as demandas sociais, de modo a identificá-las sistematicamente e não reproduzir pré-julgamentos e dicotomias.
Foto: Pierre Verger/ Fundação Pierre Verger