Professor da UEPB participa de expedição que encontra animal ameaçado de extinção registrado há 25 anos
Com a participação de um professor da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), pesquisadores do Plano de Ação Territorial para Conservação das Espécies Ameaçadas de Extinção do Território Xingu (PAT Xingu) foi encontrada a espécie Troglobius brasiliensis Collembola. Collembola é um grupo de pequenos insetos que habitam vários ambientes distintos. A espécie T. brasiliensis é restrita a essa única caverna em Medicilândia, no Estado do Pará.
Segundo o docente Douglas Zeppelin, que é do curso de Biologia, do Centro de Ciências Biológicas e Sociais Aplicadas (CCBSA), Câmpus V, em João Pessoa, a investigação acerca dessa espécie começou em 1995, quando pesquisadores registraram a presença de um inseto com seis pernas, sem olhos ou pigmentos, em uma caverna no interior paraense. Ele lembra das dificuldades durante a pesquisa, visto que encontrar uma espécie rara em uma enorme caverna foi desafiador para a equipe.
“A chance era pequena, pois não tínhamos informações nem sobre o comportamento do animal. Normalmente, em cavernas, a principal fonte de energia é o guano de morcego, mas procuramos por todo o lado e não encontramos. Então decidimos ampliar a área de busca e fomos para o rio subterrâneo, na superfície da rocha limpa, e lá estava ele”, relatou Douglas.
O professor enfatizou que após a constatação da presença do Troglobius brasiliensis na caverna, pesquisadores poderão desvendar todos os detalhes sobre a espécie e conhecer mais sobre a vida desse ambiente cavernícola. Segundo Douglas, a conservação da floresta no entorno é fundamental para a manutenção da biodiversidade, pois garante a rica relação entre grilos, sapos e outros organismos que estão aproveitando os recursos disponíveis naquele local.
“A partir da descoberta do Troglobius puxamos um fio surpreendente de espécies que vivem ali. E tudo isso entra no cálculo do risco de extinção de um animal. Se o Troglobius desaparece, não existe outra presa para substituir e alimentar o pseudoescorpião, por exemplo, por isso é fundamental preservar esse ambiente”, ressaltou o pesquisador.
A descoberta teve grande relevância para as pesquisas relacionadas a espécie rara. Isso porque antes da descoberta, os pesquisadores sabiam que o animal vivia em ambientes cavernícolas, mas não havia nenhuma outra informação sobre hábitos ou características que facilitassem sua localização.
A primeira viagem foi realizada em dezembro de 2022 pelo Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (IDEFLOR-Bio), que coordena o plano, em parceria com a Universidade Estadual da Paraíba (UEPB). Havia apenas um registro existente da espécie, que está classificada como Criticamente em Perigo (CR) na Lista Nacional de Espécies Ameaçadas de Extinção (Portarias MMA nº 443/2014, 444/2014 e 445/2014).
Passados 25 anos, já em 2020, teve início o trabalho de elaboração do PAT Xingu, resultado do projeto Pró-Espécies: Todos contra a Extinção. A ação, coordenada pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e tem o Funbio como agência implementadora e o WWF-Brasil. A agência executora, procura alavancar iniciativas para reduzir as ameaças e melhorar o estado de conservação de pelo menos 290 espécies categorizadas como Criticamente em Perigo e que não contam com nenhum instrumento de conservação.
As descobertas reforçam a importância de estudar as espécies, principalmente as classificadas como ameaçadas, para levantar dados e informações que fomentem ações como a do Pró-Espécies. Segundo o professor, o Pseudoescorpião foi outro animal encontrado, mas não é a espécie ameaçada que trata o projeto Pró-Espécies. O Troglobius brasiliensis é um Collembola criticamente ameaçado de extinção.
Texto: Severino Lopes (com informações de Eco 21)
Fotos: Divulgação/Arquivo pessoal
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