Professor do curso de Jornalismo lança biografia do artista plástico polonês Maciej Antoni Babinski

17 de julho de 2025

Um polonês que fugiu da Segunda Guerra Mundial, morou no Canadá, mudou-se para o Rio de Janeiro, passou por Brasília, São Paulo, Minas Gerais e, desde a década de 1990, habita o interior cearense. Eis um breve resumo do “Meu vizinho Babinski”, um dos mais recentes lançamentos da Editora da Universidade Estadual da Paraíba (EDUEPB). O livro conta a história de Maciej Antoni Babinski.

“Meu vizinho Babinski” é o novo livro do professor o curso de Jornalismo da UEPB, Jurani Clementino. “O meu desejo de escrever sobre o Babinski é antigo. Ele passou a viver no Ceará há 34 anos. E eu sempre achei curiosa a presença dele ali. Mas só retomei esse projeto recentemente, quando levei um amigo para conhecê-lo. Propus biografá-lo e tanto ele quanto a Lídia toparam. Daí comecei a pesquisa”, conta Jurani. Babinski tem hoje 94 anos e reside com a esposa Lídia no Sítio Exu, zona rural de Várzea Alegre (CE).

O livro foi resultado de meses de dedicação diária, diversas visitas e entrevistas feitas na casa do polonês, consulta a livros, artigos, documentos, recortes de jornais, cadernos especiais sobre o artista plástico, entrevistas com amigos, ex-colegas de trabalho, vizinhos, filhos, críticos de arte. Tudo com o objetivo de traçar o percurso da Polônia até o Ceará.

Sobre a obra
Ao todo são mais de 300 páginas, com vasto material iconográfico: telas, fotos e arquivos pessoais. Para a realização da pesquisa, o professor Jurani contou com o apoio da EDUEPB, por meio do professor Cidoval Morais, diretor da editora, que acreditou no projeto. “Babinski tem uma história muito bonita com o Semiárido nordestino. E Jurani tem uma escrita leve e envolvente. Com uma riqueza de detalhes que impressiona e nos faz viajar imaginando o que ainda não foi dito”, comentou Cidoval.

O prefácio do livro é de autoria de Bruno Gaudêncio, professor, membro da Academia de Letras de Campina Grande e doutor em História Social pela Universidade de São Paulo (USP). “Este livro não se propõe a ser apenas mais uma biografia. Pelo seu caráter íntimo, aproxima-se daquilo que Sérgio Vilas Boas chama de metabiografia, quando o biógrafo se coloca na narrativa. E com essa missão “Meu Vizinho Babinski” acaba por mergulhar na alma de um artista que, como um pássaro errante, voou por diferentes céus, provou diversos sabores e encontrou, no coração do Ceará, o porto seguro para sua arte e para seu espírito. E é através da pena habilidosa de Jurani Clementino, um escritor que conhece como poucos os segredos e os encantos do sertão, que essa história ganha vida e nos transporta para um universo de cores, sons e emoções”, escreve Bruno.

O escritor Thélio Farias, presidente da Academia de Letras de Campina Grande e biógrafo de Pedro Américo, comentou sobre o novo livro de Jurani: “Clementino escreve também suas recordações pessoais e a relação com Babinski. É uma memória de sua própria vida e um registro do Ceará-natal do autor e do Ceará adotivo do artista, do seu tempo e de sua época, numa prosa leve ao estilo da francesa Annie Ernaux, prêmio Nobel de Literatura 2022, mesclado com evocações dos “galos, noites e quintais”, das conversas, vivências, tradições e experiências do interior nordestino, que Jurani tão bem desenha em suas linhas da sensibilidade e sapiência”.

Pesquisa e escrita


Durante o período de pesquisa e a fase da escrita, o autor contou com o apoio do professore Cidoval Morais, da ex-professora da UEPB e hoje docente na Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), Michele Wadja, e Marilda Menezes, da Universidade Federal do ABC (UFABC), que leram os primeiros rascunhos e fizeram observações importantes para o trabalho; além do biógrafo e jornalista Lira Neto, que sugeriu leituras e indicou reportagens feitas por ele com Babinski ainda nos anos de 1990. A revisão textual ficou por conta da jornalista e acadêmica do curso de Direito, Fabrínia Almeida. Toda o trabalho de pesquisa contou com a parceria indispensável da esposa de Maciej Babinski, Lídia Babinski. “Sem ela, nada disso existiria”, afirmou Jurani.

Entre as pessoas entrevistadas para esse livro estão, além de Lídia e Babinski, a ex-aluna, artista plástica e amiga, Gisel Carriconde; a colega de departamento, na época da Universidade de Brasília (UnB), Cintia Falkembach; os filhos Aniel Babinski e Daniel Babinski; a curadora de arte Dodora Guimarães; o médico e amigo, Drauzio Varela; a empresária e amiga Eugênia Maia, entre outros.

Este é o décimo livro do professor Jurani e sua segunda biografia. A primeira foi sobre o compositor José Clementino do Nascimento, parceiro de Luiz Gonzaga e autor de vários sucessos do artista. “Este livro é um projeto que carregava comigo há muitos anos, desde quando o polonês decidiu abandonar os grandes centros e se isolar em Várzea Alegre. Estou feliz que tenha conseguido e espero que esse meu olhar sobre a trajetória dessa figura importante das artes plásticas do Brasil e do mundo agrade aos leitores. O objetivo do trabalho é entender os motivos que levaram o polonês a se mudar para o Cariri cearense e de que forma aquele espaço influenciou na sua produção artística”, explicou o autor.

“Meu Vizinho Babinski” já se encontra disponível, em sua versão digital, e no site da editora da Universidade Estadual da Paraíba. A expectativa é que no final de agosto, o livro físico seja lançado no Barracão Cultural, em Várzea Alegre (CE). Você pode baixar o livro pelo site da EDUEPB.

Foto: Divulgação