Professora de fotografia da UEPB dá dicas de produção fotográfica em casa durante período de isolamento social
Ficar a maior parte do tempo em casa tem sido uma realidade para muitas pessoas que estão em isolamento social, em decorrência da pandemia provocada pelo novo coronavírus. Como uma reação ao sentimento de solidão, a professora de fotografia do Curso de Jornalismo da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), Agda Aquino, resolveu transformar seu perfil no Instagram (@agdaaquino) em uma espécie de sala de aula expandida.
“Resolvi, a princípio, me lançar o desafio de testar, exercitar e postar minhas experiências fotográficas em casa, explicando o passo a passo. Era uma forma de pensar e criar a arte em meio à insegurança gerada pela nova realidade. Com o tempo, mais e mais pessoas foram aderindo ao projeto e replicando as dicas dos tutoriais que ensino”, conta a professora, que posta pelo menos um tutorial por dia na sua conta da rede social.
Hoje, o perfil da docente já conta com mais de 30 fotos criativas e feitas em casa, usando tanto o celular quanto a câmera. “A maioria das fotos dá pra fazer com celular. Sempre indico isso na postagem. Também sugiro aplicativos gratuitos e detalho o passo a passo para realização das fotos, com imagens do processo de produção e explicação no texto”, destaca.
Os objetos utilizados para as fotos podem ser os mais inusitados do ambiente doméstico: um escorredor de macarrão, um pisca-pisca natalino, uma pilha de livros, um espelho, uma parede colorida ou mesmo o box do chuveiro. “A ideia principal é mostrar para as pessoas que é possível ser criativo nas fotografias com objetos do cotidiano”, salienta Agda.
Nas imagens existem dicas simples de composição, iluminação e lentes feitas com o olho mágico da porta até opções mais complexas, que exigem um pouco mais de tempo e de ajuda em casa também. “Meu marido também é professor de fotografia. Então eu conto com ajuda especializada na hora de realizar algumas das minhas ideias. Mas a maioria das fotos dá pra fazer sozinho ou com ajuda simples de um membro da família”, detalha a professora.
Portadora de asma, a docente faz parte do grupo de risco de complicações de saúde caso contraia a Covid-19. Por isso, seu isolamento, junto com sua família, já passa de um mês. As dicas de fotografia acabaram se tornando um alívio em meio à incerteza imposta pela nova situação social. “Tenho pouco tempo para executar as fotos, pois estou escrevendo uma tese e ainda cuido da minha filha de quatro anos que também está 24 horas em casa. Mas a hora de pensar e fazer as fotos acaba sendo um divertimento em família, além de um exercício para minha área de atuação”, revela Agda.
Cursando Doutorado em Educação, onde desenvolve tese sobre o ensino de fotografia nos cursos de Jornalismo do Brasil, Agda Aquino conta como as “selfies” se tornaram um fenômeno social. “A popularização do acesso à internet e o desenvolvimento cada vez maior e mais acessível a equipamentos fotográficos, inclusive nos celulares, fomentou esse desejo de se mostrar e de ser visto pelos outros. No Brasil, as fotografias de si mesmos, também conhecidas como autorretratos, compõem o maior número das produções fotográficas para as redes sociais”, ressalta a docente.
Ela acredita que seja esse o motivo da popularização do seu projeto, intitulado #selfiesdaquarentena. “As pessoas transferiram para as redes sociais boa parte da sua convivência social. Dessa forma, elas querem ver os outros e também serem vistas. Nada melhor, então, do que produzir imagens de qualidade visual diferenciada, com as coisas que tem em casa mesmo”, explica Aquino.