Professora do Câmpus VIII integra projeto vencedor do Prêmio Nature para Mulheres Inspiradoras na Ciência
O prêmio “Mulheres Inspiradoras na Ciência”, concedido pela editora britânica Nature, veio para uma iniciativa brasileira, a Parent in Science, pelo trabalho desenvolvido na sistematização de dados e luta pela implantação de políticas de apoio às mães na academia. Faz parte da iniciativa a professora da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), Alessandra Brandão, do Centro de Ciências, Tecnologia e Saúde, Câmpus VIII, localizado em Araruna.
Em uma cerimônia virtual, o anúncio do prêmio aconteceu nesta quinta-feira (28) e o Parent in Science venceu na categoria Science Outreach, pela primeira vez concedido a um grupo brasileiro. O prêmio é uma parceria da editora Nature com a empresa Estée Lauder, cujo objetivo é celebrar e apoiar as conquistas das mulheres na ciência e de todos aqueles que trabalham para encorajar meninas e jovens mulheres a se envolverem e permanecerem na ciência.
“Estou muito empolgada com esse prêmio. É uma oportunidade de trazer mais visibilidade para este tipo de ação. Nosso objetivo é trabalhar ainda mais para equalizar o ambiente científico para as mães e cientistas”, declarou a professora Alessandra Brandão. Com a premiação, o movimento ganhou US$ 40 mil, além do convite para apresentações e mentorias na empresa Estée Lauder.
A professora Alessandra comentou que havia uma planilha prévia de ações, mas a organização ainda irá se reunir e discutir como e onde investir o valor do prêmio, que provavelmente será aplicado no Programa Amanhã do Movimento Parent in Science, de incentivo à conclusão da pós-graduação. O programa visa garantir a permanência das alunas mães em cursos de pós-graduação.
O Movimento Parent in Science surgiu em 2016 com a missão de mudar a forma como a parentalidade, e mais especificamente a maternidade, é percebida na área acadêmica, lutando por um ambiente científico mais igualitário, diverso e justo.
Pesquisas e ações
O Parent in Science já realizou pesquisas que demonstraram os impactos da maternidade na carreira das cientistas no Brasil, além de incentivar o desenvolvimento de políticas de apoio às mães cientistas, levando em consideração a intersecção com raça e todos os demais aspectos que impactam a maternidade. O movimento é formado por 17 pesquisadoras no núcleo central, porém, em 2019, teve uma expansão, englobando atualmente 72 embaixadoras de diversas universidades brasileiras.
As embaixadoras têm contribuído para criação de grupos de trabalho locais e para a proposição e implementação de políticas de apoio às mães e de enfrentamento à desigualdade de gênero na ciência. Em 2020, o movimento expandiu internacionalmente, através da fundação do Parent in Science Colombia, em parceria com cientistas colombianas.
Dentre as ações do Parent in Science, estão o pedido de inclusão do campo de licença-maternidade na plataforma do Currículo Lattes. A campanha #maternidadenoLattes ganhou força nas redes sociais e na grande mídia juntamente com uma carta assinada por diferentes sociedades científicas brasileiras em junho de 2018. Em abril de 2021, após quase três anos de negociações, o CNPq incluiu oficialmente a aba “Licenças” nos currículos Lattes, onde pode ser acrescentada a informação da licença-maternidade.
Nestes últimos anos, o movimento tem também compilado iniciativas de apoio à maternidade nas instituições de pesquisa e ensino superior, e incentivado que estas iniciativas sejam amplamente adotadas. O cenário acadêmico brasileiro é meio de muita discriminação de gênero e raça, o que foi ainda mais agravado durante a pandemia. Por exemplo, dados do Parent in Science mostraram que somente 10% das pós-graduandas mães negras estavam conseguindo avançar nas suas dissertações e teses durante o período inicial de isolamento social.
A partir disso surgiu o Programa Amanhã, que através de um financiamento coletivo, arrecadou mais de 120 mil reais. Este valor foi utilizado para apoiar financeiramente 28 mães nos meses finais de suas pós-graduações, a maioria mulheres negras ou indígenas e mães solo. Assim, a missão e as ações do Parent in Science focam no desenvolvimento de uma ciência mais justa, diversa e inclusiva.
Para saber mais sobre o Parent in Science acesse os perfis @parentinscience no Instagram e Twitter, ou o site do Prêmio Nature.
Texto: Juliana Rosas
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