Programa de Residência Pedagógica supera desafios do ensino remoto para a formação de professores
O Programa de Residência Pedagógica da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) tem como meta fortalecer, ampliar e consolidar a relação entre universidades e escolas. Assim, como em outros lugares, estudantes e docentes da Instituição têm enfrentado os desafios que a pandemia de Covid-19 e aulas virtuais trouxeram para o processo de ensino-aprendizagem, mas que estão sendo superadas por docentes e alunas da UEPB que relataram suas experiências ao longo dessa nova realidade pedagógica.
A professora Tatiana Fernandes Sant’anna coordena o projeto de Língua Portuguesa do Câampus I da UEPB na Residência Pedagógica e, desde o ano passado, as atividades do Programa estão sendo realizadas de modo remoto. “A residência não tem nenhum propósito em mudar o planejamento da escola. A meta é manter o que já vem sendo trabalhado em determinada instituição, pois o aluno residente precisa ter contato com a realidade concreta. É aí que a Residência Pedagógica se diferencia um pouco do Estágio Supervisionado. Neste, o aluno apenas ministra as aulas. Já os residentes têm contato com conselhos de classe, reuniões de pais, de departamento, dos professores, reuniões semestrais da escola. Eles de fato vivenciam o funcionamento da escola como um todo”, explicou Tatiana Fernandes.
Neste ano de 2021, a docente da UEPB e seu grupo de residentes trabalharam com a possibilidade do possível retorno das aulas presenciais, a pedido da própria escola CEAI Dr. João Pereira de Assis, que faz parte da Rede Municipal de Ensino de Campina Grande, e com a preceptora, professora Ana Cláudia Soares Pinto. As aulas de Língua Portuguesa deste ano, ministradas a alunos do 7º e 9º anos, abarcam gêneros textuais, como depoimento, entrevista, artigo de opinião. As atividades sugeridas acabaram envolvendo também pais e familiares dos alunos, relatando suas opiniões.
Daí surgiu a ideia da turma de editar um vídeo com os depoimentos e entrevistas dos alunos como a atividade final de socialização. No vídeo, os estudantes aparecem dando depoimentos sobre sua experiência com relação às aulas remotas durante a pandemia, bem como entrevistando familiares. Antes disso, houve aulas sobre o conteúdo, histórico de pandemias e estatísticas da doença no Brasil.
As opiniões dos alunos e seus familiares são díspares. Alguns gostam da modalidade remota, outros não. A maioria relata dificuldades, especialmente no início, e como foi o processo de adaptação. Mas alunos e pais, em sua maioria, apesar de preferirem aulas presenciais, reconhecem o risco que aglomerações podem causar. O processo de adaptação foi percebido pelos professores e residentes. “Ano passado, poucos alunos assistiam às aulas, numa média de menos de oito alunos. Hoje, vemos turmas com cerca de 20 alunos assistindo às aulas concomitantemente. Percebemos uma adesão bem maior, alunos mais interessados em participar. Eles começam a encarar que o ensino híbrido pode ser uma realidade”, relatou a professora Tatiana.
Residentes encontram nova realidade
Assim como os professores universitários e alunos mais jovens, os estudantes de graduação também ficaram apreensivos com a pandemia e as adaptações que tiveram que fazer muito rapidamente. “Inicialmente eu estava muito receosa em me inscrever para a residência pedagógica, justamente pelas tensões e incertezas que estávamos e ainda estamos vivenciado nesse período pandêmico. Pensávamos que devido às circunstâncias nem haveria o processo de seleção, até porque não poderíamos frequentar as escolas de ensino básico, pelo menos não presencialmente, e o modelo remoto ainda era uma experiência extremamente nova para algumas realidades e para nós estudantes de graduação”, relatou Isabelly Karoline da Silva Miguel, estudante do 7º período do curso de Letras da UEPB.
A graduanda também foi integrante do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) de 2018 a 2020, atuando em uma turma do Ensino Médio, o qual Isabelly relata como uma grata experiência. Esta foi em um período antes da pandemia e com aulas presenciais. Podendo comparar as duas experiências, a aluna relata que a Residência Pedagógica lhe deu mais autonomia e nesta há uma maior interação com o ambiente escolar e outros públicos da escola além dos alunos, como professores, pais, funcionários.
Wanessa Rayanne Souza, graduanda do 8º período de Letras, Câmpus I, relata que durante sua experiência na Residência Pedagógica, acabou superando muita coisa, inclusive o medo. Desde a seleção do edital para a Residência, bem como contatos com a escola e conselhos, tudo foi feito de maneira remota, algo novo para todos, mas ao fim, relatado como um desafio positivo. “O medo e a ansiedade era por ser uma experiência nova. Era por dar aula para o computador, onde alunos eram apenas nomes. O desafio foi conquistar a confiança e participação dos alunos”, disse Wanessa. Ela também foi uma das editoras do vídeo em que a turma de residentes reuniu depoimentos e atividades dos alunos.
Um dos objetivos do programa Residência Pedagógica é promover sinergia entre a entidade que forma e a que recebe o egresso da licenciatura, estimulando o protagonismo das redes de ensino na formação de professores. Tal elemento pode se tornar muito difícil remotamente, mas também prepara para futuras mudanças.
A professora Tatiana Fernandes afirma que não é a favor que as aulas sejam ministradas 100% a distância. Mas é natural que, do mesmo modo que eram passadas atividades em sala ou para casa, algumas ações sejam realizadas a distância, como hoje são feitas pelos alunos sozinhos e enviados por e-mail ou outra plataforma virtual aos professores. “É tendência que o ensino presencial volte. Mas há uma inclinação para o ensino híbrido, pela própria distribuição escolar sugerida pelo Ministério da Educação (MEC)”, disse Tatiana.
Texto: Juliana Rosas
Fotos: Reprodução Sala Virtual
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