Projeto Cultura nas Escolas Públicas leva cursos de arte para instituições de ensino estaduais de Campina Grande
Descentralizar as atividades é uma meta da Pró-Reitoria de Cultura (PROCULT) da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), desde sua criação. A ideia é sempre ampliar o alcance das práticas culturais, na perspectiva não apenas de fruição em se tratando de Arte, mas de incentivar o conhecimento e a profissionalização. E, recentemente, mais um passo foi dado nesse sentido com o projeto “Cultura nas Escolas Públicas”, que prevê o desenvolvimento de iniciativas junto aos estudantes das instituições estaduais, nas diversas modalidades oferecidas pela UEPB. O objetivo é preencher os espaços dos componentes eletivos e dos horários disponíveis nas escolas contempladas.
A primeira sede da ação, que começou no mês passado, foi a Escola Cidadã Integral Estadual Dr. Hortênsio de Sousa Ribeiro (ECI-PREMEN) e estavam à frente dela o pró-reitor de Cultura, professor José Cristóvão de Andrade; o docente do Centro Artístico Cultural (CAC), Luizinho Calixto; e o diretor do Grupo de Tradições Populares Acauã da Serra, professor Agnaldo Barbosa. Por parte da escola, os coordenadores foram a professora de Arte Maria Goretti Maciel dos Santos Araújo, a docente de Filosofia Gerusa Mateus Gomes Araújo e o gestor escolar Elbert Chaves de Assis Catão.
O “Cultura nas Escolas Públicas” almeja percorrer 10 instituições do município até novembro, beneficiando ao menos 500 alunos, com os cursos ofertados pelo CAC. De acordo com o professor Andrade, o plano é estender essas práticas aos locais em que há campus da UEPB e núcleos de cultura, aumentando o apoio da Instituição no estímulo à criatividade e incentivando o acesso da comunidade aos instrumentos de sua produção.
“A UEPB tem tradição quando se fala em manter um diálogo participativo com as escolas e unir forças, continuamente, no intuito da inclusão e da construção do saber. A PROCULT já vem realizando atividades semelhantes e tais ações reforçam esse compromisso. Um dos nossos objetivos é justamente fazer uma ponte, entre a excelência dos trabalhos que temos no CAC e a juventude das escolas, em especial nesse período pós-pandemia, ressaltando a importância da cultura para a vida”, disse Andrade.
O pró-reitor de Cultura acrescentou que vários alunos se identificaram com a proposta, demonstrando inclinação para o fazer musical. “Conforme formos adicionando outras práticas, na esfera do teatro, da dança, das artes plásticas e das demais expressões artísticas que a UEPB oferece no CAC, gratuitamente, vamos descobrindo essas aptidões nos participantes”, explicou.
Imersão na cultura musical regional
No PREMEN ocorreram três encontros, com a oficina denominada “Histórias e Memórias do Fole de Oito Baixos”, ministrada por Luizinho Calixto. E, para a professora Maria Goretti, a experiência tem proporcionado uma verdadeira imersão na cultura musical da região. “Contribui enormemente no processo de ensino e aprendizagem dos estudantes, possibilitando o estímulo às habilidades artísticas, complementando a formação escolar e valorizando a arte. É uma grande alegria receber e poder prestigiar grandes nomes da nossa cultura, colaborando para a edificação intelectual dessa atual geração estudantil, através da música”, pontuou.
Goretti enfatizou que o “Cultura nas Escolas Públicas” representa um pontapé para o gosto, respeito e disseminação relacionados às práticas artísticas locais. “Por vários fatores, é um momento de alegria para escola, a exemplo do fato de acontecer na rotina da grade pedagógica, portanto, em meio às atividades cotidianas, onde está sendo produzido conhecimento sobre a nossa gente. Pode, paralelamente, oportunizar expectativas, um aprofundamento para a carreira musical”, ressaltou.
A professora endossou, ainda, que o projeto fortalece abordagens com o viés do lúdico, nos estudantes, para uma melhor compreensão da coletividade, permitindo-os sentir, agir e interagir por meio das diferentes manifestações artísticas. “E tudo isso favorece a leitura, a interdisciplinaridade, a contextualização, a socialização e a criação, trazendo à tona valores que unem a educação e a sociedade, no intento de formar cidadãos autônomos, solidários e competentes”, concluiu.
Histórias e Memórias do Fole de Oito Baixos
Dono de uma extensa participação nas ações da Universidade relativas à Música, Luizinho externou sua alegria pelo trabalho realizado. “É gratificante e fiquei envaidecido com o convite. Foi a primeira vez que estive em algo semelhante, em uma escola pública. Me impressionou sobretudo a atenção, o grande interesse dos alunos e isso é fundamental, tendo em vista a relevância do instrumento. Luiz Gonzaga começou sua trajetória profissional tocando a sanfona de oito baixos, ela foi o primeiro instrumento de Dominguinhos e Sivuca, então, para o instrumentista de todo o Brasil, a sanfona de oito baixos é um tesouro, mas, para aqueles que são do Nordeste, o peso dessa tradição é ainda maior”, salientou.
O professor Agnaldo Barbosa, sempre presente nos eventos da UEPB vinculados às danças populares, destacou que já nas primeiras atividades foram encontrados estudantes com certa familiaridade, referente aos instrumentos que integram alguns dos cursos do Centro Artístico, a exemplo de violão e trompete. “Foi bastante satisfatório ver a empolgação deles e como gostaram da novidade. São transmitidos conhecimentos históricos, ritmos e a contextualização envolvida nesses saberes. Vamos dar continuidade ao projeto para que os resultados sejam obtidos lá na frente, é um investimento cultural que a gente faz, na certeza de que uma semente está sendo plantada. Em breve será iniciada uma nova etapa, desta vez com outros professores”, explanou.
Texto: Oziella Inocêncio
Fotos: Divulgação
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