Projeto da UEPB empreende campanha junto às autoridades políticas para atender população vulnerável
Fome, falta de recursos e impossibilidade de trabalhar. Essas são apenas algumas das dificuldades vivenciadas por diversas populações vulneráveis em todo o país atingidas pelos desdobramentos econômicos e sociais decorrentes da situação de pandemia. Uma parcela desse público, os catadores de recicláveis do estado da Paraíba, têm sido amparados pelo projeto de extensão “Mobilização, inclusão e formação de catadores/as de materiais recicláveis da cidade de João Pessoa: uma experiência necessária”, vinculado ao Câmpus V da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), que atua desde 2013 junto a essa parcela da sociedade.
Desde o início da pandemia, a equipe do projeto, que é coordenado pela professora Maria de Fátima Araújo, tem empreendido esforços no sentido de acompanhar a situação dos catadores e buscar alternativas de amparo a essa população. Recentemente, foi lançada a campanha “SOS Catadores”, que visa arrecadar alimentos, Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e outros donativos que estão sendo encaminhados para os catadores cadastrados no projeto.
Os interessados em realizar doações podem deixar os donativos no prédio do Câmpus de João Pessoa, localizado à Rua Horácio Trajano de Oliveira, Cristo, e no hall do prédio da administração central, localizado à Rua Baraúnas, 351, bairro Universitário.
Articulações junto aos poderes estatais
Recentemente, a partir da articulação junto à Secretaria de Desenvolvimento Humano e Social (SEDHS) do Governo do Estado da Paraíba, foram arrecadadas 450 cestas que foram entregues às famílias de catadores das cooperativas Astramare I e Astramare II, Associação Acordo Verde I e Acordo Verde II, Catavale, Catalivre, Ascamang, Ascare Bessa I, Ascare Bessa II, Núcleo de Catadores do Timbó, Núcleo de Catadores de São Rafael, Núcleo de Catadores de Santa Clara e Astrec – Cabadelo.
Também foi aprovado, a partir da provocação da representante jurídica do projeto da UEPB, a professora Martha Simone Amorim Soares, junto à mesa diretora da Assembleia Legislativa do Estado da Paraíba (ALPB), o projeto de indicação de autoria do deputado Raniery Paulino que solicita a implantação, com urgência, por parte do Governo do Estado, do Programa Estadual de Incremento à Renda dos Catadores e Catadoras da Paraíba.
Na mesma direção, também foi aprovado o Projeto de Lei que institui o Cadastro Estadual dos Catadores e a Carteira Estadual do Catador e da Catadora do Estado da Paraíba. A iniciativa tem a finalidade de identificar os catadores e, a partir disso, promover ações que possam facilitar a realização de ações de amparo a esse público. Em breve também estará em pauta na Assembleia Legislativa a inclusão dos catadores dentre as prioridades do plano estadual de vacinação.
“Os catadores, assim como todos os trabalhadores informais, estão passando por momentos muito difíceis, precisando de ajuda porque passaram muito tempo impedidos de trabalhar por conta dos decretos destinados à contenção da propagação da Covid-19. Muitos não têm como pagar pela moradia, outros sequer têm o que comer. Então, organizamos uma lista de cadastro desse público e estamos realizando uma triagem separando por ordem de necessidade para atendê-los com as doações que estão chegando. Nossa meta é, a partir de maio, adquirir mensalmente, pelo menos 500 cestas mensais para serem entregues todos os meses até dezembro de 2021”, explica a coordenadora do projeto, professora Fátima Araújo.
A professora Martha Simone lembra também que a equipe do projeto vem realizando diversas articulações junto ao Governo do Estado, Prefeitura Municipal de João Pessoa, Ministério Público do Estado, no sentido de pensar em iniciativas que possam ser adotadas para permitir o combate a essas dificuldades enfrentadas pelos catadores.
Situação preocupante
Segundo números projetados pela FGV, entre agosto de 2020 e fevereiro de 2021, cerca de 17,7 milhões de pessoas voltaram à pobreza, apesar do retorno do programa Bolsa Família. Em 2019, antes da pandemia, 10,97% da população recebia menos de R$ 246,00 por mês. Com o pagamento do auxílio emergencial pelo Governo Federal, esse dado de pobreza caiu para 4,54% (o que representa cerca de 9,5 milhões de brasileiros). Já em fevereiro de 2021, com o fim do benefício governamental, o número cresceu e ficou ainda maior: 12,83% ou seja 27,2 milhões de pessoas na pobreza.
A situação atual é bastante preocupante, apesar das medidas governamentais para minimizar os efeitos do desemprego e da fome, a exemplo da distribuição de cestas básicas, o fato é que catadores e catadoras passam muitas dificuldades, desde a falta de alimentação, gás de cozinha, material de higiene, entre outros.
Texto: Juliana Marques
Fotos: Divulgação
Você precisa fazer login para comentar.