Projeto de extensão de Fisioterapia acompanha a saúde do idoso com plataforma que usa inteligência artificial
A população mundial está envelhecendo. No Brasil, não é diferente. Formas de melhorar a saúde desta parcela crescente da população faz-se cada vez mais necessário. O projeto de extensão “Avaliação e acompanhamento da saúde do idoso” (PEATI), da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), atua há um ano em parceria com o Núcleo de Tecnologias Estratégicas em Saúde (Nutes) observando a saúde de idosos através da aplicação de testes, escalas e da plataforma Sênior Saúde Móvel.
Esta é uma plataforma integrada a sensores vestíveis, que dá aos profissionais e pesquisadores participantes do PEATI informações individualizadas de cada idoso. O projeto é coordenado por Giselda Felix Coutinho, professora do Departamento de Fisioterapia; gerenciado pela mestranda em Fisioterapia, Rhuana Emmanuely Braga Carneiro; participação da extensionista de Fisioterapia Maria Letícia Farias Neves, em parceria com o Nutes, que desenvolve pesquisas como as da Sênior Saúde Móvel, coordenado pelos pesquisadores Paulo Eduardo Barbosa e Eujessika Katielly Rodrigues Silva.
No projeto também são realizadas oficinas, exames de espirometria e intervenções que buscam prevenir e promover a saúde através de atividades de interações sociais entre os participantes. O PEATI teve início enquanto projeto de extensão em abril deste ano e desde o início teve parceria com o Nutes, utilizando a plataforma Sênior Saúde Móvel. Esta, no entanto, começou a ser utilizada já em 2019.
Rhuana informa que cerca de 20 pessoas participam da iniciativa, todos residentes do condomínio Cidade Madura, em Campina Grande e gerido pelo Governo do Estado. Eles são escolhidos entre aqueles que desejam utilizar o relógio inteligente vestível e assinam o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) da pesquisa. O TCLE é o documento mais importante para a análise ética de um projeto de pesquisa. Pela legislação brasileira, o TCLE é o documento que garante ao participante da pesquisa o respeito aos seus direitos. A fisioterapeuta afirmou que os idosos estão cientes dos dados coletados pelo programa. “Eles recebem um relatório em papel com todas as descrições e a equipe responsável explica ao paciente os pontos os quais eles precisam melhorar, como forma de incentivo para aperfeiçoamento dos seus dados de saúde”, disse Rhuana.
Os dados de atividade física coletados pela plataforma são a quantidade de passos diários, minutos ativos, frequência cardíaca e gasto calórico, além de dados do sono. “O projeto, junto à equipe da Sênior Saúde Móvel, além de fazer o trabalho de acompanhamento, está realizando o exame de espirometria com os idosos e realizando atividades de promoção de saúde e convivência entre eles. Nos meses que se seguem, será realizado uma oficina de interação dos idosos com a tecnologia, como o manuseio dos seus celulares tirando dúvidas e ensinando funções do dia a dia para melhoria da interação com seus amigos e familiares”, explicou Rhuana Braga.
O PEATI é objeto da dissertação da mestranda. Como ela mesmo comentou, “estamos caminhando juntos: o PEATI, minha dissertação e o acompanhamento da Sênior Saúde Móvel”.
Sênior Saúde Móvel
Em busca da melhoria na qualidade da assistência à saúde do idoso em meio à pandemia, pesquisadoras e estudantes da UEPB desenvolveram o serviço de telemonitoramento e fisioterapia para pacientes da terceira idade, por meio da plataforma Sênior Saúde Móvel, desenvolvida no Laboratório de Computação Biomédica do Nutes.
A plataforma usou a tecnologia e a inteligência artificial para acompanhar remotamente as atividades desenvolvidas pelos idosos durante o período de distanciamento social. A plataforma permitiu compreender melhor como os idosos estiveram em confinamento, seus hábitos e qualidade do sono. A Sênior Saúde Móvel dispõe de tecnologias para acompanhamento remoto que otimizam ainda mais as seções de fisioterapia.
O paciente é motivado a buscar hábitos de vida mais saudáveis com essas aplicações, recebendo monitoramento em tempo real pela equipe de profissionais que operam a tecnologia. Assim, o idoso é motivado a tornar-se corresponsável por sua evolução terapêutica.
Cidade Madura
O Programa Habitacional Cidade Madura é um projeto pioneiro no Brasil com o objetivo promover o acesso da pessoa idosa à moradia digna, equipamentos para a convivência social e lazer. É um condomínio que segue as normas de acessibilidade para o público idoso e contempla as necessidades das pessoas idosas, inclusive cadeirantes. Atualmente, há no estado seis condomínios Cidade Madura, localizados nos municípios de João Pessoa, Campina Grande, Cajazeiras, Sousa, Patos e Guarabira.
Paraíba com mais idosos
De acordo com dados do Censo Demográfico 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados no último mês de outubro, a Paraíba é o estado com a maior população idosa do Nordeste. O índice de envelhecimento da Paraíba, em 2022, era de 53. Isso significa que para cada 100 crianças, há 53 idosos no estado. Em 2010, o IBGE registrou o índice de 33,8. No Censo de 2010, o IBGE registrou um total de 343.300 pessoas com mais de 60 anos na Paraíba. O número aumentou 79% no Censo 2022, chegando a 615.328 idosos.
Tais dados mostram que o estado terá que continuar promovendo diferentes políticas públicas, nas áreas de saúde, segurança, transporte e residência para uma população cada vez mais envelhecida. Por parte da pesquisa e da extensão, a UEPB mostra, com o exemplo do PEATI, do Sênior Saúde Móvel e outros, como a Universidade Aberta à Maturidade (UAMA), que está no caminho certo.
Texto: Juliana Rosas
Fotos: Divulgação/Arquivo Pessoal
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