Projeto “Doutores do Sorriso” completa 20 anos de atuação no Câmpus de Campina Grande e 10 anos em Araruna

Projeto “Doutores do Sorriso” completa 20 anos de atuação no Câmpus de Campina Grande e 10 anos em Araruna
24 de outubro de 2023

O projeto de extensão “Doutores do Sorriso” está comemorando um duplo aniversário em 2023. Surgido no curso de Odontologia do Câmpus I, em Campina Grande, da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) há 20 anos, há 10 ele atua também no Câmpus VIII, em Araruna. Ao longo deste tempo, promoveu ações de higiene bucal e educação em saúde para milhares de estudantes e dezenas de milhares de pessoas das duas cidades e de municípios circunvizinhos.

A atual coordenadora, professora Andréa Silva, está à frente do projeto há apenas um ano, mas participou do braço do projeto no Câmpus de Araruna, onde também lecionou. A fundadora do projeto, professora Rilva Suely, permaneceu no projeto até se aposentar, no ano passado.

Há 20 anos, Pierre Andrade era estudante de Odontologia em Campina Grande e foi o primeiro a participar do “Doutores do Sorriso”, no Câmpus I. Anos depois, ele torna-se professor do Departamento de Odontologia do Câmpus VIII e cria o projeto de mesmo nome e com as mesmas características, atendendo a população de Araruna. Segundo Pierre, foi sua participação no projeto que o estimulou a fazer mestrado, doutorado e seguir a carreira docente. Pioneiro, tornou-se professor e criou a extensão do projeto noutro Câmpus.

Em Campina Grande, participam atualmente 11 estudantes extensionistas, sendo uma bolsista, Laís Rebeca, discente do 6º período e bolsista do projeto no Câmpus I. Ela teve contato com a ação ainda em seu primeiro período, quando foi aluna da professora Rilva, ex-coordenadora, mas só pôde entrar quando estava no 3º período, permanecendo desde então. “E espero estar por muito anos ainda”, projetou.

Segundo a professora Andréa, apenas neste ano, o projeto atendeu 1.500 pessoas de Campina Grande e região. As visitas são realizadas duas vezes ao mês, em locais distintos. A maior parte do público é infantil e a visitação é realizada em escolas, com montagens de peças teatrais, músicas e escovação supervisionada, contendo sempre materiais lúdicos. Porém, o projeto faz visitas a públicos adolescentes, adultos e idosos. Nestes casos, a dinâmica muda, sendo mais educativa, com palestras, por exemplo. Porém, não importa o grupo, ao final, sempre é entregue um kit de escovação, resultado de parceria com uma empresa nacional.

De acordo com ambos os docentes, o público infantil é sempre o mais interessado, quem mais interage e está mais apto a aprender sobre os assuntos tratados, especialmente sobre a escovação correta. “A maioria das pessoas – e isso inclui estudantes de Odontologia em início de curso, e até eu mesma, bem antes – acha que sabem escovar os dentes. Mas grande parte escova de maneira incorreta, não usa fio dental ou faz a escovação após consumir alimentos ácidos, quando não deve”, explicou a professora Andréa. E são nestas maiores dúvidas que o projeto foca durante as visitas.

“São as crianças as mais interativas, que decoram as músicas, que vêm falar conosco quando nos encontram”, comentou o professor Pierre. E são elas as que tendem a melhor assimilar os ensinamentos, não perder ao longo do tempo e até repassar aos adultos. Em Araruna, participam 15 extensionistas por ano, atendendo cerca de 1.200 pessoas.

Ludicidade
Para Laís, a abordagem diferenciada é um dos pontos fortes e relevantes do projeto, percebido justamente com as crianças. “A gente não só leva informações. Além de distribuir os kits e fazer as ações de prevenção e promoção em saúde, a gente faz isso de uma forma mais lúdica. O maior diferencial do projeto é esse. A ludicidade faz com que as pessoas fiquem mais interessadas, especialmente as crianças”, destacou Laís Rebeca, destacando o aspecto metodológico do projeto.

“Nosso público é principalmente infanto-juvenil. Não dá para a gente fazer palestra para crianças. Então, a gente leva teatro, música, histórias, fantoches, traz a criança para esse mundo, faz com que elas aprendam e se divirtam ao mesmo tempo. E com isso, aumenta a chance de eles gravarem as informações, de mudarem os hábitos, de chegarem em casa e falarem para os pais, para os amiguinhos e perpetuar as informações”, comentou a estudante.

Números
Se somarmos discentes e público, pode-se afirmar que já passaram pelo projeto mais de quatro mil estudantes, que aprenderam ensinando a outros públicos. Do mesmo modo, o projeto levou educação a mais de 40 mil pessoas de Campina Grande, Araruna e cidades próximas. “Creio que o maior legado do projeto é a promoção da saúde por meio da educação”, comentou Andréa Silva sobre os 20 anos do “Doutores do Sorriso”.

É esta a relevância para a Universidade e comunidade, pois levar o acesso para além dos muros da Instituição é justamente o objetivo dos projetos de extensão, como lembrou a extensionista Laís Rebeca, que também relatou desafios. Além da limitação de dias e horários da Universidade e participantes, que, por isso, não conseguem realizar mais visitas. “O desafio principal para quem entra no projeto é lidar com uma realidade muito diferente da que estamos acostumados”, afirmou.

Desafios
“Outro desafio é conseguir adequar a linguagem de acordo com os níveis de educação e nível socioeconômico do grupo que a gente vai atender. Saber lidar com questionamentos e dúvidas que fazem parte da realidade daquelas pessoas. Nem sempre uma orientação que a gente dá a pessoa consegue seguir, porque não faz parte da realidade dela. Às vezes, a gente acha que todo mundo tem uma pasta e uma escova de dentes, mas não é a realidade que a gente encontra nas nossas ações. Esse é o maior desafio: contornar as dificuldades socioeconômicas do grupo que a gente atende e conseguir adaptar as nossas ações para adequarem-se à realidade deles e, dentro da realidade deles, conseguir colocar em prática o que a gente ensina”, relatou Laís.

Aí está posto o desafio não só de um projeto ou de uma universidade, mas da sociedade como um todo. E um exemplo que extrapola os objetivos de um curso da área de Saúde, que acaba lidando também com questões sociais e econômicas. Importância e desafios de um projeto que chega a duas décadas e mostra que o significado de universidade é, além de instituição de ensino destinada a promover formação profissional e científica é, também, “qualidade ou condição de universal”.

Acompanhe o projeto do Câmpus I AQUI,  e do Câmpus VIII AQUI.

Texto: Juliana Rosas
Fotos: Arquivo Pessoal/Divulgação